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Exposições

Capitais da Bossa Nova

 

  • Apresentação

    "A cidade é cesura, ruptura, destino do mundo". Assim Fernand Braudel definiu a experiência urbana como um dos mais revolucionários fenômenos que conhecemos. O significado desse gesto, a afirmação da vontade, a intervenção radical no espaço contínuo da natureza encontra um sentido próprio quando se trata dos núcleos formados na América hispânica e portuguesa. À primeira seria atribuída a preexistência de seus núcleos urbanos, o formato retangular, o risco, a abstração, enquanto aos portugueses caberia a rotina, o acaso; a experiência em lugar do planejamento, o entrelaçamento entre os sítios urbanos e a paisagem. Essa avaliação, que em Sérgio Buarque de Holanda se definiu nas figuras do ladrilhador e do semeador, parece se atualizar quando olhamos para as duas capitais.

    Desde a mudança da sede de Salvador para a urbe carioca, em 1763, passando pela presença da corte joanina, por alguns projetos imperiais, a reforma Pereira Passos e tantas intervenções, a estrutura do Rio de Janeiro e a tradição litorânea foram confrontadas. Sabe-se que por longo tempo ambicionou-se uma capital no interior, até que o governo Kubitschek levasse adiante a obra e o sonho que representou Brasília. Quaisquer que fossem os motivos ou as alternativas possíveis, as discutidas filiações ao Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, afinal se chegou àquele imenso vazio, ao desértico espaço no qual a arquitetura racionalista impôs sua marca.

    No país do desenvolvimentismo saltam das lentes dos fotógrafos um país de pequenas cidades, carros em estradas de terra, massas que se comprimem para saudar Juscelino, grandes obras e o impulso da industrialização. Convivem com esse esforço as cenas das favelas e subúrbios cariocas, as famílias na seca nordestina, o faroeste da Cidade Livre. Nada que fosse paradoxal na trajetória brasileira, marcada pelo desencontro entre modelos, ideias e realidades percebidas.

    O projeto urbanístico de Lucio Costa, as edificações de Niemeyer, o efeito catalisador da construção pertencem a um momento brilhante no Brasil contemporâneo porque era acima de tudo cadenciado pela democracia. Havia antigos sambistas, músicos bossa nova, chanchada e cinema novo, o rádio, a televisão com a qual posou a primeira dama, algumas certezas, esperanças precárias, edificações por terminar, crises políticas adiadas, e tudo que transcorria entre Rio e Brasília, Copacabana e a Esplanada.

    As imagens exibidas foram geradas, em sua maioria, pelas lentes da Agência Nacional e do Correio da Manhã, alternando-se os olhares do órgão oficial e da grande imprensa, encontrando-se em todas o resultado à altura de um tempo que a lógica espacial organizou.

    Cláudia Heynemann
    Curadora

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