Representações de identidades locais
A formação dos hábitos alimentares nas diferentes culturas é uma construção que envolve inúmeros aspectos: identidade cultural, classe social, renda, crença religiosa, estilo de vida, caráter nutricional, publicidade, lembranças e emoções – enfim, são inúmeras as razões que determinam a escolha, preparação e consumo dos alimentos. A cultura estabelece nossos gostos, o que comemos e o que não é aceitável comer, definindo nossas preferências alimentares.
O Brasil tem um patrimônio gastronômico riquíssimo, e as origens, influências e hábitos culinários se manifestam de forma distinta em cada região do país, apresentando uma enorme variedade de produtos, temperos, receitas e pratos típicos: o baião de dois, o arroz carreteiro e o arroz de pequi, o mocotó, o tacacá, a pamonha, o caruru, o acarajé, a feijoada, o sarapatel, o churrasco, a moqueca baiana e a capixaba, o barreado, as diversas variações de cuscuz e tapioca encontradas pelo país, todos são facetas da pluralidade da culinária brasileira.
A cozinha de uma região e os produtos que ela consome são componentes centrais para a identidade de um grupo, de uma localidade, criando ao mesmo tempo o pertencimento e a alteridade. A definição de um grupo por outro ocorre no Brasil, muitas vezes, em termos alimentares: os mineiros com o queijo, os sulistas com as carnes e o churrasco, os baianos com o vatapá etc. Os rótulos dos produtos, aprovados pelo Ministério da Agricultura, nos permitem observar as diversas representações do imaginário social de cada lugar, evocando a história, os mitos e a memória de uma região, de uma cidade ou mesmo de um grupo social.