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Exposição

A história em preto e branco: periódicos no Brasil do século XIX

 

  • Apresentação

    Ao contrário da América espanhola, onde a presença de ensino superior e imprensa periódica se deu desde as etapas iniciais da ocupação, a repressão intransigente sobre tentativas de ampliação da educação e difusão de ideias fez-se presente de forma marcante durante todo o período colonial na América portuguesa, a despeito da fundação de academias literárias e do fomento a algumas atividades científicas, intensificadas na segunda metade do século XVIII. Apenas com a transferência da Corte para o Rio de Janeiro (1808) a existência da imprensa tornou-se uma possibilidade concreta. Isso ocorre não apenas devido à chegada da tipografia trazida pelo conde da Barca, mas pelas necessidades de produção de documentação impressa, inerente à burocracia administrativa recentemente implantada.

    O dia da imprensa atualmente é celebrado no Brasil em primeiro de junho, data de inauguração do Correio Braziliense, por muitos considerado o primeiro jornal brasileiro, embora não fosse publicado em território nacional. Explica-se: justamente para escapar da censura implacável da Coroa portuguesa, Hipólito da Costa, dono e editor do jornal, muda-se para Londres, e de lá começa a fustigar o governo recém-instalado na ex-colônia. Considerado órgão áulico, a Gazeta do Rio de Janeiro, um pouco anterior ao Correio, disputa com este a primazia de ser o primeiro órgão de imprensa periódica.

    Seja como for, a despeito do grande atraso em seu surgimento e do analfabetismo quase crônico entre a população brasileira, a imprensa demonstrou ser uma arma valiosa para as elites letradas, que durante a maior parte do século XIX dela se valeram para marcar suas posições, defender suas ideias, atacar os governantes (ou sua oposição...), elogiar reis e rainhas, questionar hábitos, consolidar tradições e instituições, importar novidades, difamar e desmoralizar inovações que consideravam inadequadas, denunciar abusos, encobrir negociatas, trazer para mais perto dos seus leitores o universo dos poderosos, chocá-los com a miséria que não viam e não sentiam e também para ajudar a trazer à tona talentos da literatura nacional e das artes gráficas. Nomes como Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Nabuco, Castro Alves, Ângelo Agostini, Cândido Faria e Bordallo Pinheiro marcaram presença nas páginas dos jornais - os três primeiros na literatura, os outros, na caricatura.

    Além da linha editorial, eles também variavam de tamanho e periodicidade. Nos primeiros anos, muitos deles duravam apenas uma edição. Durante o Segundo Reinado, a imprensa gozou de uma liberdade raramente vista no país, inclusive durante o período republicano. A figura fácil de d. Pedro II tornou-se querida dos cartunistas, e seu governo, pressionado com frequência pela pena venenosa dos jornalistas. Longe da "objetividade jornalística" dos jornais atuais, os periódicos do século XIX se entregavam sem medidas aos seus ideais e paixões, seus interesses e mesquinharias. Muitos abraçaram a campanha contra a escravidão, que cada vez mais nos envergonhava diante do mundo chamado civilizado; e defenderam uma República que, assim que proclamada, passou a perseguir a liberdade de expressão e opinião com um furor que não fora visto nem nos primeiros anos após a Independência, deixando a amarga sensação de traição entre aqueles que haviam usado do dom da palavra para ajudar a trazê-la ao mundo.

    Viviane Gouvea
    Curadora

  • Galerias

    • Da Gazeta à Malagueta, a Aurora da imprensa no Brasil
    • Correio do Rio de Janeiro
    • Gazeta do Ceará
    • O Independente Constitucional
    • Precursor das eleições
    • Astrea
    • Aurora Fluminense
    • Observador Constitucional
    • O Homem de cor
    • Republico
    • A Malagueta
    • Nova Luz Brasileira
    • Simplício Poeta
    • Simplício, o Antigo
    • A Mulher do Simplício
    • Médico dos Malucos
    • Burro Magro
    • Formiga
    • O Buscapé
    • O Sorvete de Bom Gosto
    • O Barriga, capa
    • O Barriga
    • O Çapateiro Político
    • A Marmota
    • Da Gazeta à Malagueta, a Aurora da imprensa no Brasil

      Os primeiros periódicos impressos surgiram no Brasil durante o processo de independência. Em um período em que questões políticas inéditas se colocavam para parcelas da população que jamais haviam sido chamadas a se engajar nos destinos daquilo que ainda estava por ser um país, muitos dos jornais que emergiram no período se propunham a desempenhar um papel didático. Realizando a defesa aberta das suas escolhas políticas - sendo a maior parte delas associada ao constitucionalismo monárquico - os periódicos mais se assemelhavam a folhetos de propaganda do que aos cadernos informativos, como posteriormente seriam caracterizados. Saiba mais

       

      Gazeta do Rio de Janeiro

       

      O jornal era pouco mais que o boletim dos acontecimentos da corte. O exemplar aqui mostrado descreve detalhadamente a coroação de d. João VI. 

      Gazeta do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1818. 

    • Correio do Rio de Janeiro

      O jornal de João Soares Lisboa enfrentou o primeiro processo por abuso de liberdade de expressão no Brasil. Defendia abertamente a independência e, depois desta, a constituinte. 

      Correio do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1822    

    • Gazeta do Ceará

      Embora seja comum a afirmação de que o Diário do Governo do Ceará, do revolucionário padre Mororó, tenha sido o primeiro impresso no Ceará, a existência deste número impresso da Gazeta do Ceará prova que havia um contemporâneo ao jornal da Confederação. 

      Gazeta do Ceará, Fortaleza, 6 de abril de 1824

    • O Independente Constitucional

      A história deste periódico ilustra a utilização da imprensa na luta contra os resquícios de domínio português em solo brasileiro. Nascido entre as trincheiras em Vila da Cachoeira, no Recôncavo, o jornal conclamava os brasileiros a expulsarem os portugueses que se recusavam a entregar o poder após a proclamação da independência. As instalações do jornal seriam transferidas para a capital da Bahia depois da expulsão dos portugueses. 

      O Independente Constitucional, Vila da Cachoeira, 15 de março de 1823.

    • Precursor das eleições

      Um dos primeiros jornais de Minas Gerais. 

      O Precursor das Eleições. Ouro Preto, 1º de setembro de 1828

    • Astrea

      Jornal Liberal, chamado diário da oposição, editado por Antônio José do Amaral e José Joaquim Vieira Souto. 

      Astrea, Rio de Janeiro, 20 de março de 1828

    • Aurora Fluminense

      Fundado em 1827 por José Apolinário de Moraes, Francisco Veldetaro, José Francesco Sigaud, a quem logo se junta Evaristo da Veiga, foi um dos jornais mais longevos e respeitados do período. 

      Aurora Fluminense,Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1830

    • Observador Constitucional

      O jornal, fundado pelo médico italiano Líbero Badaró em 1829, foi um dos primeiros de São Paulo. Badaró é considerado o primeiro mártir da imprensa brasileira, pois foi assassinado em consequência das opiniões que expressava no jornal. Alguns sustentam que o crime ocorreu a mando do imperador d. Pedro I. 

      Observador Constitucional, São Paulo, 18 de junho de 1832

    • O Homem de cor

      Mais um periódico saído das tipografias de Paula Brito, considerado um dos primeiros a defender a causa dos negros no país. Inicialmente chamava-se apenas O Homem de Cor. A partir do terceiro número, ganhou o adendo O Mulato. 

      O Mulato ou Homem de Cor
      , Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1833

    • Republico

      Fundado em 1830 por Borges da Fonseca, advogado paraibano que dedicou a vida ao jornalismo e à defesa das ideias liberais, participando inclusive das revoltas no Rio de Janeiro que culminaram com a abdicação de d. Pedro I, em 1831. Suas ideias radicais podem ser percebidas no sarcasmo devastador com que retrata a monarquia, e na citação ao pensador, considerado radical, Jean-Jacques Rousseau. 

      O Republico, Rio de Janeiro, 20 de novembro de 1830

    • A Malagueta

      De Luiz Augusto May, vivia entre "tapas e beijos" com o poder, até ser empastelado em 1823 e seu dono, espancado. 

      Malagueta, Rio de Janeiro, 16 de março de 1822 

    • Nova Luz Brasileira

      Ezequiel Correia dos Santos publicou este jornal entre 1829 e 1831, em que misturava discussões políticas inflamadas e calúnias. 

      Nova Luz Brasileira, Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1830

    • Simplício Poeta

      Muitos foram os periódicos a tomarem emprestado o nome do Simplício,folha satírica de grande sucesso fundada em 1830 por Antônio José do Amaral. 

      O Simplício Poeta, Rio de Janeiro, 14 de junho de 1831.

    • Simplício, o Antigo

      A matéria principal expõe a rivalidade reinante entre os vários Simplícios

      Simplício, o Antigo. Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1837   

    • A Mulher do Simplício

      Este jornal, da família dos vários Simplícios que surgiram no Rio de Janeiro da primeira metade do século XIX, pertencia a Paula Brito e defendia posições radicais. 

      A Mulher do Simplício ou A Fluminense Exaltada, Rio de Janeiro, 1º de outubro de 1842    

    • Médico dos Malucos

      Mais um exemplo da irreverência reinante, perceptível claramente na escolha dos nomes dos periódicos.

      O Médico dos Malucos, Rio de Janeiro, 9 de julho de 1831

    • Burro Magro

       "A ignorância é mãe do atrevimento", anuncia o pasquim, com uma acidez e ironia típicas das publicações do tipo. 

      O Burro Magro, Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1833    

    • Formiga

      Pouquíssimos exemplares deste jornal, publicado em tamanho bem menor do que o normal e impresso em tipos bem pequenos, sobreviveram até os dias de hoje.

      Formiga, Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1833

    • O Buscapé

      Rio de Janeiro, 1831    

    • O Sorvete de Bom Gosto

      Em 1835, a ascensão de Niterói a cidade e capital de província fica patente no surgimento de vários jornais, como este. Os exemplares presentes no Arquivo Nacional são, possivelmente, dos raríssimos ainda disponíveis ao público. 

      O Sorvete de Bom Gosto, Niterói, 18 de dezembro de 1835    

    • O Barriga, capa

      Curiosamente, na segunda página o jornal reproduz um trecho de um outro periódico - o Sete de Abril - relatando o fim de um terceiro: o Aurora Fluminense. 

      O Barriga, Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 1836.    

    • O Barriga

      Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 1836    

    • O Çapateiro Político

      Mais um jornal raríssimo no acervo do Arquivo Nacional. 

      O Çapateiro Político , Rio de Janeiro, 4 de novembro de 1835. 

    • A Marmota

      publicava alguns escritores iniciantes, entre eles, Machado de Assis e Joaquim Manoel de Macedo. Pertencia a Paula Brito, um dos pioneiros da tipografia brasileira. 

      A Marmota, Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 1849

    • Da Gazeta à Malagueta, a Aurora da imprensa no Brasil
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    • A Marmota
    • A cara do Brasil em bico de pena
    • O Besouro
    • O Besouro II
    • Guerra de palavras e imagens
    • Boas vindas
    • Duelo
    • Lá se vai a Semana Ilustrada...
    • O Bazar Volante
    • Bazar Volante II
    • O Mosquito
    • Namoro na cidade
    • Namoro na roça
    • Semana Ilustrada
    • Senhora do Lar
    • O movimento feminino na imprensa
    • O Século
    • O Fígaro
    • O entrudo
    • Capoira na Corte
    • Enchentes: um velho problema
    • Candido de Faria no Mosquito
    • O Don Quixote de Agostini
    • Jogo do bicho
    • Questão religiosa
    • Augusto do Vale no Mosquito
    • A política, ontem, como hoje...
    • Vida Fluminense
    • Derrocada do Império
    • Aurélio de Figueiredo
    • Política partidária
    • Monarca adormecido
    • Belezas da centralização
    • Crise do escravismo
    • Desgoverno
    • A cara do Brasil em bico de pena

      A segunda metade do século XIX testemunhou um enorme incremento na utilização de imagens nos jornais brasileiros em resultado de inovações técnicas que permitiram a produção de ilustrações a partir de litografias. Se de início as imagens dos jornais não passavam de toscas caricaturas, a fundação da Semana Ilustrada, em 1860, iria alterar radicalmente este cenário, abrindo caminho para gerações de revistas ilustradas que alcançaram enorme popularidade em seu tempo e permitiram que artistas de valor inegável marcassem seu nome na história da imprensa e da arte brasileira. Saiba mais

      Diatribes no bairro da caricatura

      Bordallo Pinheiro e Ângelo Agostini estão entre os maiores caricaturistas em atividade no último quartel do século XIX no Brasil. Aqui, as diatribes entre o italiano, que na época desenhava na Revista Ilustrada, e o português ganham as páginas de O Besouro, fundado por Bordallo no Rio de Janeiro. Colaboradores de Bordallo acabam deixando o jornal, que fecha as portas meses depois. 

      O Besouro, Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 1878.

    • O Besouro

      Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1878. 

    • O Besouro II

      O Besouro, Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1878.

    • Guerra de palavras e imagens

      Era comum a referência _ elogiosa ou demérita _ a outros órgãos de imprensa. 

      O Besouro. Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1878. 

    • Boas vindas

      Bordallo dá as boas vindas ao jovem colega de profissão, Aurélio de Figueiredo, do jornal pernambucano O Diabo a Quatro.

      O Besouro, 
      Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1878.  

    • Duelo

      Agostini envolve-se em mais uma discussão pública com um antigo companheiro, possivelmente José do Patrocínio. 

      A Vespa, Rio de Janeiro, 28 de março de 1885.

    • Lá se vai a Semana Ilustrada...

      A capa de Bordallo Pinheiro é um lamento pelo fim da pioneira Semana Ilustrada. 

      O Mosquito,  Rio de Janeiro, 15 de abril de 1876

    • O Bazar Volante

      fundado por Joseph Mill em 1863, foi o precursor do Arlequim, que por sua vez daria origem à Vida Fluminense.

      Bazar Volante
      , Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 1865

    • Bazar Volante II

      Duas outras publicações são alvo das ironias do Bazar Volante: o Diário do Rio, e o Polichinelo.

      Bazar Volante, 
      Rio de Janeiro, 23 de abril de 1865

    • O Mosquito

      Bordallo Pinheiro também colaborou com O Mosquito. 

      O Mosquito, Rio de Janeiro, 06 de janeiro de 1876

    • Namoro na cidade

      Cândido Aragonês de Faria, autor da charge de costumes aqui retratada, foi um dos fundadores de O Mosquito, e contribuiu também em periódicos como Vida Fluminense, Fígaro e O Mequetrefe.

      O Contemporâneo, Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1877.

    • Namoro na roça

      O Contemporâneo, Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1877

    • Semana Ilustrada

      Henrique Fleiuss fundou o pioneiro jornal a Semana Ilustrada em 1860. Monarquista, tornou-se alvo de críticas dos outros jornais, em sua maioria republicanos. 

      Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 1869    

    • Senhora do Lar

      Progressista em uma série de temas políticos, grande parte da imprensa, contudo mostrava-se agressivamente contra qualquer alteração do papel da mulher na sociedade. Esta raiva contra um movimento ainda muito incipiente de liberação feminina, acentuado já no século XX com as sufragistas, derramava-se em veneno puro nos textos e desenhos de vários jornais, a despeito de o ofício de jornalista ter sido um dos primeiros a que dedicariam as mulheres mais "modernas," das classes médias urbanas brasileiras.  

      O Diabo a Quatro, Recife, 23 de março de 1879.

    • O movimento feminino na imprensa

      Mais uma sátira à independência feminina. 

      O Diabo a Quatro, Recife, 23 de março de 1879.

    • O Século

      A incipiente liberação feminina era alvo de críticas e sátiras nos jornais. 

      O Século, Porto Alegre, 23 de dezembro de 1883    

    • O Fígaro

      O jornal, herdeiro da Vida Fluminense, retrata um problema que se abate sobre os cariocas de tempos em tempos desde o Império: a falta d'água. 

      Figaro, Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1876

    • O entrudo

      O carnaval, na época chamado entrudo, já frequentava as páginas dos jornais cariocas.  

      O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1885

    • Capoira na Corte

      A capoeira, cujas primeiras referências escritas datam do século XVIII no Rio de Janeiro, durante muito tempo foi associada à desordem, violência, conflito. 

      O Mequetrefe, Rio de Janeiro 10 de março de 1885.

    • Enchentes: um velho problema

      Um problema que não é estranho a quem vive no Rio de Janeiro do início do século XXI já atormentava a cidade no século XIX: as inundações causadas por chuvas de verão. 

      O Mequetrefe,  Rio de Janeiro, novembro de 1885

    • Candido de Faria no Mosquito

      Sequência desenhada por Cândido de Faria. 

      O Mosquito, Rio de Janeiro, 11 de junho de 1870

    • O Don Quixote de Agostini

      Don Quixote foi a criação de Ângelo Agostini na era republicana, fundado em 1895 logo após seu retorno de uma temporada em seu país natal. O periódico duraria até 1903. 

      Don Quixote, Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1895.

    • Jogo do bicho

      O jogo do bicho espalhou-se pela cidade do Rio de Janeiro em 1892. Criado pelo barão João Batista Viana Drummond, foi colocado na ilegalidade pouco tempo depois, mas diante da complacência das autoridades com o jogo, a atividade acabou prosperando. 

      Don Quixote,  Rio de Janeiro, 20 de abril de 1895

    • Questão religiosa

      A chamada questão religiosa, suscitando discussões em torno da efetiva separação entre Igreja e Estado, foi retratada com muito humor pelos artistas dos periódicos da Corte. 

      Vida Fluminense, Rio de Janeiro, 21 de agosto de 1875 

    • Augusto do Vale no Mosquito

      Augusto do Vale tem o clero como alvo nesta charge. Muitos jornais e jornalistas apresentavam uma postura anti clerical. 

      O Mosquito, Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1876

    • A política, ontem, como hoje...

      Impiedoso com a política local, Bordallo Pinheiro, que dizia que a "gargalhada é a revolução," ataca a falta de consistência dos homens políticos da época. 

      O Besouro, Rio de Janeiro, 06 de julho de 1878

    • Vida Fluminense

      Antes de ser Vida Fluminense, esta folha jocosa carregada de charges mordazes chamava-se O Arlequim. Circulou entre 1868 e 1875, quando mais uma vez seu nome foi alterado para Figaro. Vida Fluminense tinha como proprietários o jornalista português Antonio Pedro Marques de Almeida, o jornalista Augusto de Castro e o ilustrador Ângelo Agostini.

      Colaboravam ainda Cândido Faria e Luigi Borgomaineiro, mais um italiano a brilhar no Brasil com suas caricaturas. 

      Vida Fluminense, Rio de Janeiro, 06 de novembro de 1875.    

    • Derrocada do Império

      Os bastidores do decadente império, suas intrigas e manipulações nas ilustrações ácidas de O Mequetrefe.

      O Mequetrefe, Rio de Janeiro, novembro de 1885.

    • Aurélio de Figueiredo

      caricaturista paraibano e irmão do pintor Pedro Américo, foi o principal artista desta folha pernambucana. 

      O Diabo a Quatro, Recife, 10 de novembro de 1878

    • Política partidária

      Impiedosa sátira às políticas consideradas "vergonhosas" levadas a cabo por dois partidos atuantes nos últimos anos do Império: o Liberal e o Republicano. 

      O Século, 
      Porto Alegre, 27 de novembro de 1881

    • Monarca adormecido

      Às vésperas da queda da monarquia, a imprensa tornava-se cada vez mais impiedosa com d. Pedro II. 

      O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1887. 

    • Belezas da centralização

      Com frequência a imagem do indígena brasileiro, caracterizado em toda a sua "pureza selvagem idealizada," aparece como representante dos legítimos interesses brasileiros. 

      O Diabo a Quatro, Recife, 7 de maio de 1876

    • Crise do escravismo

      O Mequetrefe foi fundado por Eduardo Joaquim Correa e Pedro Lima em 1875. Entre seus colaboradores encontravam-se Aluísio AzevedoCandido de Faria, Antonio Alves.  

      O Mequetrefe, 
      Rio de Janeiro, 10 de agosto de 1885

    • Desgoverno

      Lançado em 1869 por Cândido de Faria, O Mosquito também teria vida razoavelmente longa, assim como outros jornais satíricos da época: 8 anos. Além de Faria, Antônio Augusto do Vale e Ângelo Agostini também trabalharam na revista. 

      O Mosquito, Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1876    

    • A cara do Brasil em bico de pena
    • O Besouro
    • O Besouro II
    • Guerra de palavras e imagens
    • Boas vindas
    • Duelo
    • Lá se vai a Semana Ilustrada...
    • O Bazar Volante
    • Bazar Volante II
    • O Mosquito
    • Namoro na cidade
    • Namoro na roça
    • Semana Ilustrada
    • Senhora do Lar
    • O movimento feminino na imprensa
    • O Século
    • O Fígaro
    • O entrudo
    • Capoira na Corte
    • Enchentes: um velho problema
    • Candido de Faria no Mosquito
    • O Don Quixote de Agostini
    • Jogo do bicho
    • Questão religiosa
    • Augusto do Vale no Mosquito
    • A política, ontem, como hoje...
    • Vida Fluminense
    • Derrocada do Império
    • Aurélio de Figueiredo
    • Política partidária
    • Monarca adormecido
    • Belezas da centralização
    • Crise do escravismo
    • Desgoverno
    • Vespas, besouros e outros bichos.
    • Anúncio da abdicação
    • Anúncio da abdicação, segunda página
    • O Olindense
    • Debate político durante a regência
    • Debate político durante a regência, II
    • O Caboclo
    • Cabanagem
    • Revoltas no período regencial
    • Os farroupilhas
    • O Catucá
    • Guerra da Tríplice Aliança: batalha
    • Guerra da Tríplice Aliança: relato
    • Guerra: soldados em desamparo
    • Miséria no sertão
    • Seca no Ceará
    • Escravidão: indignação
    • Contrabando de escravos
    • Contrabando de escravos: II
    • O Século
    • Imprensa amordaçada
    • Um regime cruel
    • Abaixo a monarquia
    • Abaixo a monarquia: II
    • Salve a República...
    • Vespas, besouros e outros bichos.

      O século nas páginas nem sempre diárias

      O periódico do século XIX se apresentava de forma bastante diversa dos nossos jornais. A própria noção de "manchete" era desconhecida. Ao observarmos os jornais da época, percebemos que, em geral, há uma chamada, mas esta não remetia a um acontecimento excepcional que se desejava resumir e com o qual se intencionava chamar a atenção. Normalmente, era uma linha que fazia muito pouco sentido em si, e que só seria compreendida ao ler-se o texto: "que governo infame", "o novo reinado", "a censura", "notícias do Rio de Janeiro: abdicação do imperador" (esta última chamada, embora se referisse a uma notícia que ocupou páginas inteiras do jornal, não possuía nenhum impacto visual ou tipográfico, a despeito da importância do fato). Ainda estava por vir a época em que os órgãos de imprensa, em uma disputa que se tornaria cada vez mais acirrada, fariam uso de recursos visuais, semânticos e linguísticos para disputar a atenção do seu público. A primeira página do número que estampava a proclamação da República já anunciava a mudança, pois "VIVA A REPÚBLICA! Proclamação, 15 de novembro de 1889" ocupava quase um terço da folha, em letras garrafais. Saiba mais

      Cisplatina

      José da Silva Lisboa, convicto monarquista e partidário incondicional da casa Bragança no Brasil, lançou diversas folhas a defender o monarca. O Triunfo da legitimidade circulou por menos de dois meses, e seu propósito era claramente o de se dedicar à Guerra da Cisplatina.

      Triunfo da legitimidade, Rio de Janeiro, dezembro de 1825

    • Anúncio da abdicação

      Após a independência em 1822, d. Pedro I gozaria de certa paz política. No entanto, a dissolução da constituinte, o fracasso da campanha Cisplatina, e principalmente, a desconfiança em relação a um herdeiro da Casa Bragança nascido em Portugal, estariam entre as causas da oposição cada vez mais cerrada que o imperador passou a enfrentar, acentuada pelas suas tendências autoritárias, crise esta que desaguou em sua abdicação, em abril de 1831. 

      Olindense, Olinda, abril de 1831.

    • Anúncio da abdicação, segunda página

      Olindense, Olinda, abril de 1831.    

    • O Olindense

      Somente semanas depois o jornal de Pernambuco conseguiria publicar informações mais detalhadas dos últimos momentos do reinado de d. Pedro I. Olindense, Olinda, 10 de maio de 1831

    • Debate político durante a regência

      Após a abdicação de d. Pedro I e antes da coroação de d. Pedro II, os ânimos se exacerbavam a os gabinetes de diversas feições se sucediam. Nacionalistas exaltados pressionavam para que a situação anterior a abdicação jamais se repetisse, e reafirmavam a cada dia a importância do sete de abril como a data da verdadeira independência. 

      O Homem Social, Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1832.

    • Debate político durante a regência, II

      O Homem Social, Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1832    

    • O Caboclo

      Depois da independência a imagem do indígena brasileiro passou a figurar nas páginas dos jornais com frequência, simbolizando a nação. 

      O Caboclo, Rio de Janeiro, 28 de março de 1849.

    • Cabanagem

      Em 1835 o Pará, região há muito assolada por conflitos políticos violentos, seria palco daquela que foi, possivelmente, a mais letal das revoltas ocorridas no Brasil. O movimento que passou para a história com o nome de Cabanagem envolveu indivíduos dos mais diversos grupos sociais (inclusive índios e negros), fato raro até então, e ocorreu após uma longa trajetória de extrema pobreza e desorganização econômica da região, acentuada pela periferia política a que foi relegada após a independência em 1822.

      As notícias alcançavam a Corte nos barcos que desciam a costa brasileira.  

      Pão de Assucar, Rio de Janeiro, 28 de março de 1835.

    • Revoltas no período regencial

      As guerras que se desenrolavam no norte do Brasil - no Pará, conhecida por Cabanagem - e no sul - em especial no Rio Grande do Sul, com a revolta Farroupilha ­- deixavam estarrecidos e preocupados aqueles que escreviam nos jornais da corte. 

      O Fluminense, Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1836.

    • Os farroupilhas

      Este periódico gaúcho defendia a unidade do Brasil contra os ‘separatistas' da província - os ‘farroupilhas'. 

      'O Liberal, Rio Grande, 05 de março de 1836. 

    • O Catucá

      Combatendo o governo saquarema de forma impiedosa, o periódico expunha o que chamava de despotismo reinante em Pernambuco, onde corria a revolta Praieira. 

      O Catucá, Rio de Janeiro, 08 de maio de 1849.

    • Guerra da Tríplice Aliança: batalha

      A guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) representou um marco fundamental na derrocada tanto da escravidão quanto da própria monarquia. Durante o período a imprensa mostrou-se crucial para que os eventos do conflito alcançassem o público. 

      Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1868.

    • Guerra da Tríplice Aliança: relato

      Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, 14/ de fevereiro de 1869.

    • Guerra: soldados em desamparo

      Semana Ilustrada, Rio de Janeiro, 07 de março de 1869.

    • Miséria no sertão

      Uma das piores secas da história, a estiagem de fim dos anos 1870 deixou um rastro de morte no Ceará e também de compaixão e solidariedade, inspirando de obras literárias e teatrais a desenhos pungentes como este de Bordallo Pinheiro. Os retratos integram uma reportagem de José do Patrocínio intitulada Páginas Tristes - Scenas e aspectos do Ceará (para S. Majestade, o Sr. Governo e os Senhores Fornecedores verem)

      O Besouro, Rio de Janeiro, 20 de julho de 1878;

    • Seca no Ceará

      A estiagem no Ceará comove a imprensa. 

      O Besouro, Rio de Janeiro, 20 de abril de 1878.

    • Escravidão: indignação

      O tráfico de escravos demorou a suscitar a indignação do grosso da população e das elites brasileiras. No entanto, em 1835, momento em que a repressão ao tráfico internacional, capitaneada pela Grã-Bretanha, já se fazia sentir, as páginas de alguns (poucos) periódicos estampavam sua indignação diante do "comércio de carne humana." 

      Pão de Assucar, Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1835.

    • Contrabando de escravos

      O texto exige que as leis contra o tráfico de escravos se façam cumprir, e denuncia o contrabando aberto que enriquece aqueles que vivem deste comércio. 

      O Fluminense, Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1836

    • Contrabando de escravos: II

      O Fluminense, Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 1836.

    • O Século

      Nem todos os abolicionistas eram republicanos, como se percebe por esta capa do jornal gaúcho O Século.O jornal, fundado e dirigido pelo ferrenho monarquista Miguel de Werna, ganhou notoriedade pela sua acidez e pelas caricaturas e charges que retratavam com malícia os costumes das elites locais. 

      O Século, Porto Alegre, 29 de março de 1885.

    • Imprensa amordaçada

      Em maio de 1884 Carlos de Lacerda, jornalista de Campos, norte fluminense, funda o jornal abolicionista radical Vinte e Cinco de Março. A ele juntou-se outro jornal campista, o Gazeta do Povo. Ambos foram empastelados em 1885. 

      A Vespa, Rio de Janeiro, 06 de junho de 1885

    • Um regime cruel

      Nos anos 1880 a imprensa em sua grande maioria defendia o fim da escravidão e denunciava os abusos e horrores a que eram submetidos os escravos. As duas adolescentes aqui retratadas foram brutalmente torturadas por sua ‘senhora,' em consequência do que acabaram falecendo. A ‘senhora' em questão, dona Francisca da Silva Castro, moradora de uma luxuosa residência em Botafogo, escapou de qualquer tipo de punição pelo assassinato das jovens, até por ser comum no Brasil dispensar este tipo de tratamento aos escravos. O caso ganhou repercussão e forneceu combustível aos abolicionistas. 

      O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1886.

    • Abaixo a monarquia

      Em seus últimos momentos, a monarquia brasileira foi alvo de ataques virulentos. Uma das questões centrais referia-se aos herdeiros da coroa, o estrangeiro conde d'Eu e a "carola" princesa Isabel. 

      O Grito do Povo, Rio de Janeiro, 02 de julho de 1887.

    • Abaixo a monarquia: II

      O Grito do Povo, Rio de Janeiro, 06 de agosto de 1887.

    • Salve a República...

      Grande manchete anunciando a queda da monarquia e a chegada da República. 

      Diário Popular, São Paulo, 16 de novembro de 1889.

    • Vespas, besouros e outros bichos.
    • Anúncio da abdicação
    • Anúncio da abdicação, segunda página
    • O Olindense
    • Debate político durante a regência
    • Debate político durante a regência, II
    • O Caboclo
    • Cabanagem
    • Revoltas no período regencial
    • Os farroupilhas
    • O Catucá
    • Guerra da Tríplice Aliança: batalha
    • Guerra da Tríplice Aliança: relato
    • Guerra: soldados em desamparo
    • Miséria no sertão
    • Seca no Ceará
    • Escravidão: indignação
    • Contrabando de escravos
    • Contrabando de escravos: II
    • O Século
    • Imprensa amordaçada
    • Um regime cruel
    • Abaixo a monarquia
    • Abaixo a monarquia: II
    • Salve a República...
  • Sobre as imagens

    odas as imagens da exposição A história em preto e branco: periódicos no Brasil do século XIX receberam tratamento digital de forma a garantir o conforto visual do visitante e foram igualmente editadas para compor a narrativa da exposição. Assim, as reproduções aqui exibidas foram cortadas, tiveram detalhes realçados e não correspondem aos tamanhos originais dos documentos.

     

    Sala 1: Da Gazeta à Malagueta, a Aurora da imprensa no Brasil

    Gazeta do Rio de Janeiro J241

    Correio do Rio de Janeiro J372

    Gazeta do Ceará, J40

    O Independente Constitucional J290

    O Precursor das Eleições. J38

    Astrea, J252

    Aurora Fluminense J369

    Observador Constitucional J054

    O Mulato ou Homem de Cor J146

    O Republico J036

    Malagueta J345

    Nova Luz Brasileira J069

    O Simplício Poeta J062

    Simplicio O Antigo J121

    A Mulher do Simplicio ou A fluminense exaltada J115

    O Médico dos Malucos J004

    O Burro Magro, J003.

    Formiga J079.

    O Buscapé J124

    O Sorvete de bom gosto, J045

    O Barriga J74

    O Çapateiro Político J111

    A Marmota, J089

     

    Sala 2: A cara do Brasil em bico de pena

    O Besouro J242

    A Vespa, J337

    O Diabo a Quatro J339

    O Mosquito J350

    Bazar Volante J351

    O Contemporâneo J506

    Semana Ilustrada J344

    O Século, J420

    Figaro J299

    O Mequetrefe J329

    Don Quixote J398

    Vida Fluminense, J296

     

    Sala 3: Vespas, Besouros e outros bichos: o Século nas páginas nem sempre diárias

    Triunfo da legitimidade J276

    Olindense, J257

    O Homem Social J194

    O Caboclo J175

    Pão de Assucar J235

    O Fluminense J258

    O Liberal, J315

    O Catucá, J092

    Semana Ilustrada, J344

    O Besouro, J242

    O Século J420

    A Vespa, J337

    O Mequetrefe, J329

    O Grito do Povo J059

    Diário Popular J468

  • Ficha Técnica

    A exposição A história em preto e branco foi concebida para o ambiente virtual, e realizada pela equipe do Arquivo Nacional.
    O material apresentado encontra-se disponível na biblioteca da instituição.    

  • Créditos

    Créditos

    Presidente da República
    Dilma Rousseff

    Ministro de Estado da Justiça
    José Eduardo Cardozo

    Diretor-Geral do Arquivo Nacional
    Jaime Antunes da Silva

    Coordenador-Geral de Acesso e Difusão Documental
    Maria Aparecida Silveira Torres

    Coordenadora de Pesquisa e Difusão do Acervo
    Maria Elizabeth Brêa Monteiro

    EQUIPE TÉCNICA

    Curadoria/ Pesquisa de imagens/ Textos e legendas
    Viviane Gouvea

    Revisão de textos
    Renata Ferreira

    Programação visual
    Marcelo Camargo

    Digitalização de imagens
    Coordenação de Preservação do Acervo / Laboratório de Fotografia 
    Flávio Lopes

    Tratamento de imagens
    AJB - Comunicação Social

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