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Hábitos alimentares

Esta exposição nos remete ao desenvolvimento e consolidação da indústria alimentar brasileira e aos novos hábitos alimentares que foram surgindo no país, entre os anos 1940 e 1970. A produção da comida industrializada, por exemplo, intensifica-se durante todo o século XX, moldando o padrão alimentar dos grandes centros urbanos, em detrimento do consumo dos produtos regionais e de forte tradição cultural. Há cinquenta anos seria difícil imaginar a variedade de itens industrializados à disposição dos consumidores em nossos dias, ditada pela necessidade de redução do tempo e do trabalho empregados para a elaboração das refeições cotidianas. Os antigos rituais que marcavam os almoços familiares se tornaram cada vez mais raros, cedendo espaço para as refeições solitárias acompanhadas pela leitura de um livro ou pela checagem de mensagens no celular. 

No Brasil, a mudança de hábitos alimentares aconteceu de maneira mais gradual. As geladeiras começaram a ser fabricadas no país nos anos 1950. Na década seguinte, surgiram os primeiros freezers e as empresas passaram a oferecer alimentos congelados. Mas a produção de refeições prontas congeladas demorou a entrar no mercado. Foi somente na década de 1970, que o Brasil conseguiu alcançar os níveis internacionais de congelamento de comidas pré-cozidas, trazendo para o país o famoso TVdinner, como é conhecido o prato congelado norte-americano. 

As empresas multinacionais tiveram papel marcante na criação da atividade de processamento industrial de carne no país. Ao se instalarem, preponderantemente, no estado do Rio Grande do Sul, pela proximidade com a bacia do Prata, onde havia outros frigoríficos, as empresas Wilson, Swift e Armour trouxeram conhecimento e tecnologia para expansão do setor. 

Na indústria leiteira, as empresas internacionais também ocupavam parcela significativa do mercado e da produção de alimentos até 1970. Empresas como Nestlé e Danone dominavam os mercados de leite em pó, leite condensado e iogurtes, por exemplo. O ramo da produção de queijos, no entanto, era diferente: no período, era composto, predominantemente, por pequenas e médias empresas nacionais, concentradas no Sudeste brasileiro, sobretudo no estado de Minas Gerais. 

A indústria nacional de pescado está representada na exposição pelos rótulos das empresas que comercializavam, em sua maioria, sardinhas em conserva e peixes e camarões congelados. Nesse setor, havia ainda a produção voltada para a exportação. 

De modo geral, a indústria alimentar brasileira manteve-se em expansão entre 1940 e 1970, com crescente aumento do número de estabelecimentos do ramo e com a região Centro-Sul abrigando, em 1960, 72% das empresas desse segmento. Os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul eram então responsáveis por mais de cinquenta por cento da produção de alimentos do país. Na região Norte, o único sub-ramo de maior expressão econômica e social era o do beneficiamento da castanha-do-pará. E no Nordeste, a indústria alimentar se concentrava em Pernambuco. Os rótulos presentes no acervo do Ministério da Agricultura expressam, assim, a preponderância do Centro-Sul sobre as demais regiões do país na manufatura de alimentos.

 

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