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  • Grandes personagens
  • Grandes personagens

    Grandes personagens

    Por décadas cantando no fio da navalha, na tênue linha entre a marginalidade gerada pelo preconceito e a glória das ruas e do reconhecimento artístico, a imagem do sambista oscilava entre a do malandro e a do trabalhador humilde. Música de raiz africana, expressão cultural principalmente dos negros brasileiros, apropriada pela indústria fonográfica e pelo poder público para compor a identidade nacional, ao longo dos anos trouxe para a luz dos palcos e para as listas das mais tocadas personagens de origem humilde a cantar a vida na favela. Incluiu ainda a voz da classe média, encantada com uma brasilidade ainda em processo de fabricação, disposta a acrescentar à manifestação mais popular a instrução musical erudita e a influência de outros ritmos. Leia mais

    Vídeo: Clementina de Jesus (1976)

     

  • Compositor carioca, cuja carreira se desenvolveu de forma intimamente relacionada ao bairro da Mangueira e à escola de samba de mesmo nome, que ajudou a fundar em fins dos anos 1920, Cartola foi parceiro de Carlos Cachaça e Noel Rosa. Rio de Janeiro, março de 1967. Correio da Manhã.

    Vou vencer, samba de Cartola. Partitura de 1956. Mayrink Veiga.

  • O mineiro Ataulfo Alves muda-se para o Rio de Janeiro aos 18 anos, em 1927. Já familiarizado com o ambiente musical por causa de seu pai, seresteiro no interior de Minas Gerais, Ataulfo integra o bloco Fala Quem Quiser. Em 1933, Carmem Miranda grava Tempo perdido, e Almirante, Sexta-feira. Entre seus sucessos incluem-se O bonde de São Januário (com Cyro Monteiro) e Que saudade da Amélia (com Mário Lago). Nos anos 1940, funda o conjunto Ataulfo Alves e suas Pastoras com o objetivo de gravar as próprias canções. Ficha profissional de Ataulfo Alves, emitida em 30 de março de 1943. Delegacia de Costumes e Diversões do Rio de Janeiro.

    Ataulfo Alves liderando apresentações da Caravana Oficial da Música Popular Brasileira que reunia pastoras, músicos, passistas em excursões pela Europa. S.l., 1961. Correio da Manhã.

  • Aquarela do Brasil, samba de Ary Barroso. O mineiro de Ubá compôs uma das canções-símbolo do Brasil em 1939. Iniciou a carreira como pianista do Cine Íris, no centro do Rio. Suas marchas de carnaval marcaram os anos 1930. Teve composições gravadas por Carmem Miranda e Sílvio Caldas, que interpretou Inquietação no filme de Humberto Mauro Favela dos meus amores. Ary Barroso marcou também a aurora das transmissões de futebol no Brasil, protagonizando histórias pitorescas, como a proibição de entrar no estádio do Vasco da Gama que o levou a narrar o jogo de binóculo a partir do telhado do Ginásio Pio-Americano, vizinho ao estádio. Humberto Moraes Franceschi.

    Partitura de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Mayrink Veiga.

  • Compositor, orquestrador, arranjador, flautista e saxofonista, Alfredo da Rocha Vianna, o Pixinguinha, era filho de um músico amador que promovia frequentes encontros musicais em sua casa, à base de choros. Pixinguinha recebeu uma educação esmerada, que incluía música, o que acabou por levá-lo a se diplomar no Instituto Nacional de Música. Virtuoso e criativo, Pixinguinha misturou ritmos africanos e europeus, seguia influências da música do nordeste brasileiro, do choro, do carnaval. Desempenhou um papel crucial na formação da música brasileira. S.l., dezembro de 1966. Correio da Manhã.

    Peça O que o rei não viu, de Antônio Dias Pino e Otávio Rocha Viana, musicada por Pixinguinha. Agosto de 1921. Delegacia Auxiliar da Polícia do Rio de Janeiro.

  • Heitor dos Prazeres aprendeu a clarineta com seu pai, marceneiro que tocava na banda da Guarda Nacional. Também começou cedo no cavaquinho. Na adolescência, participa de rodas de samba da Cidade Nova, organizadas pelas “baianas” da região e frequentadas por Donga, João da Bahiana, Paulo da Portela, entre outros pioneiros do samba. Ao longo da sua carreira de músico compõe sambas (Gosto que me enrosco), choros (Comigo ninguém pode), marchas (Pierrô apaixonado, com Noel Rosa). A partir da década de 1930, dedica-se ainda às artes plásticas, campo em que obtém sucesso. Ficha profissional do músico Heitor dos Prazeres emitida em 1945. Delegacia de Costumes e Diversões do Rio de Janeiro.

  • O sambista Noel Rosa teve sua imagem associada ao bairro de Vila Isabel, onde nasceu, tornando-se conhecido eventualmente como o Poeta da Vila. Mais um representante da geração boêmia dos anos 1930 no Rio de Janeiro, morreu muito jovem, com a saúde debilitada pelo estilo de vida, e os pulmões atacados pela tuberculose. Juntou-se a Almirante, Braguinha, Alvinho e Henrique Brito no grupo Bando de Tangarás, no fim dos anos 1920. Grava seu primeiro sucesso, Com que roupa, em 1930. Suas músicas também eram utilizadas em revistas musicais e Noel foi um dos responsáveis pela integração do morro ao asfalto através do samba. Correio da Manhã.

    Cartaz do filme Cidade mulher (Humberto Mauro/Pongentti, 1936), com música de Noel Rosa.

    Palpite infeliz, canção de Noel Rosa de 1935. Humberto Moraes Franceschi.

    Com que roupa, samba de Noel Rosa, interpretado pelo próprio e Inácio de Loyola. Humberto Moraes Franceschi.

  • Nascida perto do morro da Mangueira, Elizeth Cardoso desde cedo conviveu com a música, pois seu pai tocava viola e a mãe cantava, além de ter se envolvido desde cedo com sociedades dançantes e frequentado a casa de Tia Ciata. Na adolescência começou sua carreira, contratada pela rádio Guanabara, levada por Jacob do Bandolim. Em 1956, grava o antológico disco Canção do amor demais, com a música Chega de saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. S.l., s.d. Correio da Manhã.

    Alcione Dias Nazareth, conhecida por A Marrom, nasceu em São Luís do Maranhão e mudou-se para o Rio de Janeiro nos anos 1960. Iniciou sua carreira nas casas noturnas da cidade, mas logo assinou contrato com um canal de tevê. Gravou sambas marcantes, como Não deixe o samba morrer (Edson Conceição e Aluísio), Figa de Guiné (Reginaldo Bessa e Nei Lopes), Pra que chorar (Baden Powell e Vinícius de Moraes), além de sambas-enredo de várias escolas do Rio. S.l., abril de 1970. Correio da Manhã.

  • Marlene, nome de batismo Vitória Bonaiutti De Martino, uma das grandes damas da Era do Rádio, nasceu em São Paulo, estreando como cantora aos 13 anos na rádio Bandeirantes. Em 1940, teve sua estreia profissional, na rádio Tupi. Pouco depois mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a se apresentar no cassino da Urca. Na Rádio Nacional alcançou fama em todo o país, quebrando a supremacia das irmãs Batista. Também gravou canções de Mário Lago, Adoniran Barbosa, Monsueto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João de Barro. S.l., s.d. Correio da Manhã.

    Em 1952, Lata d’água, samba de Candeias Júnior e Luís Antônio, ironizando a constante falta de água no Rio de Janeiro, foi lançado na voz de Marlene e tornou-se um grande clássico da música brasileira. Lata d’água, samba interpretado por Marlene. Humberto Moraes Franceschi.

  • Emilinha Borba cantava samba, choro e marchinhas. Sua enorme popularidade é fruto da grande penetração que o rádio conquistou no Brasil a partir dos anos 1930, período que acabaria sendo conhecido por Era do Rádio. Foi contratada pela Mayrink Veiga em 1938, transferindo-se para a Rádio Nacional em 1942. Gravou sambas de Mário Lago, Grande Otelo, Haroldo Barbosa, João de Barro, Alberto Ribeiro. Emilinha Borba. S.l., outubro de 1972. Correio da Manhã.

  • Uma das grandes vozes da Era do Rádio no Brasil, Dolores Duran começou sua carreira na infância, em programas de rádio e peças teatrais infantis. Gravou uma série de sambas-canção, como Um amor assim, de Dora Lopes, Tradição, de Ismael Silva, Praça Mauá, de Billy Blanco. Também compôs suas próprias canções, como Se é por falta de adeus e Por causa de você, parceria com Tom Jobim ambas em parceria com Tom Jobim, e A noite do meu bem. S.l., março de 1957. Correio da Manhã.

    Partitura de A noite do meu bem, de Dolores Duran, 1956. Mayrink Veiga.

  • Frequentador das rodas de samba do Estácio, Salgueiro e Mangueira desde a juventude nos anos 1920, Ismael Silva começou vendendo composições suas para artistas consagrados, prática comum na época. Em 1928, Francisco Alves gravou Me faz carinhos, que se tornou seu primeiro sucesso. Participa da criação da Deixa Falar, considerada a primeira escola de samba da cidade. Compôs com Francisco Alves, Noel Rosa, Mário Reis, Nilton Bastos. S.l., [1960].

    Compositor e cantor da zona norte do Rio, Zé Kéti adotava a linha do sambista malandro. Começou a frequentar a Portela logo nos primórdios da escola, em 1937. Foi um dos sambistas a se aproximar dos jovens músicos que criaram a bossa nova nos anos 1950. Entre seus maiores sucessos: Voz do morro, Máscara negra, Pisa na fulô. S.l., fevereiro de 1967. Correio da Manhã.

    Nelson Cavaquinho, grande frequentador de rodas e noites de samba no Rio de Janeiro, em especial na Lapa, Mangueira, praça Tiradentes e subúrbios da Central, chegou a ser policial nos anos 1930. Deixou mais de 400 canções, muitas delas com seu maior parceiro, Guilherme de Brito. Também integrou o grupo A Voz do Morro, com Cartola, Nuno Veloso, Zé Kéti, Elton Medeiros e Jorge Santana. S.l., setembro de 1970. Correio da Manhã.

  • Beth Carvalho, nome artístico de Elizabeth Santos Leal de Carvalho, começou sua carreira no circuito estudantil do Rio de Janeiro nos anos 1960. Compositora e cantora, dona de uma voz rouca e profunda, ajudou a projetar vários artistas do samba que acabou conhecendo em suas incansáveis e incontáveis incursões por festas e pagodes populares. Vou festejar, Andanças e Coisinha do pai são alguns dos maiores sucessos. Rio de Janeiro, junho de 1970. Correio da Manhã.

    Francisco Buarque de Hollanda é cantor, compositor, escritor. Ao longo de décadas, produziu canções que marcaram nossa história e misturaram várias influências. De grandes sambas a pequenas valsas, Chico Buarque compôs, entre outros, Vai passar, Valsinha, Construção, Roda Viva, Paratodos. S.l., s.d. Correio da Manhã.

    Jorge Ben é um compositor e cantor carioca que, ao longo da carreira, reinventou e mesclou estilos diversos, passando pelo swing, samba, rock, rap, jazz, bossa nova. Sua abordagem inovadora causou polêmica no início de sua trajetória, ainda nos anos 1960, e marcou a MPB. Jorge Ben com o Trio Mocotó. S.l., novembro de 1971. Correio da Manhã.

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  • Grandes encontros

    Grandes encontros

    A história do samba se faz com grandes vozes e grandes encontros. Encontros, muitos deles fortuitos, que enriqueceram mais ainda essa história, por vezes unindo artistas de bagagem e trajetória completamente diversas, resultando em caminhos e estilos inovadores, diferenciados.

    Carmem Miranda, Ângela Maria e Almirante; Dorival Cayimmi, Vinícius de Moraes e Marisa Gata Mansa; Dorival Caymmi e Tom Jobim; Elizeth Cardoso e Moreira da Silva... Estes são apenas alguns encontros marcantes aqui mostrados, que não só contribuíram para valorizar o samba, mas também ajudaram a levá-lo a públicos inéditos. Saiba mais

    Vídeo: Depoimentos sobre samba (1976)

  • Alfredo da Rocha Vianna Filho tornou-se conhecido com o nome artístico de Pixinguinha. Começou a carreira de músico na Lapa na adolescência, em 1912. Ao lado de Donga e outros seis músicos, integrou o grupo Os Oito Batutas entre 1919 e 1927. Ao longo de décadas, suas composições apaixonaram gerações de brasileiros, e seu virtuosismo o colocou entre nossos maiores músicos. Marcou o samba, o maxixe e, principalmente, o choro. Pixinguinha ao lado de Donga e João da Baiana (na ponta, à esquerda), outros dois grandes nomes imortais do samba. Rio de Janeiro, maio de 1955. Correio da Manhã.

  • José Barbosa da Silva, conhecido pelo nome de Sinhô, pertence à primeira geração do samba carioca. Desde cedo frequenta as mesmas rodas de samba que Donga, Pixinguinha e João da Baiana, músicos com quem, entretanto, apresenta agudas diferenças pessoais. Nos anos 1920, ganha prestígio com suas canções carnavalescas e para o teatro. Peça Mexericos, escrita por Carlos Bittencourt e musicada por Lamartine Babo, Sinhô e Assis Pacheco. Rio de Janeiro, novembro de 1928. Delegacia Auxiliar da Polícia do Rio de Janeiro.

    Nas primeiras décadas do século XX, alguns músicos ligados ao samba destacaram-se nos palcos, produzindo canções para peças de teatro da cidade: Pixinguinha, Sinhô, Lamartine Babo. Peça Eu quero é nota 1, de Nelson Abreu, Luiz Iglesias e Geysa Boscoli, musicada por Sinhô e Paraguassú. Rio de Janeiro, julho de 1928. Delegacia Auxiliar da Polícia do Rio de Janeiro.

  • Além de ator, Grande Otelo também foi compositor, tendo escrito o clássico samba Praça Onze com Herivelto Martins, lançado em 1942. S.l., maio de 1968. Correio da Manhã.

    Lamartine Babo foi um grande compositor, em especial de marchas carnavalescas como Teu cabelo não nega e Linda morena. Além de músicas de carnaval, foi autor de canções como No rancho fundo e Sonhei que tu estavas tão linda. Fez parcerias musicais com Noel Rosa e Ary Barroso. Compôs todos os hinos dos maiores clubes de futebol do Rio de Janeiro, o que tornou sua obra virtualmente inesquecível. Lamartine Babo (à esquerda) e Braguinha. Rio de Janeiro, fevereiro de 1958. Correio da Manhã.

    Letra de Praça Onze, de Herivelto Martins e Grande Otelo. Durante a ditadura militar, mesmo antigas canções deveriam ser avaliadas pelos órgãos de censura. Brasília, abril de 1971. SCDP.

  • Partitura de Rancho fundo, de Ary Barroso e Lamartine Babo. O samba-canção tornou-se um clássico e recebeu inúmeras versões ao longo das décadas, adaptado para outros estilos musicais. S.l., s.d. Rádio Mayrink Veiga.

    As chamadas “marchinhas de carnaval” fazem sucesso há pelo menos cem anos, e muitas delas são cantadas até hoje. Orlando Silva, o “cantor das multidões”, grande artista que interpretou obras de Pixinguinha, João de Barro, Noel Rosa, também gravou muitas marchas. Não me importa que a tábua rache. Humberto Moraes Franceschi.

  • O mineiro Ary Barroso compôs um dos hinos informais do país: Aquarela do Brasil, lançada em 1939. No final dos anos 1920, passa a compor para o teatro de revista, depois de já ter lançado algumas marchinhas e sambas e integrado bandas de jazz. Trabalha intensamente no rádio como apresentador e comentarista. Ary Barroso (à máquina) com Herivelton Martins (de pé). S.l., abril de 1955. Correio da Manhã.

  • Em 1937, Herivelton Martins e Nilo Chagas juntaram-se a Dalva de Oliveira para formar o Trio de Ouro, que gravou Praça Onze, de Herivelton e Grande Otelo, Ave Maria no morro, entre outras. Esta formação original seria desfeita com a separação de Dalva e Herivelton em 1950. Humberto Moraes Franceschi.

    Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chaves – o Trio de Ouro. S.l., [1957]. Correio da Manhã.

  • Carmem Miranda, Ângela Maria e Almirante, ícones da Era do Rádio. As emissoras de rádio começaram a surgir no Brasil nos anos 1920. Espalharam-se por todo o país e, entre as décadas de 1930 e 1940, o rádio foi responsável pelo contato dos brasileiros com o mundo, , além de contribuir para a formação de uma música de massa tipicamente nacional. Rio de Janeiro, junho de 1955. Correio da Manhã.

  • Considerado um dos criadores do samba de breque, Moreira da Silva incorporava a imagem típica do malandro da boemia carioca dos anos 1930, virando noites na Lapa e na praça Onze com seu terno de linho e chapéu panamá. Essa imagem do malandro sofre duro revés com o Estado Novo de Getúlio Vargas que, se por um lado “adotou” manifestações da cultura popular como elemento de identidade nacional, por outro, domesticou essas expressões, o que transformou (ou deveria transformar) o malandro em responsável trabalhador. Moreira da Silva e Trio Orixá. S.l, s.d. Correio da Manhã.

  • Ernesto Joaquim dos Santos tornou-se conhecido por Donga. Filho de uma das “baianas” da Cidade Nova, participou da vida musical da cidade desde muito cedo, em consequência das atividades de sua mãe. Compositor e instrumentista, Donga integra o grupo Caxangá, com Pixinguinha, Caninha e João Pernambuco, em 1913. Posteriormente, também com Pixinguinha, seria um dos criadores do grupo Os Oito Batutas. Compôs um dos primeiros sambas gravados (Pelo telefone), e representa o samba em sua fase inicial, ainda carregada de influências quase rurais mescladas de fortes referências urbanas. Clementina de Jesus e Donga no Teatro Opinião. Rio de Janeiro, abril de 1972. Correio da Manhã.

  • O compositor, pianista, arranjador, cantor e violonista carioca Antônio Carlos Jobim, além de ser um dos “pais” da bossa nova, foi um dos nossos maiores músicos. Em parceria com Vinícius de Moraes produziu obras como Canção do amor demais e Samba de uma nota só. Também realizou projetos com a família Caymmi, João Gilberto, Chico Buarque. Dorival Caymmi e Tom Jobim. Rio de Janeiro, março de 1972. Correio da Manhã.

    Letra de Samba de Orly, de Toquinho e Chico Buarque. O documento integra um processo para liberação da canção diante da censura, na época sob responsabilidade do Serviço de Censura e Diversões Públicas (SCDP). Brasília, 1971. SCDP.

  • O baiano Dorival Caymmi é autor de O que é que a baiana tem?, grande sucesso na voz de Carmem Miranda. Sua obra, contudo, vai mais além. Compositor sofisticado, tendo recebido influências do jazz e da música erudita, Caymmi compôs canções inspiradas nos sambas de roda de Salvador. É considerado um precursor da bossa nova. Caymmi, Vinícius de Moraes, Nana Cayimmi (à esq.) e Marisa Gata Mansa em palco de tevê. S.l., janeiro de 1973. Correio da Manhã.

  • Aracy de Almeida foi a maior intérprete das canções de Noel Rosa (Palpite infeliz, Feitiço da vila), ganhou a alcunha de Samba em Pessoa e dedicou sua carreira a cantar samba e músicas de carnaval. Elizeth Cardoso tornou-se, ao gravar Canção do amor demais (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), parte da história da bossa nova, além de ter desenvolvido uma carreira de muito sucesso em torno do samba-canção. Aracy de Almeida e Elizeth Cardoso. Rio de Janeiro, junho de 1972. Correio da Manhã.

    Conversa de botequim, samba de Noel Rosa e Vadico, interpretado por Aracy de Almeida. A parceria com o músico paulista Vadico resultou nos maiores sucessos de Noel Rosa: Conversa de botequim, Feitiço da vila, Pra que mentir ?. Humberto Moraes Franceschi.

  • Grandes damas do samba, Ivone Lara e Jovelina Pérola Negra (compositoras e cantoras) tiveram sua trajetória artística e pessoal marcada pela escola de samba Império Serrano. A primeira, parceira de Décio da Viola e Silas de Oliveira e autora de sucessos como Sonho meu, foi durante anos figura proeminente da ala das baianas da escola. Jovelina Pérola Negra, personagem marcante do pagode, foi pastora da mesma agremiação. Identificados, da esquerda para a direita: Jovelina Pérola Negra, Mário Lago e Dona Ivone Lara. Rio de Janeiro, [199-]. Mário Lago.

  • Espetáculo Geração 80, dirigido e idealizado por Mário Lago Filho e montado no Teatro Carlos Gomes, na cidade do Rio de Janeiro. Os três personagens da foto foram renomados sambistas cariocas nascidos no início do século XX. Identificados, da esquerda para a direita: Mário Lago, autor de clássicos como Ai que saudade da Amélia, em parceria com Ataulfo Alves; Jamelão, compositor e cantor que puxou o desfile da Mangueira por décadas; e Braguinha, o João de Barro, integrante original do Bando dos Tangarás, ao lado de Noel Rosa, Almirante e Alvinho. Rio de Janeiro, 1995. Mário Lago

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  • O chão do samba, o som do carnaval
  • O chão do samba, o som do carnaval

    O chão do samba, o som do carnaval

    Madureira, Estácio, Mangueira. São bairros, comunidades, estações de trem. São também escolas de samba ou, senão, o berço de algumas das mais tradicionais agremiações. Madureira da Vai Como Pode, da Portela, do Império, da estação de trem, do Jongo da Serrinha, que alguns dizem ser na verdade de Oswaldo Cruz. É o Estácio do morro de São Carlos, da Deixa Falar, vizinho da praça Onze. É a Mangueira do verde-e-rosa, dos expulsos pelas grandes reformas no centro da cidade, velho morro do Telégrafo. Vila Isabel, Salgueiro, Padre Miguel, Tijuca. Mais histórias, mais escolas, mais samba. Saiba mais 

    Vídeo: Depoimentos sobre samba (1976)

  • A praça Onze, com seu imponente chafariz, desenhado por Grandjean de Montigny, em 1846, seria um dos pontos geográficos mais emblemáticos da história do samba. O centro religioso (terreiro) de Tia Ciata, na região central do Rio de Janeiro, em uma área povoada por imigrantes (ciganos, italianos, judeus) e descendentes de escravos, abria suas portas em 1917 para rodas de samba e reuniões, tornando-se ponto de encontro de músicos de toda a cidade. Os ranchos que desfilavam no carnaval passavam pela porta da sua casa, na rua Visconde de Inhaúma.

    O primeiro desfile oficial de escolas de samba do Rio de Janeiro deu-se em 1935, na praça Onze, palco de desfiles de anos anteriores, organizados pelos sambistas à revelia (e, às vezes, contra) do poder público. Ali permaneceu até 1942, quando as obras de reforma urbana do governo Vargas alteraram radicalmente toda a região central da cidade e virtualmente destruíram o jardim que dava nome ao bairro Praça Onze. Toda a região foi muito alterada pelas reformas urbanas do Estado Novo, perdendo quatro ruas e ainda a maior parte da tradicional praça. O Sambódromo inaugurado nos anos 1980 encontra-se na antiga praça Onze.

    Vista da praça Onze, Rio de Janeiro, 1942. Arquivo Hélio de Brito

    Praça Onze, de Herivelto Martins e Grande Otelo. Humberto Moraes Franceschi.

  • Em 1947, o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, evento que tivera início na década anterior, é realizado pela primeira vez na avenida Presidente Vargas, inaugurada em 1944. Desfile das escolas de samba na avenida Presidente Vargas, Rio de Janeiro, em 1953. Agência Nacional.

  • Passistas da Azul e Branco no desfile das escolas de samba na avenida Rio Branco, em 1943. Nesse ano, o desfile foi organizado pela Liga de Defesa Nacional e fazia parte do "Carnaval da Vitória", evento com o objetivo de arrecadar fundos para comprar "obrigações de guerra". Agência Nacional.

    Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro na avenida Presidente Vargas em 1950. Agência Nacional.

  • Nos anos 1920, uma escola de samba foi fundada no morro de São Carlos - Deixa Falar, considerada a primeira do Rio. Entre seus fundadores estava Ismael Silva, que também sugeriu o nome. A agremiação durou poucos anos e não chegou a participar dos desfiles oficiais, instituídos nos anos 1930. Berço do samba, o bairro do Estácio não ficaria sem uma escola de peso e, em 1955, as agremiações se reuniram em uma só, a Unidos de São Carlos. Em 1983, a escola se transforma em Estácio de Sá e troca o azul e branco pelo vermelho e branco, cores originais da Deixa Falar. Desfile da Unidos de São Carlos, fevereiro de 1972. Correio da Manhã.

    Ensaio da Unidos de São Carlos. Novembro de 1972. Correio da Manhã.

  • No século XIX, o morro do Salgueiro fazia parte do complexo de propriedades cafeeiras da região atualmente denominada Tijuca. No século passado, passou a ser ocupado por ex-escravos e imigrantes empobrecidos que, nos anos 1930, criaram a escola de samba Azul e Branco, origem da Acadêmicos do Salgueiro. Morro do Salgueiro, março de 1961. Correio da Manhã.

    Um dos grandes nomes de um dos instrumentos mais emblemáticos do samba na avenida, Zeca da Cuíca atuou em duas escolas tradicionais no Rio de Janeiro: Estácio de Sá e Salgueiro. Participou da fundação do famoso grupo Originais do Samba, que integrou por pouco tempo. Zeca da Cuíca (Salgueiro). Rio de Janeiro, julho de 1972. Correio da Manhã.

  • O morro existente no fundo do bairro imperial de São Cristóvão serviu muitas vezes de esconderijo para escravos fugidos. Com a inauguração das linhas de telégrafo, passou a ser chamado morro do Telégrafo, em fins do século XIX. Com a expulsão dos moradores pobres do centro do Rio no bota-abaixo do início do século XX, a população da região aumenta e dá origem ao complexo de favelas atualmente conhecido por Mangueira. Morro da Mangueira, março de 1970. Correio da Manhã.

    O GRES Estação Primeira de Mangueira foi fundado no final da década de 1920. Ao longo da sua história colecionou títulos e sambas marcantes e ajudou a lançar a carreira de artistas como Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, Jamelão. Morro da Mangueira, fevereiro de 1968. Correio da Manhã.

    A Acadêmicos do Salgueiro, nascida no início dos anos 1950 a partir da fusão de duas outras escolas da região, teve sua história marcada por inspirações e ousadias. Foi a primeira a apresentar um enredo centrado em uma figura feminina (Xica da Silva, 1963); trouxe as alas de passo marcado; lançou Joãozinho Trinta, carnavalesco visionário que defendeu enredos abstratos; profissionalizou a figura do carnavalesco, trazendo artistas e acadêmicos para desempenhar o papel. Comemoração pelo campeonato de 1971. Correio da Manhã.

  • Passistas da Mangueira no carnaval de 1961. Correio da Manhã.

  • Alguns personagens marcaram profundamente a história dos bairros em que nasceram. Compondo, cantando, dançando ou promovendo essas atividades, criaram uma imagem que incorpora, de várias formas, a alma do seu bairro. Zica e Cartola, figuras inesquecíveis da Mangueira. Rio de Janeiro, fevereiro de 1972. Correio da Manhã.

    O Carnaval e a “remandiola total”. Jornal Tendência e Cultura, Rio de Janeiro, [197-]

  • Cartola, ao lado de Clementina de Jesus e Bete Carvalho (à esquerda). Rio de Janeiro, março de 1972. Correio da Manhã.

  • Comemoração pela conquista do campeonato de 1972. Rio de Janeiro. Correio da Manhã.

  • Dois blocos foram fundados por Paulo Benjamin de Oliveira (conhecido como Paulo da Portela), Antônio Rufino e Antônio da Silva Caetano em Oswaldo Cruz nos anos 1920. Primeiro, o Baianinhas, em 1923, que não foi para frente; e, depois, o conjunto carnavalesco Oswaldo Cruz, que mudaria seu nome para Quem nos Faz é o Capricho e, mais adiante, para Vai como Pode, em 1931. Com a oficialização do carnaval em 1935, o Vai como Pode não obtém o registro na Delegacia de Costumes e Diversões, pois o nome era considerado inadequado. A escola, já com a águia como símbolo, ganha o nome de Portela. Rio de Janeiro, s.d. Correio da Manhã.

    Portela na avenida, 1973. Correio da Manhã.

  • Zé Keti, Paulinho da Viola e a Velha Guarda da Portela. Junho de 1972.

    Clara Francisca Gonçalves nasceu no interior de Minas Gerais e tornou-se Clara Nunes no início dos anos 1960. Primeira cantora a ultrapassar a marca dos 500 mil discos vendidos, Clara Nunes foi também uma das maiores intérpretes dos compositores da Portela. Natalino José do Nascimento, o Natal, durante muitos anos financiou a escola de Madureira, tornando-se um dos primeiros contraventores a patrocinar uma escola de samba. Clara Nunes e Natal da Portela. Março de 1972. Correio da Manhã.

  • Todos os anos um trem parte da estação Central do Brasil em direção à zona norte da cidade, mais especificamente, Oswaldo Cruz, passando por Mangueira e Madureira. Não é à toa que o destino final desse trem, que celebra o samba no mês em que se convencionou comemorar seu aniversário, sejam justamente aqueles bairros - Madureira e a vizinha Oswaldo Cruz - que, juntamente com o Estácio, são considerados berço do samba e foram casa de duas das escolas mais tradicionais da cidade - Portela e Império Serrano. O bairro e suas escolas de samba foram cantados por grandes personalidades da MPB, como Clara Nunes, Arlindo Cruz, Cássia Eller, Paulinho da Viola, Originais do Samba, Raimundos, Zeca Pagodinho. Trem chegando em Madureira. Novembro de 1965. Correio da Manhã.

  • Solicitação original de censura de figurinos, síntese do enredo e samba-enredo Foi malandro é, da Império Serrano, em 1986. Serviço de Censura e Diversões Públicas/SCDP.

    Submissão do samba-enredo Meu Brasil brasileiro, da Portela, ao Serviço de Censura. Brasília, 1982. Serviço de Censura e Diversões Públicas/SCDP.

  • Paulo César Batista de Faria (Paulinho da Viola) começou a frequentar a Portela aos 21 anos, levado por seu tio. Filho de músico, habituado a conviver desde a infância com grandes nomes como Pixinguinha e Jacob do Bandolim, Paulinho da Viola transitou em vários meios, realizou parcerias com músicos como Candeia, Nelson Sargento e Zé Keti, e ajudou a Portela a levar o campeonato de 1965 com seu samba-enredo Memórias de um sargento de milícias.

    A história de Martinho José Ferreira na escola de samba Unidos de Vila Isabel tem início em 1965, quando recebeu um convite para integrar a ala de compositores. Recém-saído da Aprendizes da Boca do Mato, Martinho alterou o estilo dos sambas de enredo e tornou-se um dos maiores compositores da agremiação, consagrado definitivamente no campeonato de 1988, com Kizomba, a festa da raça. Paulinho da Viola e Martinho da Vila. Rio de Janeiro, 1970.

  • A Unidos de Vila Isabel foi fundada em 1946 por sambistas da região de Vila Isabel oriundos do bloco carnavalesco Acadêmicos da Vila, entre eles o “China” Antônio Fernandes da Silveira, Aílton Cléber da Silva; Antonio Rodrigues, Paulo Brazão, entre outros. Nascida no bairro de Noel Rosa, a escola ganharia seu primeiro título em 1988 com Kizomba, a festa da raça. Preparação para o Carnaval de 1969. Correio da Manhã.

    Ensaio para o Carnaval de 1970. Correio da Manhã.

    Clóvis Bornay orienta o trabalho no barracão da Unidos de Vila Isabel. Fevereiro de 1971. Correio da Manhã.

  • O chão do samba, o som do carnaval
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