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Portugal, Itália; Igreja e Estado

A consolidação do condado Portucalense no século XII anuncia o vínculo entre Portugal e Roma que perduraria até o século XIX. Em 1143, dom Afonso Henriques oferece seu reino à Igreja Romana. O papa Lúcio II prometeu, em resposta, proteção material e moral a ele e a seus sucessores, porém não lhe chamava rei, mas dux portugallensis, e designava como "terra" em vez de "reino" os seus domínios. As relações políticas entre Portugal e a Santa Sé nasceram sob o signo do não reconhecimento do reino de Portugal. Mas as vitórias sobre os muçulmanos no século XII demonstraram que reinos cristãos fortes e independentes combatiam com mais eficácia os "infiéis" do que a Península Ibérica unificada. Assim, o papa Alexandre III declarou Portugal como reino pertencente a São Pedro, e a bula Manifestis probatum, de 1179, reconheceu o título de rei ao soberano.

Ao longo da Reconquista, as ordens militares foram poderosas aliadas da Igreja: destacaria-se a Ordem de Cristo (1319), que recebeu dos papas a instituição do direito do padroado por sua atuação na propagação da fé cristã, cabendo-lhe, portanto, a jurisdição espiritual sobre as terras ultramarinas conquistadas e por conquistar e o direito de escolher o governo eclesiástico dessas terras. Isso permitiu que o Estado português controlasse as instituições eclesiásticas da América portuguesa.

Os soberanos portugueses passaram a receber graças que se traduziam em auxílios nas lutas contra os "infiéis" no ultramar. Dom João III (1521-1557) obteve do papa o reconhecimento da Companhia de Jesus, jovem ordem religiosa cuja flexibilidade litúrgica se mostrou mais adequada que franciscanos e dominicanos nas missões evangelizadoras das terras então descobertas. Quando se instaurou a crise da Igreja de Roma, o papa Pio IV pediu auxílio ao soberano português. A bula Benedictus Deus, de 1564, com as resoluções do Concílio de Trento (1545-1563), que foram aceitas em Portugal e confirmadas por alvará de 12 de setembro de 1564, respondeu ao avanço do protestantismo, reafirmando os valores do catolicismo perante a sociedade. O Tribunal do Santo Ofício instalado em Portugal em 1536 foi um temido instrumento utilizado pela monarquia para controlar e obrigar a população a obedecer à tradição católica.

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