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Exposição

Mudança de hábitos: da prateleira para a mesa

 

  • Apresentação

    As transformações na alimentação e na indústria de alimentos brasileira nos rótulos do Ministério da Agricultura (1939-1972)

    O tema da alimentação e das práticas culinárias, que durante boa parte do século XX era objeto de estudo quase exclusivamente de antropólogos e sociólogos, difundiu-se na historiografia brasileira nas últimas décadas dos séculos XX e XXI, com livros, artigos, teses de doutorado e dissertações de mestrado sob os mais diversos pontos de vista. Esses trabalhos abordam o alimento como uma categoria histórica, e não simplesmente por suas características biológicas ou nutricionais. Uma refeição, para além de seu conteúdo calórico, é igualmente um sistema de comunicação, um protocolo de práticas e comportamentos. Assim, se alimentar-se é um ato nutricional, comer é um ato social e cultural.

    Entre os anos 1940 e 1960, o Brasil experimentava uma época de grandes transformações materiais e culturais. As modificações no sistema de comercialização e o crescimento da industrialização mudaram a sociedade brasileira. Com a alimentação não foi diferente. As indústrias de alimentos passaram a oferecer, a partir dos anos 1920, produtos processados – como leite pasteurizado, sardinhas em conserva, salsichas, diferentes tipos de queijo – e, na década de 1950, comidas prontas para serem aquecidas no forno ou no fogão – feijoada, mocotó, galinhada –, ampliando as opções de consumo e demonstrando o impacto da expansão da indústria na culinária.

    Os hábitos alimentares mudaram, portanto, em vários aspectos: os supermercados chegaram no Brasil em 1953, apresentando uma nova maneira de adquirir alimentos e substituindo, gradativamente, as vendas em armazéns, açougues, feiras e quitandas onde a população comprava seus mantimentos. Por sua vez, inovações tecnológicas levaram à alteração das cozinhas: fogão a gás engarrafado, refrigeradores domésticos, liquidificadores e mesmo as panelas de alumínio, substituindo as de barro e cobre, redefiniram as formas de consumo e preparo de alimentos dos brasileiros.

    A exposição Mudança de hábitos: da prateleira para a mesa apresenta os rótulos de produtos alimentícios constantes nos processos da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, que abrangem o período de 1939 a 1972. Foi estruturada em cinco módulos: O controle da produção industrial e a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal; Hábitos alimentares; Representações femininas e vida familiar; A influência dos imigrantes e descendentes na indústria de alimentos e na culinária brasileira; e Representações de identidades locais.

    Segundo o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal de 1952, os artigos de origem animal entregues ao comércio deveriam ser identificados por meio de rótulos registrados, aplicados sobre as matérias-primas, produtos ou recipientes, não importando se estavam destinados diretamente ao consumo público ou a outros estabelecimentos. Essa legislação definia como rótulo toda inscrição, legenda, imagem ou qualquer matéria descritiva ou gráfica que estivesse escrita, impressa, estampada, gravada em relevo, litografada ou colada sobre a embalagem do alimento.

    Ao longo dos anos 1940, 50 e 60, os rótulos do acervo do Ministério da Agricultura nos contam alguns aspectos dessa história, como, por exemplo, as várias representações do papel da mulher, desde a “rainha do lar”, que cuida da família e do preparo das refeições cotidianas, até a mulher que ingressa no mercado de trabalho e precisa de praticidade na cozinha. É possível perceber também a força das identidades regionais nos produtos fabricados em diversos locais: os queijos mineiros, as carnes curadas do sul do país, a pesca no Rio de Janeiro. Por fim, os rótulos são igualmente uma porta de entrada para se observar o impacto dos imigrantes na alimentação brasileira. Empresas de estrangeiros e seus descendentes, incluindo italianos, alemães, portugueses, holandeses, dinamarqueses e japoneses, abertas nas primeiras décadas do século XX, possuem forte presença no acervo. Em alguns casos, foi possível contar suas histórias. Em outros, essa herança cultural é apresentada nos próprios rótulos.

     

  • Introdução

    Rótulos

    Prof. dr. Glen S. Goodman
    University of Illinois at Urbana-Champaign

    Imagine um supermercado moderno, limpo e organizado, com aquela música inofensiva de sempre tocando nos alto-falantes, corredores e corredores cheios de produtos à venda, mas com uma diferença... as garrafas, caixas, latas e sacolas não possuem nenhuma rotulagem, só ao indicação do tipo de produto.  Maionese, salsicha tipo Viena, arroz, sardinhas – todos sem marca, sem maiores informações, sem data de validade.  Como distinguir entre marcas diferentes do mesmo produto?  Como confiar que foram produzidos em um ambiente higienizado?  Como saber se o produto ainda está próprio para o consumo? Essa breve cena mostra o quanto nós dependemos e confiamos nos rótulos – aqueles pequenos papéis e estampas – no nosso dia a dia, e pelas mais variadas razões. 

    Os rótulos nascem no Brasil com a modernização da indústria alimentícia na virada do século XIX para o XX. Tradicionalmente, e com poucas exceções, os alimentos (produtos agropecuários) crus se transformavam em comida dentro ou perto do local de consumo, nas mãos ou sob o olhar de pessoas conhecedoras das técnicas de cozinha e de certa confiança pessoal.  A entrada no mercado de comidas industrializadas, produzidas longe e anonimamente, ofereceu vantagens: reduziu o tempo necessário para a preparação de refeições; assegurou o abastecimento de produtos perecíveis ao longo do ano; ofereceu maior variedade de artigos ao consumidor. Também trouxe certos desafios, entre eles a fiscalização da qualidade dos produtos e a sua comercialização (ou, nos termos mais atuais, o branding, a gestão de marca). Um empreendimento tanto do setor privado quanto do público, o rótulo emerge como ferramenta para reduzir essas duas preocupações.

    O sistema de rotulagem instituído no início do século XX foi, primeiramente, uma tentativa de assegurar a qualidade – entenda-se aqui comestibilidade e segurança alimentar –, evitando, assim, a possibilidade de intoxicação que prejudicaria os interesses públicos e privados.  Com a fiscalização das condições sanitárias e de limpeza, atribuía-se um selo de qualidade, uma garantia de que se podia confiar no produto enlatado com rótulo.  Além dessa segurança, os rótulos também representavam uma relação de confiança entre o consumidor e o governo que espelhava ideias recentes de cidadania na Velha República. Como responsável pelas condições higiênico-sanitárias dos produtos alimentícios, o Estado assumiu um novo papel na dimensão comercial dos foodways (hábitos alimentares) dos brasileiros, determinando o gênero e a disponibilidade de itens fundamentais como queijo, embutidos, carne e peixe em lata, manteiga, banha, entre muitos outros.

    Para os produtores de alimentos industrializados, além de uma marca de qualidade e conformidade com a legislação para o setor, os rótulos representavam uma oportunidade de distinção de marca – uma preocupação que só crescia com a modernização da indústria alimentícia no Brasil. Nos centros urbanos, várias empresas que fabricavam produtos similares competiam para ganhar a atenção e a lealdade dos consumidores.  Os rótulos se tornaram um lugar de desenvolvimento da marca – do brand – de cada empresa, um espaço onde se mobilizava o imaginário visual para identificar (e, claro, vender) os produtos.  Imagens de animais, paisagens bucólicas, visões da domesticidade e até elementos de beleza humana eram utilizados nos rótulos para distinguir uma marca de outra.

    O sistema de rótulos expandiu-se e se consolidou rapidamente na primeira metade do século XX, chegando a ser um elemento tão quotidiano que, em geral, passava despercebido a partir dos anos 1950.  O consumidor moderno confiava na qualidade dos alimentos disponíveis nas prateleiras dos mercados onde emergiram novos hábitos alimentares regionais e nacionais. O marketing de diferentes produtos adotou um caráter mais narrativo, indo muito além das imagens estáticas presentes nos rótulos.

    Hoje, com a crescente retomada e valorização dos produtos artesanais, caseiros, coloniais, feitos à mão etc., os rótulos vêm sendo ressignificados. Para muitos consumidores, a ausência de rótulo remete a imagens de autenticidade e tradição, aos saberes-fazeres apagados pela modernidade, pela indústria, pela padronização dos foodways, pela inserção do Estado no cotidiano alimentar. A crescente consciência social sobre as desvantagens nutricionais dos produtos industrializados (gorduras, sal, açúcar) incentivou o repensar do lugar dos artigos industrializados na mesa brasileira. Finalmente, o caráter retrô ou kitsch dos rótulos clássicos pode trazer lembranças de um momento alimentar perdido, um saudosismo que não deixa de crescer nos centros urbanos do país.

    Com esta valiosíssima exposição sobre rótulos de alimentos, os curadores nos convidam a nós, espectadores, a refletir sobre as várias faces da indústria alimentícia e, de forma mais geral, sobre o lugar da comida em nossas vidas. Ao apreciar essa coleção de imagens, o que nos vem à mente, que lembranças elas nos trazem? É também um momento de pensar sobre a relação entre comida e comércio: qual o papel da indústria e do Estado no desenvolvimento de nossos gostos e hábitos alimentares? Qual a relação entre o que desejamos comer e nossas concepções de gênero, raça, etnia e identidade nacional? E, de maneira mais ampla, a exposição nos leva refletir sobre a importância de se manter e preservar o chamado patrimônio histórico efêmero, como os rótulos, pois só assim será possível as audiências futuras se maravilharem com as mudanças nos hábitos alimentares que acontecem na passagem do tempo.

  • Galerias

    • O controle da produção industrial e a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal
    • O controle da produção industrial e a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal

      No Brasil, até o início do século XX, predominavam os matadouros de pequenos produtores e as charqueadas – que produziam a carne salgada e ressecada ao sol. As condições sanitárias dessas instalações eram extremamente precárias, o abate ocorria diretamente no chão, sem equipamentos adequados e sem o descarte apropriado dos resíduos, geralmente deixados dispersos ou amontoados nos arredores do matadouro.  Leia mais

    • Solicitação inicial de registro de rótulo da paleta afiambrada Alvorada, com memorial descritivo de seu processo de fabricação.

    • De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Rispoa) de 1952, a aprovação e o registro de rótulos eram requeridos pela empresa interessada, que deveria instruir a petição com os seguintes documentos: a) quatro cópias dos rótulos que pretendia registrar, em tamanhos diferentes; b) memorial descritivo do processo de fabricação do produto, em quatro vias, detalhando sua composição.

    • Encaminhamento de processo para registro do rótulo da paleta afiambrada Alvorada pela Inspeção Regional de São Paulo à sede da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), no Rio de Janeiro, para aprovação. No verso, resposta do inspetor Dias Lopes, pela aprovação do rótulo.

    • Rótulo da paleta afiambrada Alvorada, com as informações exigidas pela fiscalização.

    • O trabalho de fiscalização da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal abrange a avaliação de vários critérios técnicos e sanitários, como a condição das instalações de abate, dos frigoríficos e a adequação das embalagens. As informações fornecidas pelo produtor são verificadas para evitar fraudes e garantir a qualidade do produto. Acima, páginas com fotografias que constam do processo das Indústrias Agrícolas Paixão S.A., do Rio de Janeiro, solicitando à Dipoa autorização para “executar tratamento plástico à base de neoprene ou epóxi nas paredes internas do túnel de sangria e salas de depenação e evisceração”.

    • Rótulo e memorial descritivo do queijo de porco Confiança, da empresa Saulle Pagnoncelli S.A. No processo de fabricação, são usados “carne da cabeça, carne e orelha de suínos, além de pele de suíno moída”.

    • Em muitos processos, as informações dos rótulos eram corrigidas pela Dipoa, como no caso das salsichas tipo coquetel Urú. O inspetor determinou o uso de caracteres uniformes no nome do produto, tanto no tamanho como no uso da cor. A frase “V.Sa. gosta de cocktails? Então gostará também deste ótimo produto Urú” foi riscada pelo inspetor.

    • Rótulo final, aprovado pela Dipoa com as modificações indicadas.

    • No caso do camarão ao natural Hemmer, foram apontadas várias adequações a serem feitas, como a inclusão do peso bruto e líquido, do número de registro do rótulo e a correta indicação do endereço da fábrica.

    • Para a carne de siri congelada Pedone, o inspetor fez seis observações à empresa, entre elas substituir a frase “polpa da garra por carne de garra” e “acentuar graficamente os seguintes vocábulos: ‘peso’, ‘líquido’, ‘fábrica’ e ‘Criciúma’”.

    • Recipientes plásticos, caixas de papelão, papel vegetal e invólucros de alumínio são alguns exemplos de tipos de embalagens e rótulos encontrados no acervo do Ministério da Agricultura.

    • Embora o regulamento Rispoa permitisse que os rótulos fossem submetidos à apreciação da Divisão de Inspeção em papel, muitas empresas enviaram o rótulo impresso na embalagem definitiva.

    • Os rótulos submetidos à Dipoa apresentam grande variedade estética, alguns são bastante simples, outros, mais elaborados, demonstrando, muitas vezes, os recursos financeiros e o alcance de cada empresa.

    • Segundo a legislação, a rotulagem aplicada em produtos destinados ao comércio internacional poderia ser impressa em uma ou mais línguas estrangeiras, porém uma das faces deveria reproduzir o texto em língua portuguesa.

    • Eram os frigoríficos norte-americanos instalados no Brasil que produziam carnes industrializadas para o mercado externo.

    • Até os dias atuais, o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) deve ser aplicado em todos os produtos de origem animal, conforme as normas federais.

    • Quando esse selo não era utilizado corretamente, a Dipoa vetava o uso do rótulo, como no caso dos rótulos da empresa Produtos de Pesca do Pará S.A.

    • O controle da produção industrial e a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal
    • Hábitos alimentares
    • Hábitos alimentares

      Esta exposição nos remete ao desenvolvimento e consolidação da indústria alimentar brasileira e aos novos hábitos alimentares que foram surgindo no país, entre os anos 1940 e 1970. A produção da comida industrializada, por exemplo, intensifica-se durante todo o século XX, moldando o padrão alimentar dos grandes centros urbanos, em detrimento do consumo dos produtos regionais e de forte tradição cultural.  Leia mais

    • Na indústria de alimentos, o ramo de laticínios sempre teve peso importante. O leite é a matéria-prima para o fabrico de uma gama variada de produtos, como bebidas lácteas, manteigas, queijos, doce de leite, leite condensado etc.

    • O cientista francês Louis Pasteur, no século XIX, resolveu o problema da conservação prolongada dos alimentos ao estabelecer um processo de esterilização. Batizado a partir de seu nome, a pasteurização consiste em expor os alimentos (leite, queijo, iogurte, cerveja, vinho) a alta e, em seguida, a baixa temperatura, a fim de eliminar microrganismos nocivos à saúde. Choco Milk. Refrescante, nutritivo e saudável.

    •  O doce de leite é uma iguaria amplamente consumida nos países da América Latina. No Brasil, Minas Gerais respondia por uma grande parcela da produção nacional do produto, que é uma sobremesa distintiva da culinária mineira. 

    • No Brasil, a Fábrica de Produtos Alimentícios Vigor foi fundada, em 1917, como uma pequena manufatura de leite em pó na cidade de Itanhandú, no estado de Minas Gerais.

    • Posteriormente, em 1920, a fábrica de produtos alimentícios Vigor passou a comercializar leite condensado – muito utilizado, naquele momento, para a alimentação de crianças na primeira infância. Foi a Vigor que iniciou o fornecimento de leite pasteurizado para a cidade de São Paulo em 1925.

    • No Brasil, até meados do século XIX, vigorou a fabricação de queijos produzidos, sobretudo, em fazendas de Minas Gerais, utilizando o excedente da produção de leite da região. Sendo considerado o primeiro tipo de queijo produzido no país, o “queijo minas” gradativamente ganhou o mercado do Rio de Janeiro, recebendo esse nome devido à sua origem. Foi uma adaptação da receita portuguesa para a produção de queijos da Serra, que usava leite de ovelha, substituído, no Brasil, pelo leite de vaca, resultando em um queijo macio e branco.

    • O “queijo de Minas” também deu origem a outros queijos, como minas frescal, minas curado ou padrão, do Serro, coalho e minas do Araxá.

    • Com expressiva representatividade no acervo do Ministério da Agricultura, centenas de rótulos de queijos mostram a variedade dos produtos e as diversas regiões de sua fabricação no Brasil.

    • Rótulos de queijos estepe e minas de Andrelândia (Minas Gerais) e de Itaperuna (Rio de Janeiro).

    • Rótulos de queijos prato e gruyère, respectivamente de Bom Conselho (Pernambuco) e Jaraguá do Sul (Santa Catarina).

    • A manteiga era um artigo extremamente raro no Brasil durante o período colonial, mesmo entre as classes mais abastadas, apesar de ser um ingrediente fundamental da culinária portuguesa. As primeiras manteigas eram importadas da Inglaterra, e bem diferentes das que conhecemos atualmente: tinham coloração vermelha, textura rançosa, e deveriam ser lavadas antes do consumo. Durante o século XIX, certas regiões do Brasil, como Minas Gerais, começaram a usar o excedente do leite para a produção de manteiga. No censo industrial de 1920, o ramo de laticínios possuía 322 estabelecimentos, sendo 303 destinados à fabricação de manteiga e queijos.

    • A margarina surgiu na França, no final do século XIX, como um substituto para a manteiga, pois era mais barata e fácil de conservar. O imperador Napoleão III ofereceu um prêmio para quem conseguisse encontrar uma alternativa satisfatória para a manteiga e, em 1869, o químico Hippolyte Mège-Mouriès registrou a patente da oleomargarine. Seu nome deriva do grego, margaron, pérola.

    • No Brasil, a margarina começou a ser produzida nos anos 1950, e hoje é elaborada à base de gordura vegetal e leite, além de corantes e conservantes químicos.

    • No Brasil, até o surgimento da indústria frigorífica, na década de 1910, prevaleciam as charqueadas primitivas e os matadouros municipais, que faziam o abastecimento local de modo bastante precário. Em 1913, foi construído o primeiro matadouro-frigorífico nacional, da Cia. Frigorífica Pastoril, pioneiro da industrialização e exploração da pecuária de corte do Brasil, instalado em Barretos, São Paulo, e adquirido, em 1923, pela empresa britânica Anglo, da família Vestey. O frigorífico Anglo de Barretos desempenhou papel importante no desenvolvimento da indústria da carne bovina porque lá foram realizadas, ao longo de quatro décadas, pesquisas que nortearam o aprimoramento do setor. A empresa Sociedade Frigorífico Anglo tinha também suas instalações em Mendes, no Rio de Janeiro, com edificações dotadas de câmaras frias que pertenceram à cervejaria Teutônia, da Cia. Brahma. No início da década de 1990, os Vestey venderam a indústria, que hoje pertence à empresa JBS S.A..

    • O segundo matadouro-frigorífico instalado no país foi o Continental do Brasil, construído em Osasco, São Paulo, pela empresa Land Cattle. Em 1918, essa companhia foi adquirida pelo frigorífico Wilson, que nessa época havia instalado outro em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e mais tarde inaugurou uma unidade de abate e industrialização de suínos em Ponta Grossa, no Paraná. A companhia seria vendida, em 1971, para um grupo empresarial argentino que manteve a marca Wilson, mas mudou o nome da empresa para Comabra. Em 1992, a Comabra foi incorporada pela Sadia.

    • As empresas multinacionais americanas e inglesas foram decisivas para expandir a instalação de frigoríficos no Brasil. Trouxeram experiências dos seus empreendimentos em outros países e conhecimento da tecnologia de processamento, transporte e comercialização dos produtos e subprodutos do abate de carnes. Foi no estado do Rio Grande do Sul que se concentrou parcela significativa dos matadouros-frigoríficos do Brasil. A Anglo (do grupo Vestey) de capital britânico e as três maiores empresas de capital norte-americano, Swift, Armour e Wilson (que, juntamente com as empresas Morris e Cudahy, formavam o grupo conhecido como Big Five, até 1950 responsável por noventa por cento do abate de bois nos EUA) se instalaram no Rio Grande do Sul na primeira metade do século XX. Um dos motivos era a isenção fiscal concedida pelo estado: enquanto Paraná e Santa Catarina estabeleceram o prazo de 14 anos de isenção de imposto sobre os produtos exportados, o Rio Grande do Sul publicou decreto estadual oferecendo trinta anos de isenção. A expressividade do estado pode ser vista em números: segundo o historiador Alfredo de Pádua Bosi, a participação do estado na exportação de carne passou de sete para 32 mil toneladas entre 1919 e 1921, o que correspondia a 52% da produção nacional. A força da indústria Wilson no Brasil está expressa no acervo de Registro de Rótulos do Ministério da Agricultura, onde constam dezenas de diferentes itens, desde bacon defumado até refeições prontas com receitas brasileiras, demonstrando a variedade de produtos elaborados pela empresa.

    • No começo do século XX, instalaram-se no país as multinacionais de alimentos Wilson & Company, Armour, Swift, Continental e Anglo. As empresas americanas Armour e Swift foram fundadas por Phillip Armour e Gustavus Swift, ambos açougueiros. Em 1917, a Swift no Brasil iniciou a construção de um frigorífico na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, que tinha a capacidade de abater cerca de mil bois por mês. No ano seguinte, a empresa abriu outro abatedouro, na cidade de Rosário do Sul (RS), que conseguia abater seiscentos bois mensalmente.

    • A Swift oferecia uma ampla gama de produtos industrializados, como presunto, salsichas, bacon, carne de frango, ovos, manteiga. Nesse período, começou a diversificar seus produtos além da carne bovina fresca, incluindo o beneficiamento de pescado.

    • As exportações de carne do Brasil tiveram início em 1914. No ano de 1917, duas empresas norte-americanas de Chicago instalaram suas fábricas no Rio Grande do Sul: a Armour, em Santana do Livramento, e a Swift, nas cidades de Rio Grande e Rosário do Sul, que no ano seguinte fez a primeira exportação de carne congelada do estado.

    • A partir de 1927, o Anglo passaria a exportar carne refrigerada denominada chilled beef para o mercado de Londres em navios da Blue Star Line, da mesma companhia. Foi considerado na época o maior frigorífico da América do Sul, com capacidade para abater 240 bovinos e trezentos suínos por hora.

    • A carne enlatada, conhecida no exterior como corned beef, era um produto típico de exportação, pois não havia mercado para ele no Brasil.

    • O auge da exportação de carne enlatada ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando os enlatados do Rio Grande do Sul abasteceram os Estados Unidos e a Europa. As grandes empresas internacionais dominaram sozinhas o mercado de carne no Brasil até a década de 1940, com o crescimento daquelas já existentes no Rio Grande do Sul e nos outros estados da região e com o surgimento de cooperativas que instalaram abatedouros frigoríficos.

    • A empresa Renner foi fundada em 1896, em Montenegro, no Rio Grande do Sul, por Jacob Renner, ao estabelecer sua fábrica de banha junto ao cais do porto, às margens do rio Caí. O frigorífico Renner foi a maior empresa de Montenegro por quase um século, e o seu imponente prédio de cinco andares se destacava na paisagem da cidade povoada de pequenas casas. Centenas de funcionários trabalhavam no frigorífico e nos prédios vizinhos para a produção de banha, presunto, salsicha, linguiça, salame, entre outros produtos. Foi decretada falência em 31 de março de 1980.

      Os habitantes da região defendiam a restauração do edifício e sua incorporação ao patrimônio histórico e cultural da cidade, contudo essa proposta foi vencida e o Ministério Público ordenou a demolição, ocorrida em 2014.

    • Tradicionalmente, os frigoríficos no Brasil ofereciam aos trabalhadores benefícios como moradia e vilas operárias, além de campos de futebol, farmácia e postos de assistência médica. Um exemplo foi a empresa Frigoríficos Nacionais Sul-Riograndense (Frigosul), que entrou em funcionamento em 1929, com instalações localizadas próximo ao rio Gravataí, em Canoas, Rio Grande do Sul. Este empreendimento impulsionou o crescimento urbano e industrial de Canoas, município que faz divisa com Porto Alegre.

      A Frigosul, como outras empresas de abate de animais, tinha seu próprio time de futebol, chamado Frigorífico Nacional Futebol Clube, e seu próprio estádio, o Complexo Frigosul.

    • A empresa da família Rizzo iniciou suas atividades em 1919 e, no ano seguinte, abriu uma indústria de banha em Guaporé, Rio Grande do Sul. Em 1938, a empresa inaugurou, na cidade de Caxias do Sul, o Frigorífico Rizzo, para abate e industrialização de carnes. 

      Instalada no bairro conhecido hoje como Desvio Rizzo, a empresa era proprietária de um jornal, o Diário do Nordeste, e da rádio Caxias, tendo, assim, importância significativa na vida social e econômica da cidade até 1990, ano em que foi extinta.

    • A marca Perdigão teve origem em um pequeno negócio, o armazém Ponzoni, Brandalise & Cia., de descendentes de duas famílias de imigrantes italianos – os Ponzoni e os Brandalise –, que foi inaugurado em 18 de agosto de 1934, em Vila das Perdizes, no meio-oeste do estado de Santa Catarina, às margens do rio do Peixe. Em 1939, a empresa expandiu suas operações dando início às atividades industriais com um abatedouro de suínos e passou a fabricar produtos industrializados de aves.

      Em 1941, sua identidade visual foi criada, trazendo um casal de perdizes, que se tornaria o símbolo de reconhecimento da marca perante os consumidores. Era prática comum entre os frigoríficos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, como os das empresas Perdigão, Sadia, Renner, Frigor e Frigosul, a criação de times de futebol formados pelos empregados.

    • Attilio Fontana fundou em 1944, em Concórdia, região oeste de Santa Catarina, um moinho de trigo que deu origem à Sadia, batizada a partir das iniciais de Sociedade Anônima e das três últimas letras da palavra Concórdia. A empresa também criava e comercializava porcos para as fábricas da região. A mão de obra era formada, em sua maioria, por descendentes de imigrantes italianos, que moravam em uma pequena vila operária.

    • Em 1950, a Sadia inaugurou a produção de presunto de Parma, e em 1952, adotou o transporte aéreo para distribuição. Em 1967, passou a exportar hambúrger para a Europa e em 1975, seus frangos entram no mercado consumidor do Oriente Médio.

    • Fundado em 1956, na cidade de mesmo nome em Santa Catarina, o Frigorífico Seara S.A. era voltado para o abate e processamento de aves e suínos. Em 1959, submeteu à Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) um de seus primeiros rótulos – banha suína de 1kg. Foi comprada pela empresa JBS S.A. em 2013.

    • O imigrante italiano Raphaelo Sarti chegou a São Paulo em 1898. Trabalhou como padeiro até ir, no ano seguinte, para Poços de Caldas, Minas Gerais. Aí se estabeleceu como açougueiro, dedicando-se, inicialmente, à fabricação de linguiças. Fundou o frigorífico Tamoyo, que, após sua morte em 1948, ficou sob o comando de seus filhos. A partir dessa data, a empresa passa a comercializar mortadelas, charques, salsichas e linguiças.

    • Entre 1950 e 1970, há uma redução notável no número de estabelecimentos produtores de banha – de 92 fábricas em 1950, para 11 em 1970.

    • A diminuição de empresas no ramo de abate de suínos e de produção de banha decorreu da expansão do mercado da carne de frango e da substituição da banha pelos óleos vegetais.

    • Rótulos de produtos de carne de frango. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1970, o ramo de abate de aves foi vinte vezes maior do que em 1950 em número de empregados e quase quarenta vezes maior em quantidade de estabelecimentos.

    • Outro ramo da indústria alimentícia em grande expansão entre as décadas de 1950 e 1970 foi o da salsicharia. De acordo com o Censo Industrial referente a esse período, houve crescimento de 250% no número de estabelecimentos e aumento da mão de obra empregada de 1.235 para 8.835 funcionários.

    • Em 1970, com mais de cinquenta mil empregados e aproximadamente 2.400 estabelecimentos, o ramo de abate de animais e preparação de conservas ocupava o quarto lugar no segmento de alimentos no Brasil.

    • Em 1926, a novidade dos enlatados chegou aos Estados Unidos. Onze anos depois, em 1937, a companhia texana Hormel lançou um produto que faria muito sucesso: a presuntada em lata da famosa marca Spam. A Anglo no Brasil oferecia o produto com o nome de Presto, ou seja, combinação de carne e presunto, e, segundo a recomendação do fabricante, ele podia ser consumido frio, em sanduíches ou acompanhando saladas, ou quente, com ovos.

    • A indústria alimentar desenvolveu, durante o século XX, uma culinária industrial para atender a uma sociedade em transformação. O crescimento dos centros urbanos, o aumento demográfico e a expansão da força de trabalho, por exemplo, fizeram com que as empresas de alimentos criassem produtos para atender às novas necessidades, visto que as pessoas começaram a passar cada vez mais tempo fora de casa, reduzindo substancialmente a disponibilidade para o preparo da alimentação.

      Nos Estados Unidos, a partir de 1953, surgem os pratos congelados denominados TV Dinner, abrindo o caminho para a substituição gradual dos itens prontos em conserva, os conhecidos enlatados, pelos congelados prontos para o consumo.

    • No Brasil, diferentemente da realidade americana, a comida pronta congelada só teria expansão a partir da década de 1990. As primeiras geladeiras começaram a ser comercializadas em 1950, os freezers em 1960 e o primeiro microondas doméstico surgiu no ano de 1980. Assim, a comida pronta disponível no mercado nacional ainda eram as refeições enlatadas em conserva.

    • A indústria alimentícia passou a oferecer comida congelada graças ao americano Clarence Birdseye, que inventou, nos anos 1920, a técnica de congelamento rápido que se popularizaria duas décadas mais tarde. Nos anos 1940, a companhia de Birdseye já congelava todo tipo de alimentos, lançando no mercado americano os primeiros alimentos cozidos congelados.

    • No Brasil, as vendas de alimentos congelados já estão presentes na década de 1950, com destaque para os produtos oriundos do mar.

    • A gradativa oferta de refeições prontas pela indústria alimentícia expressa uma correlação com o aumento, a partir dos anos 1950, da presença feminina no mercado de trabalho nacional.

    • Parte das grandes empresas do setor de alimentos desenvolvem no Brasil refeições prontas enlatadas de pratos tradicionais da culinária brasileira, como feijoada e mocotó, na tentativa de atrair o consumidor para essa nova forma de alimentação que exaltava a praticidade e a comodidade para os consumidores.

    • Outro exemplo de refeição pronta voltada para o mercado interno.

    • As empresas de alimentos instaladas em diferentes regiões do país que receberam fluxo imigratório ofereciam ao seu mercado local comida pronta usando receitas típicas da culinária europeia, como marreco e goulasch.

    • Iguaria de origem europeia comercializada no sul do Brasil.

       
    • Outro exemplo de produto consumido pelos imigrantes.

    • Os produtos da marca alemã Knorr, como sopas e caldos, já estavam presentes no Brasil em 1962. A primeira fábrica Knorr foi fundada em 1838, em Heilbronn, na Alemanha. As pesquisas sobre ressecamento de vegetais e temperos com a preservação de nutrientes e sabor culminaram no lançamento, em 1873, das primeiras sopas secas da Knorr na Europa, as sopas de ervilha Erbswurst, em 1889.

    • Em 1912, a Knorr lançou, na Europa, o primeiro caldo de carne em cubo. Como os caldos de frango e de carne bovina são muito utilizados nas culinárias de diversos países, os produtos da empresa conquistaram um grande mercado mundial, e os cubos de caldos se tornaram símbolo de uma cozinha mais fácil, liberando as mulheres do longo preparo das versões caseiras.

    • Quando a marca chegou ao Brasil, a oferta de alimentos industrializados era mínima e as brasileiras estavam acostumadas a fazer toda a comida da família, o que explica os primeiros anos de resistência aos produtos da marca Knorr.

    • A empresa foi criada em 1872, na Suíça, e o cubo de caldo de carne ou “cubo Maggi” foi introduzido em 1908, outro produto para substituição da carne. Em 1947, após várias mudanças na propriedade e estrutura corporativa, a holding Maggi se fundiu com a empresa Nestlé para formar a Nestlé-Alimentana S.A., atualmente conhecida em sua sede francófona como Nestlé S.A. A marca começou a ser comercializada no Brasil em 1962, oferecendo ao público sopas desidratadas em quatro sabores (creme de legumes, carne com conchinhas, creme de ervilhas com bacon e galinha com fidelini) e caldos de galinha e de carne.

    • Além da inspeção de carnes, ovos, leite, mel, a Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) era responsável pela verificação dos pescados que seriam comercializados.

    • Exemplo de pescado pronto para consumo.

    • Fundada em 1950, a marca Gomes da Costa se tornou, nas décadas seguintes, uma das líderes do mercado de sardinhas no país.

    • Nas primeiras décadas do século XX, diversas fábricas de conservas de sardinhas se instalaram em São Gonçalo, impulsionando a economia do estado do Rio de Janeiro.

    • A Empresa Brasileira Produtos da Pesca, proprietária da marca Nave, era uma das fábricas de conservas de pescado instalada em São Gonçalo.

    • A marca Juanito da Indústria e Comércio Cabo Frio é um dos únicos rótulos encontrados no acervo do Ministério da Agricultura que faz referência à América Latina, mais especificamente ao México.

    • A fábrica de conservas Caçula tinha sede em Niterói, município limítrofe a São Gonçalo.

    • Ao longo do litoral do estado de Santa Catarina, foram estabelecidas indústrias de beneficiamento de pescados, como sardinha e camarão. Em 1938, a empresa Marcos Görresen Limitada, exportadora de camarão seco, instalou sua fábrica no município de São Francisco do Sul, que, dado o seu caráter insular, constituiu-se em importante polo econômico de Santa Catarina.

    • A fábrica de conservas Wildnerinstalada desde o início do século XX em Vila da Glória, no município de São Francisco do Sul, Santa Catarina – era uma das principais indústrias da região e fornecia para as cidades vizinhas diferentes conservas, especialmente de frutos do mar, camarão e palmito.

    • Hábitos alimentares
    • Representações femininas e vida familiar
    • Representações femininas e vida familiar

      Os discursos sociais e políticos de diferentes esferas de saber e poder da primeira metade do século XX no Brasil, baseados em uma moral burguesa que priorizava os valores familiares, defendiam um tipo específico de mulher como ideal: a dona de casa. Mesmo com a presença de mulheres na esfera pública desde o início do século, com mulheres no mercado de trabalho (desempenhando funções como professoras, secretárias e enfermeiras) e na vida política, participando de passeatas, greves e na luta pelo sufrágio, esse discurso era predominante e teve profundo impacto na vida social brasileira do período. A distinção de gêneros na sociedade da época era clara: ao homem cabia a luta cotidiana com o mundo moderno para subsistência da família. A mulher, por sua vez, tinha um trabalho dito mais nobre e edificante: a maternidade. Leia mais

    • Em muitos casos, os rótulos tinham nomes que representavam uma qualidade feminina desejada ou uma imagem associada aos papéis atribuídos às mulheres, sobretudo às esposas. São comuns nos rótulos representações de mulheres no ato de servir, como na feijoada Deliciosa.

    • No caso do queijo muçarela Primor, a imagem retrata a mulher, em seu papel tradicional, servindo ou oferecendo o alimento à sua familia.

    • Para ser considerada uma boa esposa, a mulher deveria ser prendada nas tarefas domésticas. Cozinhar e servir era visto como obrigação de uma dona de casa dedicada. Muitas empresas evidenciavam esses aspectos domésticos nos rótulos, associando sua marca à dona de casa. A sopa de aspargos Knorr tinha como slogan: “Feita como eles gostam” (grifo do produto).

    • As marcas de composto de gordura bovina da empresa Swift do Brasil S.A. fazem referência a epítetos positivos comumente atribuídos a esposas, com o objetivo de agregar valor e distinção ao produto.

    • Outro “rótulo” comum dado pelos maridos às esposas era o de “patroa”, fazendo referência ao domínio das mulheres nos assuntos domésticos.

    • Os estereótipos femininos replicados nos produtos visavam também atrair as mulheres, que decidiam na maioria das famílias o que deveria ser consumido nas refeições.

    • Os termos machistas utilizados pela sociedade para classificar as mulheres são reforçados em várias marcas de produtos. Por outro lado não se encontram produtos com imagens e marcas intituladas “inteligente”, “atlética”, “competente”, “confiante”.

    • As qualidades que definem a nobreza eram outras fontes de inspiração para as marcas e seus rótulos. No caso da manteiga Rainha do Sul, para além do nome estabelecer uma qualidade superior do alimento, o nome e o rótulo associam o produto à representação da mulher como rainha do lar.

    • A fidalga, uma mulher da nobreza, que possui distinção e superioridade em relação a outros grupos sociais, foi a ideia escolhida pela empresa para também tornar nobre e se distinguir de seus concorrentes.

    • No discurso predominante sobre as mulheres do período, beleza e sensualidade eram atributos da feminilidade e foram usados pelas empresas em seus rótulos.

    • Imagens do comportamento ou da aparência tradicionalmente associados às mulheres são comuns nos rótulos: mulher graciosa, alegre, feminina.

    • Os rótulos não trazem apenas representações de mulheres em seu papel de rainha do lar ou em razão de seus atributos femininos. Na indústria leiteira, é comum retratar o trabalho da mulher na ordenha do leite, com o intuito de associar a qualidade do produto ao trabalho cuidadoso realizado pela mulher.

    • Na indústria leiteira, é comum retratar a mulher no campo junto ao rebanho, criando uma cena pastoril, que remete ao imaginário de um ambiente, bucólico, puro, enfim, idílico.

    • A indústria de conserva de pescado no Brasil foi, desde sua formação, no final do século XIX, marcada por uma presença maior da força de trabalho feminina nas atividades relacionadas a limpeza e conservação do pescado realizadas no chão da fábrica, assim como ocorria na Europa. As relações e as condições de trabalho das mulheres nas fábricas de conserva de pescado reproduzem relações de gênero que pouco se alteraram.

      As tarefas ligadas a alimentação e higiene constituem-se, na ideologia patriarcal, como “um serviço para as mulheres”. Assim, a captura é realizada, principalmente, por homens e o beneficiamento absorve grande parte da força de trabalho feminina do setor da indústria de transformação. Nos rótulos dos produtos de pesca do Ministério da Agricultura, não se encontra representação do trabalho feminino.

    • O papel social da mulher como responsável pelo espaço doméstico está representado neste rótulo. Perceba-se que a mulher/esposa observa, orgulhosa, enquanto o homem/marido e a criança/filho comem.

    • Cada vez mais influenciado pelo discurso médico, o ato de comer passou a percebido do ponto de vista de garantir a saúde e a vitalidade da família. Os benefícios nutricionais dos alimentos foram bastante explorados pela indústria do leite e seus derivados. Segundo o rótulo do “alimento concentrado” Milo, da Nestlé, o produto era voltado para casos de convalescença e desnutrição, e tinha adição de vitaminas A, D e do complexo B. Uma nota ao final do rótulo diz que “uma deliciosa bebida doce pode ser obtida usando-se o Leite condensado Marca Moça em vez de leite fresco (diluir uma parte de leite em 8 partes de água). Também para o preparo de MILO, o Leite em PÓ NINHO, diluído na proporção de uma parte de pó para 7 partes de água dá excelentes resultados e substitui, com vantagens, o leite fresco”.

    • Nos rótulos acima, a imagem da criança indica que o produto era destinado a toda a família. No caso da margarina Saúde, tanto o nome da marca como as informações sobre sua composição tentam esclarecer ao consumidor que o novo produto, a margarina, que começou a ser produzida no Brasil a partir dos anos 1950, apresentava benefícios à saúde.

    • Queijo pasteurizado voltado para crianças.

    • O queijo prato Salutar traz uma maneira inusitada de destacar os benefícios do produto para a saúde.

    • A farinha láctea passou a ser fabricada no Brasil em 1924, a partir da fórmula desenvolvida, originalmente, em 1866, pelo químico Henri Nestlé para crianças lactentes que não podiam ser amamentadas. A Nestlé é uma empresa fundada na Suíça, naquele ano, cujo nome (ninho, em alemão) e logotipo evocam família e segurança, ideias que desejava associar aos produtos comercializados. No Brasil, instalou-se em Araras, São Paulo, em 1921. Hoje, possui mais de oito mil marcas registradas ao redor do mundo.

       

    • Os rótulos de produtos da Nestlé apelavam para a crescente preocupação com a saúde, oferecendo as informações nutricionais, as indicações e vantagens do uso do produto para a saúde dos consumidores.

    • Produto da Nestlé que, de acordo com o rótulo, deveria ser acrescentado às mamadeiras para auxiliar na digestão de lactentes. Indica-se também que poderia ser usado por “crianças maiores e adultos”.

    • Lactogeno e Pelargon, produtos de leite em pó voltados para crianças lactentes. Para serem consumidos, deveriam ser dissolvidos em água. Nos rótulos consta, ainda, uma tabela de alimentação, com a indicação da quantidade a ser usada conforme a idade da criança.

    • Eledon, lançado pela Nestlé no Brasil em 1932, tinha por público-alvo crianças doentes. O rótulo indica que se tratava de uma embalagem especial para “instituições de assistência à maternidade e à infância”. No mercado de leite modificado para consumo infantil, o controle do mercado pela Nestlé era quase absoluto até meados dos anos 1970.

    • Leite condensado era considerado um substituto do leite fresco, sendo necessária, para seu consumo, a adição de água quente. De acordo com os rótulos analisados nesta exposição, um dos principais usos do leite condensado seria na alimentação de crianças na primeira infância. No rótulo do leite condensado Baby consta a seguinte “OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: o leite deve ser preparado na ocasião de ser tomado. O recipiente, colher, mamadeira, pipo etc., devem estar em absolto estado de limpeza, sendo conveniente proceder à sua esterilização com água fervente antes do uso”. Além disso, informa que “crianças recém-nascidas só devem fazer uso do leite condensado ‘Baby’ depois de passadas as primeiras 24 horas”.

    • O primeiro produto da Nestlé a ser fabricado no país foi o leite condensado, em 1921. A marca inicialmente comercializada era Milkmaid, conhecida, informalmente, no Brasil, desde o fim do século XIX, como “leite da moça”. A marca Moça passa a ser utilizada pela empresa em 1930, constando, em seus rótulos, o selo de sua premiação na Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, reforçando a imagem de modernidade e credibilidade do produto. Nos rótulos de leite condensado era comum existir uma tabela com a dosagem indicada para crianças, conforme a idade. O leite condensado Moça afirmava, em seu rótulo, que era possível “preparar as mamadeiras exclusivamente com Leite Moça até o 12º mês, diluindo, no segundo semestre, para cada uma das 5 refeições, 12 a 14 colheres das de café (40 a 50grs.) de Leite Moça em 19 a 20 colheres das de sopa (190 a 200grs.) de água fervida”. No Brasil, no final dos anos 1950, as vendas do leite condensado Moça aumentam vertiginosamente, e o produto se torna um ingrediente culinário importante na cozinha nacional.

    • Além da alimentação infantil, os rótulos de leite condensado indicavam seu uso culinário ou doméstico. A marca Eagle informava que, “para tomar com café, água ou chocolate, pode ser empregado sem diluir”.

    • Além do leite condensado, encontram-se rótulos de leite evaporado. O leite evaporado é semelhante ao condensado, com a diferença de que não há adição de açúcar. Sobre seus usos, o rótulo da marca Peerless indicava: “para dar melhor sabor ao café, chá cacau ou cereais, usar o leite evaporado ‘Peerless’ não diluído. Para fins culinários, empregá-lo diluído ou não, como desejar”.

    • Segundo o rótulo “o leite evaporado sem açúcar ‘St. Charles’ é um leite completo de vaca, cuidadosamente selecionado, do qual foi retirada mais da metade de seu conteúdo em água. Devido à homogeneização, é de consistência uniforme e nutritivo. É também esterilizado para obter sua perfeita conservação”.

    • Representações femininas e vida familiar
     
     
    • A influência dos imigrantes e descendentes na indústria de alimentos e na culinária brasileira
    • A influência dos imigrantes e descendentes na indústria de alimentos e na culinária brasileira

      A política imigratória brasileira da segunda metade do século XIX até o final da República Velha foi incentivada e subsidiada pelo governo. Seja para a ocupação do território com fins de colonização, seja para as atividades agrícolas em substituição dos escravos, o Estado atuou intensamente no sentido de promover a entrada de imigrantes e na alocação dessas populações no território. Leia mais

    • Thovard Nielsen, dinamarquês, estabeleceu uma pequena fábrica na fazenda Campo Lindo, município de Aiuruoca, Minas Gerais, e desenvolveu um queijo similar aos tradicionais dinamarqueses tipo tybo e danbo. Os fiscais da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) descreveram esse novo produto como um queijo grande, circular, em forma de prato. Assim acabou sendo batizado como “queijo prato”.

       

    • O sabor suave do queijo prato conquistou o mercado consumidor brasileiro e o seu uso para preparação de lanches, tornaria o produto, também identificado como “queijo lanche”. Após os anos de 1960, muitas fábricas adotaram o formato de paralelepípedo para facilitar seu fatiamento.

       

    • A tradição de europeus na indústria de laticínios em Minas Gerais continuou com os imigrantes dinamarqueses. O queijeiro Liefkai Godtfredsen chegou ao Brasil oriundo da Dinamarca em 1924, trazendo o fungo Penicillium roqueforti, usado na maturação dos queijos azuis como roquefort e gorgonzola, até então desconhecidos da maioria dos brasileiros.

    • Os rótulos dos produtos da marca Skandia trazem a imagem de dois homens, em trajes nórdicos, soprando a trompa de batalha do deus Gjallarhorn. Scandia era o nome usado por geógrafos gregos e romanos para designar ilhas no norte da Europa, tornando-se, posteriormente, sinônimo de Escandinávia. Em 1987, a marca Skandia foi comprada pela empresa Polenghi Indústrias Alimentícias Ltda.

    • Além de Liefkai Godtfredsen, outros queijeiros dinamarqueses chegaram ao Brasil na década de 1920. Devido ao clima, instalaram-se, majoritariamente, nas serras mineiras, tornando-se referência na produção de queijos finos. A empresa de Hans Norremose, dinamarquês que veio para o Brasil em 1930, ficava em Minduri, Minas Gerais. Tilsit é um queijo de origem alemã, amarelado, semiduro, com pequenas olhaduras, e, em alguns casos, leva kümmel, especiaria semelhante à erva-doce. A Fábrica de Laticínios Norremose & Cia. foi a primeira marca de queijos finos no país, produzindo, além do queijo tilsit, os queijos gouda, itálico e port-salut.

    • A Companhia Laticínios foi fundada pelo imigrante holandês Alberto Boeke, que chegou ao Brasil no início do século XX como mecânico de equipamentos das empresas de laticínios de Carlos Pereira de Sá Fortes, pioneiro da indústria no Brasil na Serra da Mantiqueira. Em 1907, Boeke fundou com três sócios a empresa Boeke, Jong e Companhia. Em 1922, cria sua própria empresa, a Companhia Laticínios Alberto Boeke, detentora das marcas Clab e Borboleta.

    • Surgida em 1928, a marca Batavo foi criada em Carambeí, pela Cooperativa Central de Laticínios do Paraná, posteriormente Cooperativa Agropecuária Batavo Ltda. A Cooperativa formou-se a partir da união de empresas leiteiras de famílias de imigrantes holandeses, que chegaram ao Brasil no início do século XX.

    • Algumas marcas fazem referências em seus rótulos a outros países. A herança portuguesa serviu de inspiração para as empresas brasileiras. O queijo prato Lisboeta destacava, no detalhe de seu rótulo, a imagem do Terreiro do Paço de Lisboa, também conhecida como Praça do Comércio.

    • A manteiga Linda-Luso, por sua vez, apresentava um casal – o homem traz um terço e a mulher, o que parece um traje à lavradeira, roupa que a mulher do campo em Portugal usava para trabalhar e para ocasiões festivas (neste caso, as vestimentas eram mais rebuscadas).

    • Para conferir distinção ao seu produto, a Fábrica de Conservas R. Bunel tinha a marca Paris, associando-se, assim, à capital mundial da alta gastronomia, e o rótulo do seu presunto cozido reproduzia a Torre Eiffel.

    • Os portugueses da empresa Branco e Irmão tinham várias fábricas de laticínios no município de Campanha, Minas Gerais. Do período proclamação da república até o fim da República Velha (1889-1930), os portugueses foram o segundo maior grupo de imigrantes no Brasil, sendo superados somente pelos italianos.

    • A empresa Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM) foi fundada por Francesco Antonio Maria Matarazzo, italiano que emigrou para o Brasil em 1881, instalando-se na província de São Paulo. Atuava não apenas nos ramos alimentícios, mas também na tecelagem, transportes, imóveis e outros. À época de sua morte, em 1937, Francesco Matarazzo era o homem mais rico do Brasil.

       
    • A indústria de produtos suínos Z. D. Costi & Cia. Ltda. pertencia a Zeferino Demetrio Costi, filho de imigrante italiano. Em 1948, foi instalado seu primeiro frigorífico em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A empresa tinha filiais em diversos estados e exportava para países da Europa. O conglomerado industrial produzia embutidos, defumados, gorduras e sabão. Com a marca Deliciosa apresentou a linha de seus principais itens: linguiças, cortes especiais e produtos cozidos como apresuntado, mortadela e salsichas. A empresa chegou a ter cerca de mil empregados, tornando-se uma referência econômica, social e cultural para cidade, ao estimular a criação de suínos na região, fundar duas vilas operárias e realizar doações para construção de igrejas e escolas. Reunia, ainda, fábrica de ração animal, olaria para construção das casas das vilas operárias e fabricava roupas e calçados. Seus funcionários integravam o time de futebol amador Grêmio Esportivo Costi.

    • Imigrantes italianos foram atraídos para a região do meio-oeste catarinense, situada à margem do rio Peixe, dada a possibilidade de cultivarem o trigo. A cor amarelada dos trigais deu origem ao nome da vila, Ouro, que seria fundada em 1906. A construção da estrada de ferro Paraná-Santa Catarina impulsionou o surgimento de novas atividades econômicas para atender ao consumo das famílias de trabalhadores da ferrovia que acabaram fixando moradia na região. Os armazéns comercializavam gêneros alimentícios e utilidades diversas. Foram estabelecidas atividades voltadas para a criação e abate de rebanhos de gado e de suínos, e um desses comerciantes fundou as Indústrias Reunidas Ouro S.A., voltada para a fabricação de produtos alimentícios de origem suína. O funcionamento da nova ferrovia facilitou o escoamento da produção agrícola do estado de Santa Catarina e proporcionou às Indústrias Ouro o meio de transporte para levar seus produtos a novos mercados, impulsionando a atividade econômica da região. Na década de 1950, as Indústrias Ouro colocaram em funcionamento sua usina hidroelétrica, resultado do aproveitamento da energia hidráulica de uma queda d’água existente no rio do Peixe, melhorando a situação do abastecimento de energia elétrica na região.

    • Rótulo do queijo provolone Tania. Queijos de massa filada, como muçarela, gorgonzola e caccio cavalo, foram trazidos para o Brasil pelos imigrantes italianos. A filagem ocorre quando a coalhada é inserida em água quente, resultando em uma massa elástica, com fios alongados. Os italianos foram o maior grupo de imigrantes no país: até 1930, mais de um milhão emigraram para o Brasil.

    • Rótulo de sardinhas prensadas de marca Ilha Grande, da empresa Irmãos Nakamashi & Cia.

      Os imigrantes japoneses começaram a chegar ao Brasil a partir de 1908 para trabalhar na agricultura, em especial nas lavouras de café paulistas. Além do trabalho no campo, ingressaram na indústria pesqueira. Apesar de se concentrarem, sobretudo, no litoral paulista, próximo a Santos, imigrantes japoneses também se estabeleceram em Ilha Grande, no município de Angras dos Reis, com destaque para as famílias Nakamura, Nakamashi, Uehara, Hadama, Tonaki e Ueti. 

    • A indústria pesqueira na Ilha Grande cresceu com a chegada dos imigrantes japoneses. Foram criadas fábricas de beneficiamento de peixes em diversas praias, como Manguariqueçaba, Matariz, Praia Vermelha, Ilha da Gipoia, Passa Terra, dentre outros. A empresa Uehara & Cia., da marca Jabaquara, estava instalada na praia de Ubatubinha; por sua vez, as sardinhas prensadas São Pedro, empresa de Ayuzo Uehara, tinha sede na praia de Araçatiba. A partir da década de 1980, as fábricas de pescado em Angra entraram em declínio, sendo a última fechada em 1992.

    • As famílias nipônicas na Ilha Grande começaram suas atividades na fabricação de dashicô, um tempero japonês à base de sardinha seca e defumada usado para caldos e sopas, que era vendido para outros imigrantes e descendentes japoneses em São Paulo. Posteriormente, os pescadores da Ilha Grande passaram a produzir sardinhas prensadas e salgadas, ampliando seus negócios.

    • A referência à bandeira do Japão, utilizada por exemplo nos rótulos das sardinhas prensadas Sol (empresa de Jinkiti Kora) e Kamome (de Teiiti Suzuki), indica ao consumidor que o produto é fabricado segundo a tradição e experiência trazidas pelos imigrantes japoneses, agregando distinção e qualidade em relação aos concorrentes nacionais.

    • Tainha em molho de vinagre Kormann, empresa fundada pelo descendente de alemães de Brusque, Santa Catarina, Guilherme Kormann.

      No sul do país, a partir do século XIX a imigração alemã foi subvencionada pelas províncias e pelo governo imperial visando o estabelecimento de núcleos coloniais. A escolha pelos imigrantes alemães decorreu de serem considerados bons agricultores. Posteriormente, essa designação de bom agricultor recaiu sobre os imigrantes italianos.

    • Descendente de alemães nascido em Indaial, Santa Catarina, Carlos Schroeder foi um empresário dos ramos de laticínios, carnes e agricultura, sendo também exportador de fumo. O auge de sua empresa foi nos anos 1950. A marca Diva comercializava produtos de origem animal, com destaque para os cortes suínos. O salame tipo cracóvia foi desenvolvido originalmente em Prudentópolis, no Paraná, cidade com muitos descendentes de ucranianos. A empresa encerrou suas atividades em 1978.

    • A comunidade teuto-brasileira em Santa Catarina tinha representação significativa na sociedade e no comércio local na primeira metade do século XX. O descendente de alemães Gustavo Gumz fundou, em Jaguará do Sul, uma fábrica de derivados do leite denominada Sant’Ana.

    • A marca Urú pertencia à empresa Fritz Lorenz S.A. Indústria, Comércio e Agricultura, de Timbó, Santa Catarina. Nascido em Blumenau em 1882, Fritz Lorenz era filho de imigrantes alemães.

    • Wilhem Weege, filho do imigrante alemão Carl Weege – que se estabeleceu em Pomerade, Santa Catarina, no último quarto do século XIX –, fundou, em 1906, uma fábrica de laticínios. Sediada em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina e ao norte de Pomerade, produzia manteiga, queijos e outros produtos derivados do leite. Em 1948, seu filho Wolfgang assumiu os negócios, diversificando a atuação da empresa, com a compra de um frigorífico e de um posto de gasolina, sob o nome Indústria e Comércio W. Weege S.A.. Em 1968, teve início o Grupo Malwee, de produtos têxteis.

      Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 11, 1957.

    • Fundada ainda no século XIX em Blumenau, Santa Catarina, pelos imigrantes alemães Rudolph Jensen, de Pellworm, e Karoline Key, de Hamburgo, a Firma Jensen atuava nos ramos de laticínios e de carnes bovina e suína por meio de sua marca Frigor. A partir da década de 1930, a agora Companhia Jensen Agricultura, Indústria e Comércio incluiu outros ramos da indústria alimentícia em seu portfólio, como, por exemplo, a criação e abate de carnes de aves e o beneficiamento de arroz. Em 1977, a empresa foi vendida para o Grupo Mansur, de São Paulo.

    • Produtos como banha e embutidos como linguiças, salsichas, salame, mortadela, presunto cru e cozido, copa, lombo defumado e toucinho eram comercializados pela empresa Frigor. Muitos dos seus itens, como mostram os rótulos de “morcilhas de sangue e língua”, “pão de sangue” e “língua bovina recheada”, eram iguarias apreciadas na Alemanha e outras regiões da Europa. A Companhia Jensen foi a primeira empresa, no Brasil, a embalar leite em sacos plásticos de um litro. Como era comum, à época, nas grandes indústrias frigoríficas do sul, os funcionários da Cia. Jensen formaram um time de futebol, o Frigor Esporte Clube, em 1925. A empresa decretou falência em 1984.

    • A influência dos imigrantes e descendentes na indústria de alimentos e na culinária brasileira
    • Representações de identidades locais
    • Representações de identidades locais

      A formação dos hábitos alimentares nas diferentes culturas é uma construção que envolve inúmeros aspectos: identidade cultural, classe social, renda, crença religiosa, estilo de vida, caráter nutricional, publicidade, lembranças e emoções – enfim, são inúmeras as razões que determinam a escolha, preparação e consumo dos alimentos. A cultura estabelece nossos gostos, o que comemos e o que não é aceitável comer, definindo nossas preferências alimentares. Leia mais

    • A representação de uma vida tradicional no campo, plena de elementos que evocam um Brasil que ainda guardava seus traços rurais e “autênticos”, são constantes em rótulos de marcas de laticínios.

    • A representação da cena rural era usada pelas empresas  que desejavam associar suas marcas à tradição brasileira na produção leiteira.

    • A cena campestre era representada também de forma similar, seja do interior mineiro, fluminense ou goiano.

    • As vacas leiteiras eram, obviamente, os animais mais representados nos rótulos de laticínios. A produção leiteira do sudeste brasileiro, até meados dos anos 1970, era composta em sua maioria por pequenas e médias unidades familiares.

    • Cabia ao ramo leiteiro fornecer o leite cru para a indústria de processamento, que transforma o produto em derivados (requeijão, leite em pó, iogurtes etc.).

    • Os rótulos de queijo Casa Nova, da Fábrica de Laticínios Ferreira e Carvalho, e Primavera, da Fábrica de Laticínios de José dos Santos Ribeiro, ambas localizadas em Andrelândia, Minas Gerais, trazem a iconografia clássica de boa parte dos produtos derivados do leite mineiro: no centro do rótulo, destaque para o gado leiteiro com a sede da fazenda ao fundo.

    • Minas Gerais é o estado com maior número de rótulos no acervo do Ministério da Agricultura. A identidade mineira e as especificidades das diferentes cidades estão expressas de variadas maneiras. Os rótulos dos produtos da marca Lac, por exemplo, trazem o triângulo da bandeira do estado de Minas Gerais, assim como seu lema: libertas que sera tamen.

    • Na manteiga Flor de Minas, da empresa de Alberto Manna e Cia., as identidades local e mineira se combinam no produto, com referência ao estado e a Campina Verde, cidade do triângulo mineiro.

    • A imagem de índios também foi utilizada por empresas para representar certos aspectos da identidade mineira. Em 1950, Giacomo Russo, que já trabalhava no ramo de laticínios desde 1897 em Santo Antônio do Grama, Minas Gerais, compra a Companhia Industrial de Laticínios Ltda., de Abre Campo, também de Minas. A referida Companhia era especializada na produção de manteigas, com a marca Cotochés, nome de uma tribo que existiu na região de Abre Campo. Por sua vez, os produtos Jupíra, de propriedade da fábrica Laticínios Lavras Ltda., aludem ao conto do escritor mineiro Bernardo Guimarães.

    • Na linha de laticínios Prata, da Cooperativa Agropecuária de Itaperuna, no estado do Rio de Janeiro, fundada em 1941, verifica-se, a despeito da diversidade de produtos, a referência permanente à vida idílica do campo, com ilustração que remete à representação de paisagem típica do interior fluminense.

    • Outros produtos da marca Prata. Podemos destacar o requeijão que varia de textura, formato, cor e embalagem. O sabor suave do requeijão cremoso é o resultado da adição de creme de leite fresco à massa do leite desnatado coalhado, dessorado e cozido. Diferente, o requeijão tradicional tem  sabor mais marcante e massa firme, por conter mais gordura do que a versão cremosa.

    • O rótulo da marca de manteiga Joia, oriunda do município de Valença, Rio de Janeiro, faz menção à Estrada de Ferro Central do Brasil, criada em 1858. A Estação de Valença, inaugurada em 1871, foi incorporada à Central do Brasil em 1910, fazendo parte do ramal de Jacutinga da Rede de Viação Fluminense. Marco delineador de identidades regionais, as estradas de ferro tiveram papel determinante na integração territorial e no desenvolvimento econômico do interior do país, já que proporcionavam um rápido escoamento da produção agroindustrial.

    • Para além do campo, as marcas faziam referências a personalidades, fatos e locais emblemáticos da região. A Cooperativa Agropecuária de Cantagalo Ltda. decidiu nomear sua marca de manteiga Sertões, em homenagem ao escritor Euclides da Cunha, que nasceu em Cantagalo em 1866.

    • A vinculação do estado do Rio de Janeiro com o futebol fez com que alguns produtos se associassem ao esporte. Construído para a Copa do Mundo de 1950 e palco da sua final, o estádio Maracanã tornou-se um símbolo carioca. Quando foi inaugurado era o maior estádio de futebol do mundo. A empresa Irmãos Drucker Ltda., de Cabo Frio, lançou as sardinhas enlatadas com a marca Maracanã. Por sua vez, a Cooperativa Agropecuária de Amparo, de Barra Mansa, vendia a manteiga Football.

    • O Frigorífico Santarrosense S.A. foi criado em 1956 pelo empresário Pedro Carpenedo e teve grande atuação na suinocultura do Rio Grande do Sul, sendo um dos maiores abatedouros do estado. A partir de 1986, passou a se chamar Prenda S.A., nome da marca de seus produtos. Na tradição gaúcha, a prenda é o par feminino do peão da atividade pecuária, o gaúcho. O Frigorífico teve também um time de futebol amador, o Frigorosa/Prenda, que participava de competições municipais em Santa Rosa no Rio Grande do Sul.

    • Rótulos de fábricas de laticínios oriundas da região Sul do país, como neste exemplo da manteiga Tabú, oriunda de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, mostram representações mais modernas e menos tradicionais do campo em sua ligação com a agroindústria. Da chaminé da fábrica ao traje contemporâneo da figura feminina estampada, o rótulo apresenta uma visão de fazenda de laticínios diferente daquelas representadas nos produtos mineiros e cariocas.

    • A cidade de Sanharó é conhecida como produtora de leite e queijo no interior de Pernambuco, tendo sido fundada por almocreves, pessoas que faziam o transporte, por animais de carga, de mercadorias e víveres entre o interior e o litoral. Um dos almocreves mais famosos do Nordeste foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Talvez por isso o rótulo da manteiga apresente, no detalhe, a figura de um cangaceiro sentado à beira de um rio, sob uma árvore e ao lado de animais no pasto, provavelmente o rio Ipojuca, que banha a cidade de Sanharó.

    • Representações de identidades locais
  • Sobre as imagens

    Todas as imagens da exposição Mudança de hábitos: da prateleira para a mesa receberam tratamento digital e foram igualmente editadas para compor a narrativa da exposição. As reproduções aqui exibidas foram mescladas, cortadas, tiveram cor alterada ou detalhes realçados e não correspondem aos tamanhos originais dos documentos.

     

    Módulo 1

     

    Solicitação inicial de registro...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 2.136, 1947.

    De acordo com o Regulamento...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 2.136, 1947.

    Encaminhamento de processo...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 2.136, 1947.

    Rótulo da paleta afiambrada...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 2.136, 1947.

    O trabalho de fiscalização...: Ministério da Agricultura, caixa 1.121, processo n. 3.806, 1966.

    Rótulo e memorial descritivo...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 1.620, 1947.

    Em muito processos...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.896, 1952.

    Rótulo final...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.896, 1952.

    No caso do camarão...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 3.187, 1954 (Hemmer)

    Para a carne de siri...: Ministério da Agricultura, caixa 1350, processo n. 1.814, 1969 (carne de siri)

    Recipientes plásticos...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 2.899, 1962; Ministério da Agricultura, caixa 826, processo n. 430, 1964 (leite em pó desnatado União); Ministério da Agricultura, caixa 826, processo n. 1.275, 1964 (banha Diva)

    Embora o regulamento Rispoa...: Ministério da Agricultura, caixa 1122, processo nº 4.793, 1961 (Camarão e peixe para exportação).

    Os rótulos submetidos à Dipoa...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 530, 1957 (língua de porco Serrano); Ministério da Agricultura, caixa 822, processo n. 1.001, 1962 (língua de porco Serrano).

    Segundo a legislação...: Ministério da Agricultura, caixa 532, processo n. 4.252, 1957 (corned beef Frigosul).

    Eram os frigoríficos norte-americanos...: Ministério da Agricultura, caixa 820, processo n. 2.965, 1960 (Libby’s).

    Até os dias atuais...: Ministério da Agricultura, caixa 822, processo n. 3.879, 1961 (presunto cozido).

    Quando esse selo não...: Ministério da Agricultura, caixa 1122, processo n. 4.793, 1961 (camarão e peixe para exportação).

     

    Módulo 2

    Na indústria de alimentos...: Ministério da Agricultura, caixa 996, processo n. 2.528, 1964 (leite em pó Camponesa).

    O cientista francês Louis Pasteur...: Ministério da Agricultura, caixa 996, processo n. 2.528, 1964 (Chocomilk).

    O doce de leite é uma iguaria...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 5.072, 1955 (Lírio).

    No Brasil, a Fábrica...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 1.910, 1955 (leite em pó).

    Posteriormente, em 1920, a fábrica...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 5.051, 1939.

    No Brasil, até meados do século XIX...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 4.395, 1953 (Cedro); Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 3.422, 1947 (Conquista).

    O “queijo de Minas”...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 4.193, 1952 (Palmeiras); Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 523, 1949 (Ribeirão).

    Com expressiva representatividade...: Ministério da Agricultura, caixa 533, processo n. 2.368, 1958 (Pedrinhas).

    Rótulos de queijos estepe...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 2.676, 1954 (Pyrâmide); Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 1.828, 1954 (Prata).

    Rótulos de queijos prato...: Ministério da Agricultura, caixa 533, processo n. 3.564, 1958 (Santa Maria); Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 1.716, 1957 (Tabú).

    A manteiga era um artigo...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 4.730, 1946 (Moça); Ministério da Agricultura, caixa 535, processo n. 2.461, 1969 (Caçador).

    A margarina surgiu na França...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 230, 1953 (Saúde); Ministério da Agricultura, caixa 1350, processo n. 1.456, 1969 (Claybom).

    No Brasil, a margarina...: Ministério da Agricultura, caixa 1404, processo n. 7.807, 1970 (Doriana).

    No Brasil, até o surgimento da...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 1.902, 1952 (paleta); Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 2.114, 1948 (pasta de fígado).

    O segundo matadouro-frigorífico...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 270, 1949.

    As empresas multinacionais americanas...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 2.598, 1949 (carne de vitelo); Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 2.598, 1949 (feijão com couro de porco).

    No começo do século XX...: Ministério da Agricultura, caixa 820, processo n.1, 1961.

    A Swift oferecia ..: Ministério da Agricultura, caixa 826, processo 3.486, 1963.

    As exportações de carne...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo 1.143, 1960 (Ham & Pork); Ministério da Agricultura, caixa 820, processo 3.063, 1960 (Ox Tongue Armour).

    A partir de 1927...: Ministério da Agricultura, caixa 535, processo 1.878, 1959 (Frankfuters Swift).

    A carne enlatada...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 1.152, 1960 (Delícia).

    O auge da exportação...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 1.203, 1957 (Target).

    A empresa Renner...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 2.102, 1955.

    Tradicionalmente, os frigoríficos...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 1.721, 1957 (pão de carne com queijo); Ministério da Agricultura, caixa 532, processo n. 4.252, 1957 (pasta de fígado de suíno).

    A empresa da família Rizzo...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 3.466, 1954.

    A marca Perdigão...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.314, 1952; Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.314, 1952.

    Attilio Fontana fundou...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 649, 1954 (salame italiano).

    Em 1950, a Sadia...: Ministério da Agricultura, caixa 535, processo n. 2.532, 1959 (lombo).

    Fundado em 1956, na cidade...: Ministério da Agricultura, caixa 535, processo 2.533, 1959 (banha Seara).

    O imigrante italiano Raphaelo...: Ministério da Agricultura, caixa 822, processo n. 495, 1962.

    Entre 1950 e 1970, há uma redução...: Ministério da Agricultura, caixa 1350, processo 2.270, 1969 (Rabicó).

    A diminuição de empresas...: Ministério da Agricultura, caixa 823, processo 3.099, 1962 (Três Porquinhos).

    Rótulos de produtos de carne...: Ministério da Agricultura, caixa 532, processo 4.252, 1957 (canja de galinha); Ministério da Agricultura, caixa 822, processo n. 1.693, 1962 (Frangaleto Wilson).

    Outro ramo da indústria alimentícia...: Ministério da Agricultura, caixa 530, processo 493, 1956 (salsichas Frankfurt).

    Em 1970, com mais de cinquenta...: Ministério da Agricultura, caixa 997, processo 3.380, 1965 (presunto italiano).

    Em 1926, a novidade dos enlatados...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 1.380, 1960 (Presto).

    A indústria alimentar desenvolveu...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 1.380, 1960 (almôndegas); Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 2.598, 1949 (picadinho).

    No Brasil, diferentemente da realidade...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 270, 1949 (salsicha); Ministério da Agricultura, caixa, processo n. 1.499, 1949 (dobradinha).

    A indústria alimentícia passou...: Ministério da Agricultura, caixa 1532, processo n. 27.352, 1971 (camarão Krause); Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 3.823, 1953 (camarão Pedone).

    No Brasil, as vendas de...: Ministério da Agricultura, caixa 1404, processo n. 11.993, 1970 (filé de pescado congelado).

    A gradativa oferta de refeições...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 2.102, 1955 (Renner).

    Parte das grandes empresas...: Ministério da Agricultura, caixa 532, processo n. 4.252, 1957 (mocotó).

    Outro exemplo de refeição...: Ministério da Agricultura, processo n. 529, processo n. 1.324, 1955 (galinha ensopada).

    As empresas de alimentos instaladas...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.899, 1952 (gulasch).

    Iguaria de origem europeia...: Ministério da Agricultura, processo n. 529, processo n. 1.324, 1955 (marreco).

    Outro exemplo de produto...: Ministério da Agricultura, caixa 820, processo n. 1.303, 1961 (perna recheada).

    Os produtos da marca alemã Knorr...: Ministério da Agricultura, caixa 823, processo 2.238, 1962 (sopa de carne e sopa de ervilha); Ministério da Agricultura, caixa 823, processo 2.480, 1962 (creme de aspargos).

    Em 1912, a Knorr lançou...: Ministério da Agricultura, caixa 998, processo 4.881, 1965 (caldo de galinha).

    Quando a marca chegou ao Brasil...: Ministério da Agricultura, caixa 1120, processo 1.076, 1966 (tempero para feijão).

    A empresa foi criada em 1872...: Ministério da Agricultura, caixa 997, processo 2.915, 1965.

    Além da inspeção de carnes...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 3.936, 1955 (filé de pescadinha).

    Exemplo de pescado...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 2.202, 1960 (Gomes da Costa).

    Fundada em 1950, a marca Gomes da Costa...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 913, 1957 (peixe para maionese Kraft).

    Nas primeiras décadas do século XX...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 7.176, 1952 (Piracema).

    A empresa Brasileira Produtos da Pesca...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 5.065, 1955 (Nave e Rubi).

    A marca Juanito...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 937, 1960 (Juanito).

    A fábrica de conservas Caçula...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 2.177, 1953 (Caçula).

    Ao longo do litoral do estado...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 2.308, 1953.

    A fábrica de conservas Vildner...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 4.252, 1955.

     

    Módulo 3

    Em muitos casos, os rótulos...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 4.830, 1955 (Urú).

    No caso do queijo muçarela...: Ministério da Agricultura, caixa 997, processo n. 1.831, 1965 (Primor).

    Para ser considerada uma boa esposa...: Ministério da Agricultura, caixa 823, processo n. 2.238, 1962.

    As marcas de composto de gordura...: Ministério da Agricultura, caixa 825, processos n. 2.874 e 2.875, 1963.

    Outro “rótulo” comum...: Ministério da Agricultura, caixa 825, processos n. 2.874 e 2.875, 1963.

    Os estereótipos femininos...: Ministério da Agricultura, caixa 532, processo n. 4.495, 1957 (Boa).

    Os termos machistas...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 3.432, 1952 (Madame).

    As qualidades que definem...: Ministério da Agricultura, caixa 997, processo n. 3.025, 1965 (Rainha do Sul).

    A fidalga, uma mulher...: Ministério da Agricultura, caixa 535, processo n. 2.027, 1959 (Fidalga).

    No discurso predominante sobre...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 640, 1952 (Sarita).

    Imagens do comportamento...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 913, 1953 (Madame).

    Os rótulos não trazem apenas...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 1.190, 1954 (queijo fundido Olho); Ministério da Agricultura, caixa 525, processo n. 993, 1950 (queijo lanche Frigor)

    Na indústria leiteira...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 4.149, 1947 (manteiga Alterosa).

    A indústria de conserva de pescado...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 1.078, 1953 (Pescador); Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 4.285, 1952 (Ondina).

    O papel social da mulher...: Ministério da Agricultura, processo n. 2.518, 1966.

    Cada vez mais influenciado...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 4.433, 1947.

    Nesses rótulos, a imagem...: Ministério da Agricultura, caixa 824, processo n. 114, 1963 (requeijão Macuco); Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 230, 1953 (margarina Saúde).

    Queijo pasteurizado...: Ministério da Agricultura, caixa 822, processo n. 3.810, 1961.

    O queijo prato Salutar...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 2.676, 1954.

    A farinha láctea passou...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 4.972, 1945.

    Os rótulos de produtos da Nestlé...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 710, 1960 (Nestogeno); Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 2.125, 1954 (Neston).

    Produto da Nestlé que...: Ministério da Agricultura, caixa 825, processo n. 2.295, 1963.

    Lactogeno e Pelargon...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 710, 1960.

    Eledon, lançado pela Nestlé...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo n. 710, 1960.

    Leite condensado era considerado...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 907, 1954.

    O primeiro produto da Nestlé...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 4.971, 1945.

    Além da alimentação infantil...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 1.505, 1954.

    Além do leite condensado...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 1.505, 1954.

    Segundo o rótulo...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 1.505, 1954.

     

    Módulo 4

    Thovard Nielsen...: Ministério da Agricultura, caixa 528, processo n. 1.828, 1954 (Prata).

    O sabor suave do queijo...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 3.358, 1953 (Real); Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 1.876, 1953 (Regência).

    A tradição de europeus...: Ministério da Agricultura, caixa 534, processo n. 292, 1959.

    Os rótulos dos produtos da marca Skandia...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 2.059, 1953.

    Além de Liefkai Godtfredsen...: Ministério da Agricultura, caixa 530, processo n. 3.103, 1956.

    A Companhia de Laticínios foi...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 423, 1954.

    Surgida em 1928, a marca Batavo...: Ministério da Agricultura, caixa 998, processo n. 3.627, 1965.

    Algumas marcas fizeram referências...: Ministério da Agricultura, caixa 1.120, processo n. 2.636, 1966 (queijo prato Lisboeta).

    A manteiga Linda-Luso...: Ministério da Agricultura, caixa 533, processo n. 3.244, 1958 (manteiga Linda-Luso).

    Para conferir distinção ao seu produto...: Ministério da Agricultura, caixa 533, processo n. 1.927, 1958 (presunto cozido Paris).

    Os portugueses da empresa Branco...: Ministério da Agricultura, caixa 523, processo n. 2.063, 1947.

    A empresa Indústrias Reunidas...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 1.679, 1957 (Petybon); Ministério da Agricultura, caixa 535, processo n. 2.013, 1959 (margarina Matarazzo).

    A indústria de produtos suínos...: Ministério da Agricultura, caixa 534, processo n. 504, 1959; Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 2.612, 1955.

    Imigrantes italianos foram...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 3.474, 1947.

    Rótulo do queijo provolone Tania...: Ministério da Agricultura, caixa 824, processo n. 1.578, 1963.

    Rótulo de sardinhas prensadas...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 379, 1953.

    A indústria pesqueira na Ilha Grande: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 351, 1953 (Jabaquara); Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 382, 1953 (São Pedro).

    As famílias nipônicas na Ilha Grande...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 383, 1953 (Sol).

    A referência à bandeira do Japão...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 378, 1953 (Kamome).

    Tainha em molho de vinagre Kormann...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 1.443, 1957.

    Descendente de alemães nascido...: Ministério da Agricultura, caixa 530, processo n. 1.194, 1956 (bacon); Ministério da Agricultura, processo n. 1.303, 1961 (cracóvia).

    A comunidade teuto-brasileira...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 5.711, 1952.

    A marca Urú...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.899, 1952.

    Wilhem Weege, filho...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 11, 1957.

    Fundada ainda no século XIX em Blumenau...: Ministério da Agricultura, caixa 530, Processo n. 2.107, 1956.

    Produtos como banha e embutidos...: Ministério da Agricultura, caixa 527, processo n. 2.517, 1953.

     

    Módulo 5

    A representação de uma vida...: Ministério da Agricultura, caixa 1120, processo n. 1.190, 1966 (Mantiqueira).

    A representação da cena rural...: Ministério da Agricultura, caixa 533, processo n. 1.052, 1958 (Clérios).

    A cena campestre era...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 440, 1953 (Gerivá).

    As vacas leiteiras eram...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 2.346, 1952 (queijo prato Yapu); Ministério da Agricultura, caixa 826, processo n. 1.035, 1964 (queijo prato Angola).

    Cabia ao ramo leiteiro...: Ministério da Agricultura, caixa 824, processo n. 114, 1963 (requeijão Macuco); Ministério da Agricultura, caixa 532, processo n. 3.947, 1957 (queijo prato Almeida).

    Os rótulos de queijo Casa Nova...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 2.916, 1946 (Casa Nova); Ministério da Agricultura, caixa 525, processo n. 856, 1950 (Primavera).

    Minas Gerais é o estado...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 5.530, 1947.

    Na manteiga Flor de Minas...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 4.124, 1949.

    A imagem de índios também...: Ministério da Agricultura, caixa 526, processo n. 3.311, 1952 (Cotochés); Ministério da Agricultura, caixa 820, processo n. 491, 1961 (Jupíra).

    Na linha de laticínios Prata...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo nº 2.381, 1960.

    Outros produtos da marca Prata...: Ministério da Agricultura, caixa 819, processo nº 2.381, 1960.

    O rótulo da marca de manteiga Joia...: Ministério da Agricultura, caixa 524, processo n. 6.079, 1947.

    Para além do campo...: Ministério da Agricultura, caixa 996, processo n. 3.006, 1964.

    A vinculação do estado do Rio de Janeiro...: Ministério da Agricultura, caixa 529, processo n. 3.110, 1955 (sardinhas); Ministério da Agricultura, caixa 533, processo n. 72, 1958 (manteiga Football).

    O Frigorífico Santarrosense S.A....: Ministério da Agricultura, caixa 532, processo n. 3.916, 1957.

    Rótulos de fábricas de laticínios...: Ministério da Agricultura, caixa 531, processo n. 1.716, 1957.

    A cidade de Sanharó...: Ministério da Agricultura, caixa 997, processo n. 1.646, 1965.

     

  • Créditos

    REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    Presidente da República
    Jair Messias Bolsonaro

    Ministro da Justiça e Segurança Pública
    Sergio Fernando Moro


    ARQUIVO NACIONAL

    Diretora-geral do Arquivo Nacional
    Neide de Sordi

    Coordenadora-geral de Acesso e Difusão Documental substituta
    Leticia dos Santos Grativol 

    Coordenador de Pesquisa, Educação e Difusão do Acervo substituto
    Carlos Frederico Coelho Bittencourt Silva 

    Coordenadora-geral regional no Distrito Federal
    Mariana Rodrigues Carrijo

    EXPOSIÇÃO

    Curadoria/Seleção de Imagens/Textos e legendas
    Vivien Ishaq
    Pablo E. Franco

    Pesquisa de imagens

    Vivien Ishaq
    Pablo E. Franco

    Revisão de textos
    Mariana Simões 

    Digitalização
    Rafael Moreira Machado 

    Projeto e design gráfico
    Sueli Araújo 

    Tratamento de imagens
    Simone Kimura

  • Ficha Técnica

    Exposição: Mudança de hábitos: da prateleira para a mesa

    Local: Exposição virtual - Portal 'Exposições Virtuais'

    Data : abril/2019

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