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A política de imigração do estado de São Paulo

São Paulo era, desde o século XIX, o estado que mais concentrava a produção cafeeira no Brasil, e, portanto, foi também o que mais sofreu com a falta de braços para trabalhar a terra, com o fim da escravidão. As primeiras tentativas de implementar o trabalho imigrante não deram muito certo, já que os fazendeiros paulistas tratavam os trabalhadores livres de forma muito semelhante à que tratavam seus escravos. Desta forma, a maior parte dos imigrantes europeus que vinha para a lavoura paulista não permanecia no trabalho por muito tempo, o que agravava o problema da mão-de-obra, pois a demanda por café nos mercados mundiais crescia, mas não a força de trabalho necessária para dar conta da crescente produção.

Neste contexto, os fazendeiros paulistas pressionavam o governo para firmar um acordo de imigração com o governo japonês, que manifestava interesse em enviar famílias para o Brasil. As diferentes visões em relação à imigração pelos dois lados, no entanto, permaneceram e foram entraves iniciais para o sucesso da empresa em um primeiro momento. Assim como os fazendeiros esperavam imigrantes que se fixassem à terra e permanecessem nas fazendas, trabalhando tanto quanto os escravos em troca de muito pouco, os japoneses sonhavam em ganhar muito dinheiro rapidamente e retornar ao país natal. Poucos conseguiram voltar, principalmente depois da eclosão das Grandes Guerras, e um número menor ainda enriqueceu. Em 1914, o governo paulista suspendeu o contrato de subvenção por questões financeiras e por acreditar que o problema do trabalho já havia sido resolvido, depois que aproximadamente 15 mil japoneses chegaram ao estado em seis anos de acordo.

Outra razão para a suspensão do contrato foi a constatação pelo governo e pelos proprietários rurais de que os japoneses não pretendiam se prender às fazendas como trabalhadores. Se o retorno imediato não era possível, buscavam se estabelecer como pequenos agricultores, especialmente de hortaliças, ou partiam para as cidades em busca de outras atividades. Viviam em colônias, com pouco contato com os outros colonos, mantinham seus hábitos culturais e poucos aprendiam o português. Mas houve também políticos e fazendeiros que defendessem a volta da entrada de imigrantes contratados no estado: argumentavam que eram um povo trabalhador, ordeiro, disciplinado, que valorizava a educação dos filhos e a família. Esses defensores consideravam a manutenção de vínculos com o governo japonês um caminho aberto para a exportação do café no oriente. O retorno da subvenção aconteceu em 1917, e permaneceu até 1921. Entre 1925 e 1935, o governo japonês se encarregou de subsidiar a vinda dos imigrantes para o Brasil, que recebeu a maior quantidade de trabalhadores nipônicos nesse período.

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