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O Rio do morro ao mar

Um passeio pela Exposição

A Exposição do Centenário só começou a sair do papel em outubro de 1921, quando foi aprovada a regulamentação oficial e organizada a comissão executiva chefiada pelo engenheiro João Pires do Rio. Coube ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio cuidar da organização da mostra, evidenciando a intenção do governo brasileiro de destacar os avanços nacionais nestas áreas da economia. Até então, as exposições universais não tinham um tema pré-determinado, só estabelecido em 1928, quando foram consolidadas as regras para a realização de exposições internacionais.

Entre 1921 e 1922, as obras que ocorriam no Rio de Janeiro eram o grande assunto da cidade, as de demolição do morro do Castelo e de construção do espaço consagrado à Exposição do Centenário, principalmente porque o lugar desta dependia dos aterros que seriam realizados na praia de Santa Luzia com a terra removida do Castelo. Curiosamente, os palácios e pavilhões, praças e outras construções não foram erguidos na área onde ficava o morro; foram construídos sobre os aterros e sobre localidades antigas da cidade, depois de remodeladas. Todas essas obras representaram uma grande intervenção no território e a inauguração de um novo tempo no planejamento urbanístico da capital federal.

A Exposição do Centenário foi dividida em duas seções, Nacional e Internacional. A primeira parte ocupou a região que vai da Praça XV até a Ponta do Calabouço (então chamada de bairro da Misericórdia, vizinha ao morro do Castelo), a segunda parte começava na Ponta do Calabouço e se estendia até a altura da avenida Rio Branco, nos terrenos recentemente construídos com aterro na baía de Guanabara. Havia duas portas monumentais, uma em cada extremo da exposição, ao lado do Mercado Municipal na Praça XV e no final da avenida Rio Branco, junto ao Palácio Monroe, sede da Comissão Executiva da Exposição do Centenário. Provavelmente, a sensação de quem entrasse pela Porta Colonial, próxima ao que restava do Castelo, era a de presenciar um Brasil que em breve deixaria de existir; a imagem colonial ia sendo deixada para trás à medida que se avançava pela exposição, conhecendo os novos terrenos, a recém-concluída avenida e os belos prédios modernos. O país se integraria às nações civilizadas do mundo, representadas por seus pavilhões na avenida das Nações.

A seção Nacional foi composta de pavilhões novos construídos para a ocasião e de prédios antigos reformados. Além do conjunto do Forte de São Tiago e Arsenal de Guerra, atual Museu Histórico Nacional, foi reaproveitado o Mercado Municipal, com quatro belas torres, das quais apenas uma resistiu até hoje, envolvido em uma construção efêmera de madeira com aspecto neocolonial. Funcionaram respectivamente nestes espaços o Palácio das Indústrias e o Pavilhão de Pequenas Indústrias.

Entre os pavilhões construídos, os que tiveram alguma duração posterior foram o de Estatística, que hoje abriga o Centro Cultural da Saúde; o de Administração, atual Museu da Imagem e do Som; e o belo Palácio dos Estados, no qual se exibiam os produtos típicos e mais importantes de cada estado da federação, e onde funcionou o Ministério da Agricultura até os anos de 1970, quando foi demolido. No entorno da Praça dos Estados e do Pavilhão da Música, onde os visitantes se reuniam para ouvir concertos e apresentações musicais, havia o Pavilhão da Caça e Pesca, o Pavilhão da Viação e Agricultura e o magnífico Palácio de Comércio, Higiene e Festas.

Outros prédios integraram a exposição, como o muito visitado Parque de Diversões e sua belíssima portada, o restaurante construído sobre o aterro na Ponta do Calabouço, com privilegiada vista para a baía da Guanabara, e o grande pavilhão da cervejaria Antarctica, além de diversos bares e restaurantes menores que havia para atender o público que afluía ao evento. Todos estes foram desmontados ou demolidos ao longo dos anos seguintes, assim como a maioria dos pavilhões estrangeiros construídos na área de aterro e as portas monumentais. Nas décadas seguintes, com a instauração de outros planos urbanísticos na cidade, mais construções foram abaixo, entre elas o Mercado da Praça XV e o Palácio Monroe.

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