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A expedição Roncador-Xingu: o desbravamento do grande sertão

O Estado teve um papel ativo no conjunto das medidas governamentais que moldaram a Marcha para o Oeste, justificada por razões, principalmente, de natureza geopolítica e por um nacionalismo acentuado, no contexto do ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Assim, era necessário criar bases militares e pistas de pouso, construir pontes, abrir caminho nas matas do sertão, enfim, ocupar e controlar o interior do território.

Gerenciada pela Fundação Brasil Central (FBC), a expedição Roncador-Xingu foi a principal frente da Marcha para o Oeste e tinha como meta alcançar a Serra do Roncador (Mato Grosso) e os rios formadores do Xingu. Em 1943, um trem com dezenove vagões partiu de São Paulo em direção a Uberlândia, transportando os expedicionários e seu suporte técnico e material. A etapa seguinte, de 900 quilômetros de estradas de terra, foi superada com caminhões e veículos de transporte até Aragarças, às margens do rio Araguaia.

A expedição Roncador-Xingu chegou à outra margem do Araguaia e avançou 150 quilômetros, desbravando trilhas no sertão com burros de cargas até alcançar, em 1945, o rio das Mortes, final da primeira etapa, e as primeiras elevações da Serra do Roncador. Embora os aviões da Força Aérea Brasileira provessem a estrutura de retaguarda, os expedicionários enfrentaram duríssimas condições de sobrevivência: ultrapassando os obstáculos estabelecidos pela própria natureza, caçando para suprir a irregular chegada de mantimentos, lutando contra doenças e estabelecendo os primeiros contatos com povos indígenas da região.

Esse enorme esforço para avançar em direção ao sertão foi registrado nos diários dos irmãos Villas Boas. A divulgação oficial amplamente realizada pela máquina do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do governo Vargas permitiu que a população acompanhasse, pelos rádios e jornais, a “narrativa heroica” da nova colonização das terras no interior do Brasil no século XX e a “pacificação” dos indígenas. Era a nação em movimento, rumo ao progresso, como afirmavam os intelectuais da centralização política e administrativa do regime varguista, em suas análises publicadas na imprensa naquela época, que também tinham a intenção de atrair migrantes e investidores para o projeto modernizante do governo.

Em 20 de março de 1948, no governo Eurico Dutra, teve fim a expedição Roncador-Xingu, quando foi estabelecida uma nova etapa de penetração na região Xingu-Tapajós.

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