Ascensão de JK: revoltas, alianças e um plano para o Brasil
Os três maiores partidos a concorrer às eleições de 1955 nasceram nos estertores do Estado Novo: o Partido Social Democrático (PSD), situado ao centro e que reunia membros da administração pública e forças econômicas afinadas com o varguismo; o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), formado por operários e facções ligadas aos sindicatos; e a União Democrática Nacional (UDN), à direita, atraindo liberais e grupos ligados ao grande capital.
As eleições de 1955 impuseram nova derrota à UDN, cada vez mais articulada a setores civis e militares que pretendiam "varrer" os resquícios do populismo e impedir a penetração de ideias comunistas no Brasil. Para garantir sua posse, JK e Jango contaram com um "golpe preventivo" do general legalista e ministro da Guerra Henrique Lott para deter as manobras de udenistas inconformados com uma vitória que consideravam duvidosa. A conspiração era urdida no interior do próprio governo Café Filho/Carlos Luz, próximo a alguns setores militares como o liderado pelo coronel Jurandir Mamede, que abertamente convocara as forças armadas a impedir a posse dos eleitos.
Juscelino Kubitschek, eleito com o menor percentual de votos da história da República até então, venceu com a ajuda decisiva do interior: paradoxal que pareça, o candidato que pela primeira vez apresentava em campanha um projeto coerente para o desenvolvimento e modernização do país - o Plano de Metas - perdeu as eleições na capital e no centro econômico do Brasil.
Apesar da sua inegável capacidade de conciliação (chegou a anistiar os envolvidos na rebelião militar ocorrida no primeiro mês do seu governo, em Jacareacanga), JK enfrentou a implacável oposição da UDN e da "banda de música" de Carlos Lacerda, tanto na imprensa quanto no Congresso, onde, por não contar com a maioria partidária, teve que constantemente negociar com setores não-lacerdistas da UDN e, sobretudo, contar com o esteio do seu principal aliado, o PTB.