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Apresentação

Itinerários Indígenas trata de deslocamentos de diversas ordens, com outras leituras do território, do tempo histórico, dos povos indígenas e do acervo do Arquivo Nacional. Diferentes itinerários seriam percorridos por cronistas, religiosos, naturalistas, militares, fotógrafos, antropólogos e administradores, que tiveram contato com os indígenas aos quais impuseram cartografias, língua, cultura, crenças e também a violência física. O contato entre europeus e índios emerge nos fundos e coleções do Arquivo Nacional por meio de seus variados dispositivos: narrativas de viagens e gravuras reunidas em livros que circulam desde o século XVI; a vasta e única correspondência da Coroa portuguesa em manuscritos; os decretos imperiais ou a Constituição federal apresentados em seus originais.

Destacam-se álbuns das missões religiosas salesianas em arquivos privados, como o de Afonso Pena, ou de órgãos do governo como o Serviço de Proteção aos Índios, com séries fotográficas impressionantes que visavam a propaganda ou o relato técnico de suas atividades. A partir dos anos de 1930, esses percursos receberam a cobertura jornalística de um dos mais importantes periódicos brasileiros, o Correio da Manhã, cujos arquivos guardam fotografias de estúdio de índias Bororo e as imagens trêmulas da atração aos Xavante no final da década de 1940, além da atividade de campo dos irmãos sertanistas Villas-Boas, que registram as iniciativas de aproximação entre presidentes e povos indígenas.

Outros itinerários percorridos pelos índios, também revelados nesta exposição, enunciam percalços que, muitas vezes, colocaram em risco sua própria existência.

A terra é, sem dúvida, uma questão fundamental para a sobrevivência dos povos indígenas no Brasil. A atual Constituição brasileira garante-lhes o direito sobre o território que eles ocupam e também o direito de serem eles próprios, mantendo suas culturas e tradições. Mas o reconhecimento das terras indígenas gera ainda sérios conflitos e polêmicas.

Dos cinco milhões de índios estimados à época da conquista, centenas de povos cultural e linguisticamente diversos desapareceram. Na década de 1950, Darcy Ribeiro identificou quase oitenta grupos indígenas extintos ao longo do século XX, apontando para um iminente desaparecimento dessas populações.

Porém, essa curva demográfica começa a inverter seu ciclo de declínio a partir dos anos de 1970. O aumento demográfico indígena se deve aos programas de saúde e educação adotados pelos órgãos indigenistas e pelo fortalecimento do sistema imunológico dos índios ao longo dos anos de contato. Esse crescimento, que parece ser contínuo e consolidado, confirma que os índios estão aqui para ficar. Fazem parte do nosso presente e farão parte do futuro deste país.

Claudia Beatriz Heynemann

Maria Elizabeth Brêa Monteiro

Curadoras

Filme Descaminhoshttps://www.youtube.com/watch?v=-uH6jir5lIE&list=PLQatXEugAYddkpbfy3MWrYB8gtgMRWWef&index=14

 

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