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A cara do Brasil em bico de pena

A segunda metade do século XIX testemunhou um enorme incremento na utilização de imagens nos jornais brasileiros em resultado de inovações técnicas que permitiram a produção de ilustrações a partir de litografias. Se de início as imagens dos jornais não passavam de toscas caricaturas, a fundação da Semana Ilustrada, em 1860, iria alterar radicalmente este cenário, abrindo caminho para gerações de revistas ilustradas que alcançaram enorme popularidade em seu tempo e permitiram que artistas de valor inegável marcassem seu nome na história da imprensa e da arte brasileira.

Fundada pelo imigrante alemão Henrique Fleiuss, foi a princípio concebida, desenhada e litografada exclusivamente por ele. Mas logo contava com a colaboração de artistas como Flumen Junius, Aristides Seelinger e de Aurélio de Figueiredo, já no último ano. A personagem-símbolo do periódico, o Dr. Semana, aparecia nas capas, satirizando costumes ou a política da época. Esta personagem motivou uma polêmica com Ângelo Agostini, caricaturista do Vida Fluminense, que o acusava de ter plagiado personagens criadas pelo artista alemão Wilhelm Busch.

A despeito das frequentes polêmicas envolvendo os diversos caricaturistas da época - dentre os quais, muitos estrangeiros radicados no Brasil, como Luigi Borgomaineiro, além dos já citados Agostini, Bordallo e Fleiuss -, era frequente a grande circulação destes profissionais entre os diversos órgãos de imprensa. É o caso do próprio Agostini, artista italiano que passou pelas revistas O MosquitoRevista Ilustrada, Diabo Coxo,Dom Quixote, Vida Fluminense, sendo fundador de algumas delas. Também o português Bordallo Pinheiro passaria pelo Mosquito e O Besouro.

Alguns brasileiros também se destacaram na atividade. Cândido de Faria, fundador de O Mosquito, colaborou com diversos jornais satíricos no Brasil e na Argentina, até se mudar definitivamente para Paris, em 1882. Além destes, outros nomes da caricatura da época são: Pinheiro Guimarães, Aurélio de Figueiredo, Antônio Augusto do Vale e Pedro Américo.

As polêmicas entre os artistas ganhavam as páginas dos jornais e deixavam o leitor a par das diatribes, através dos desenhos retratando as rivalidades. Mas também eram comuns as demonstrações de camaradagem e respeito mútuo, como a realizada por Bordallo Pinheiro na capa do jornal O Mosquito, em homenagem à recém-falecida Semana Ilustrada, em 1875.

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