O "Maraca" é do povo
Ah, o geraldino! O torcedor que ia aos jogos no antigo Maracanã na geral é o símbolo do povo brasileiro. O ingresso barato nesse setor, frequentemente por um valor simbólico, permitia a democratização do acesso ao estádio. Os mais pobres tinham seu lugar no maior do mundo.
A expressão geraldino – criada pelo comunicador Washington Rodrigues, o Apolinho – se popularizou e passou a representar brilhantemente, com uma única palavra, toda aquela gente que podia passar fome em casa, mas reservava alguns tostões para ter a alegria de ver o seu time de perto, ao vivo, a poucos metros de distância. As derrotas da vida eram vingadas pela vitória do seu time. Os berros e xingamentos extravasavam uma semana difícil de trabalho e problemas na vida pessoal.
A presença dos torcedores no estádio, próximo aos seus ídolos e interferindo diretamente no jogo através de gritos, críticas e apoio efusivo, é um dos capítulos mais lindos da história do velho Maraca. Rádios, pilhas, chinelos, tudo era lançado ao gramado nos momentos de revolta, após um gol perdido pelo seu time ou marcado pelo adversário. Washington Rodrigues nos relata que os repórteres de campo às vezes se tornavam alvos, quando estavam de pé no gramado atrapalhando a visão dos torcedores.
A alguns metros do geraldino estava o arquibaldo, nomenclatura também imortalizada por Apolinho. Instrumentos, bandeiras, papel picado, serpentina, cânticos que foram eternizados... A arquibancada, maior setor do Maracanã, era o pulmão do antigo estádio, frequentemente vencendo jogos, “no grito”, “empurrando” times cambaleantes até vitórias consagradoras.
Neste módulo veremos a paixão das torcidas em todos os setores do antigo Maracanã. A compra dos ingressos, a entrada, rostos e expressões de pessoas que fizeram e ainda fazem a história do estádio e são a razão de ser do futebol. Tensão, alegria, tristeza, alívio, um misto de sentimentos que personificou o gigante de concreto e o transformou em um símbolo de humanidade, de gente, de vida.