A história em preto e branco: periódicos no Brasil do século XIX
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Apresentação
Ao contrário da América espanhola, onde a presença de ensino superior e imprensa periódica se deu desde as etapas iniciais da ocupação, a repressão intransigente sobre tentativas de ampliação da educação e difusão de ideias fez-se presente de forma marcante durante todo o período colonial na América portuguesa, a despeito da fundação de academias literárias e do fomento a algumas atividades científicas, intensificadas na segunda metade do século XVIII. Apenas com a transferência da Corte para o Rio de Janeiro (1808) a existência da imprensa tornou-se uma possibilidade concreta. Isso ocorre não apenas devido à chegada da tipografia trazida pelo conde da Barca, mas pelas necessidades de produção de documentação impressa, inerente à burocracia administrativa recentemente implantada.
O dia da imprensa atualmente é celebrado no Brasil em primeiro de junho, data de inauguração do Correio Braziliense, por muitos considerado o primeiro jornal brasileiro, embora não fosse publicado em território nacional. Explica-se: justamente para escapar da censura implacável da Coroa portuguesa, Hipólito da Costa, dono e editor do jornal, muda-se para Londres, e de lá começa a fustigar o governo recém-instalado na ex-colônia. Considerado órgão áulico, a Gazeta do Rio de Janeiro, um pouco anterior ao Correio, disputa com este a primazia de ser o primeiro órgão de imprensa periódica.
Seja como for, a despeito do grande atraso em seu surgimento e do analfabetismo quase crônico entre a população brasileira, a imprensa demonstrou ser uma arma valiosa para as elites letradas, que durante a maior parte do século XIX dela se valeram para marcar suas posições, defender suas ideias, atacar os governantes (ou sua oposição...), elogiar reis e rainhas, questionar hábitos, consolidar tradições e instituições, importar novidades, difamar e desmoralizar inovações que consideravam inadequadas, denunciar abusos, encobrir negociatas, trazer para mais perto dos seus leitores o universo dos poderosos, chocá-los com a miséria que não viam e não sentiam e também para ajudar a trazer à tona talentos da literatura nacional e das artes gráficas. Nomes como Machado de Assis, José de Alencar, Joaquim Nabuco, Castro Alves, Ângelo Agostini, Cândido Faria e Bordallo Pinheiro marcaram presença nas páginas dos jornais - os três primeiros na literatura, os outros, na caricatura.
Além da linha editorial, eles também variavam de tamanho e periodicidade. Nos primeiros anos, muitos deles duravam apenas uma edição. Durante o Segundo Reinado, a imprensa gozou de uma liberdade raramente vista no país, inclusive durante o período republicano. A figura fácil de d. Pedro II tornou-se querida dos cartunistas, e seu governo, pressionado com frequência pela pena venenosa dos jornalistas. Longe da "objetividade jornalística" dos jornais atuais, os periódicos do século XIX se entregavam sem medidas aos seus ideais e paixões, seus interesses e mesquinharias. Muitos abraçaram a campanha contra a escravidão, que cada vez mais nos envergonhava diante do mundo chamado civilizado; e defenderam uma República que, assim que proclamada, passou a perseguir a liberdade de expressão e opinião com um furor que não fora visto nem nos primeiros anos após a Independência, deixando a amarga sensação de traição entre aqueles que haviam usado do dom da palavra para ajudar a trazê-la ao mundo.
Viviane Gouvea
Curadora -
Galerias
Da Gazeta à Malagueta, a Aurora da imprensa no Brasil
Correio do Rio de Janeiro
Gazeta do Ceará
O Independente Constitucional
Precursor das eleições
Astrea
Aurora Fluminense
Observador Constitucional
O Homem de cor
Republico
A Malagueta
Nova Luz Brasileira
Simplício Poeta
Simplício, o Antigo
A Mulher do Simplício
Médico dos Malucos
Burro Magro
Formiga
O Buscapé
O Sorvete de Bom Gosto
O Barriga, capa
O Barriga
O Çapateiro Político
A Marmota
A cara do Brasil em bico de pena
O Besouro
O Besouro II
Guerra de palavras e imagens
Boas vindas
Duelo
Lá se vai a Semana Ilustrada...
O Bazar Volante
Bazar Volante II
O Mosquito
Namoro na cidade
Namoro na roça
Semana Ilustrada
Senhora do Lar
O movimento feminino na imprensa
O Século
O Fígaro
O entrudo
Capoira na Corte
Enchentes: um velho problema
Candido de Faria no Mosquito
O Don Quixote de Agostini
Jogo do bicho
Questão religiosa
Augusto do Vale no Mosquito
A política, ontem, como hoje...
Vida Fluminense
Derrocada do Império
Aurélio de Figueiredo
Política partidária
Monarca adormecido
Belezas da centralização
Crise do escravismo
Desgoverno
Vespas, besouros e outros bichos.
Anúncio da abdicação
Anúncio da abdicação, segunda página
O Olindense
Debate político durante a regência
Debate político durante a regência, II
O Caboclo
Cabanagem
Revoltas no período regencial
Os farroupilhas
O Catucá
Guerra da Tríplice Aliança: batalha
Guerra da Tríplice Aliança: relato
Guerra: soldados em desamparo
Miséria no sertão
Seca no Ceará
Escravidão: indignação
Contrabando de escravos
Contrabando de escravos: II
O Século
Imprensa amordaçada
Um regime cruel
Abaixo a monarquia
Abaixo a monarquia: II
Salve a República...
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Sobre as imagens
odas as imagens da exposição A história em preto e branco: periódicos no Brasil do século XIX receberam tratamento digital de forma a garantir o conforto visual do visitante e foram igualmente editadas para compor a narrativa da exposição. Assim, as reproduções aqui exibidas foram cortadas, tiveram detalhes realçados e não correspondem aos tamanhos originais dos documentos.
Sala 1: Da Gazeta à Malagueta, a Aurora da imprensa no Brasil
Gazeta do Rio de Janeiro J241
Correio do Rio de Janeiro J372
Gazeta do Ceará, J40
O Independente Constitucional J290
O Precursor das Eleições. J38
Astrea, J252
Aurora Fluminense J369
Observador Constitucional J054
O Mulato ou Homem de Cor J146
O Republico J036
Malagueta J345
Nova Luz Brasileira J069
O Simplício Poeta J062
Simplicio O Antigo J121
A Mulher do Simplicio ou A fluminense exaltada J115
O Médico dos Malucos J004
O Burro Magro, J003.
Formiga J079.
O Buscapé J124
O Sorvete de bom gosto, J045
O Barriga J74
O Çapateiro Político J111
A Marmota, J089
Sala 2: A cara do Brasil em bico de pena
O Besouro J242
A Vespa, J337
O Diabo a Quatro J339
O Mosquito J350
Bazar Volante J351
O Contemporâneo J506
Semana Ilustrada J344
O Século, J420
Figaro J299
O Mequetrefe J329
Don Quixote J398
Vida Fluminense, J296
Sala 3: Vespas, Besouros e outros bichos: o Século nas páginas nem sempre diárias
Triunfo da legitimidade J276
Olindense, J257
O Homem Social J194
O Caboclo J175
Pão de Assucar J235
O Fluminense J258
O Liberal, J315
O Catucá, J092
Semana Ilustrada, J344
O Besouro, J242
O Século J420
A Vespa, J337
O Mequetrefe, J329
O Grito do Povo J059
Diário Popular J468
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Ficha Técnica
A exposição A história em preto e branco foi concebida para o ambiente virtual, e realizada pela equipe do Arquivo Nacional.
O material apresentado encontra-se disponível na biblioteca da instituição. -
Créditos
Créditos
Presidente da República
Dilma RousseffMinistro de Estado da Justiça
José Eduardo CardozoDiretor-Geral do Arquivo Nacional
Jaime Antunes da SilvaCoordenador-Geral de Acesso e Difusão Documental
Maria Aparecida Silveira TorresCoordenadora de Pesquisa e Difusão do Acervo
Maria Elizabeth Brêa MonteiroEQUIPE TÉCNICA
Curadoria/ Pesquisa de imagens/ Textos e legendas
Viviane GouveaRevisão de textos
Renata FerreiraProgramação visual
Marcelo CamargoDigitalização de imagens
Coordenação de Preservação do Acervo / Laboratório de Fotografia
Flávio LopesTratamento de imagens
AJB - Comunicação Social