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Memória da FEB

Memória da FEB

Os monumentos têm a função de construir a memória por meio de um passado histórico comum a todos, atuando no processo de construção e manutenção da identidade nacional e se materializando na ideia de cidadania. Associam-se aos monumentos práticas culturais como rituais e datas comemorativas – elas criam e sustentam a memória, a qual remete às representações que fazem os membros de um grupo sobre sua identidade e história. Construídos por grupos sociais ou por instituições com poder para legar e/ou impor sua edificação, os monumentos são marcas espaciais e temporais, impregnados de memória, representando e simbolizando narrativas específicas, pessoas, locais e eventos que se desejam imortalizar e/ou enfatizar por um longo período. Foi nessa condição que se construiu o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, representando um evento da pátria e constituindo-se em um espaço simbólico que legitima poder e autoridade.

Mas a memória, como resultado de uma construção decorrente de processos sociais, políticos e econômicos, pode enfatizar determinados aspectos e silenciar outros, revelando, assim, as múltiplas possibilidades de usos do passado, capazes de promover mudanças como as que transformaram os desacreditados combatentes da FEB em heróis nacionais. O efeito da recepção triunfal aos pracinhas no Desfile da Vitória teve curta duração, levando-os a um rápido ostracismo. Transformados em ex-combatentes, teriam que se deparar com a luta contra o esquecimento. Os benefícios que, por lei, inicialmente deveriam ser privativos dos soldados da FEB, acabavam, devido a inúmeras pressões, sendo estendidos a praticamente todos os militares da ativa.

Os problemas referentes à reintegração foram determinantes para o surgimento das associações, onde os ex-combatentes poderiam buscar por seus direitos e manter os laços de companheirismo da campanha na Itália. Idealizadas como instituições de guarda de memória, as associações tiveram, em sua origem, que lidar com questões específicas relativas à reintegração social dos pracinhas – orientação jurídica e atendimento médico e psiquiátrico aos enfermos –, consolidando-se, principalmente, como importantes espaços de reivindicação e conquista. Nos anos subsequentes ao retorno da FEB, alguns estados do Brasil já contavam com sedes da Associação de Ex-Combatentes do Brasil (AECB). Atualmente, se caracterizam como redutos da memória da FEB que sobrevivem graças ao empenho contínuo de seus membros em se “fazer ver”. A luta na preservação dessa memória – ainda hoje em disputa – e o trabalho voluntário na associação são encargos que evocam o vigor e a glória da juventude, restabelecendo, embora momentaneamente, a disposição de tempos atrás.

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