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Exposição

Razão, memória e imaginação: Encyclopédie

 

  • Apresentação

    Encyclopédie, ou Dictionnaire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers, teve o seu primeiro tomo publicado em 1751. Dirigida por Denis Diderot e Jean le Rond d`Alembert, a obra comporta, na primeira edição, em Paris, 35 volumes, concluídos em 1780. O Arquivo Nacional possui, em seu acervo de obras raras, a série completa dos volumes de pranchas e textos do que foi chamado "o livro dos livros". Um best-seller em seu tempo, criticada por vulgarizar o conhecimento, a Encyclopédie foi alvo de proibições, acusada pelos censores do Antigo Regime de "destruir a religião e inspirar a independência dos povos". Além de uma trama quase policial que envolve edições secretamente publicadas em Paris, temos aqui uma epopéia intelectual envolvendo alguns dos maiores nomes do pensamento moderno: Voltaire, Rousseau, Diderot e d´Alembert são os mais conhecidos em meio aos homens de letras que circulavam entre os cafés, salões e academias francesas, e que chegaram à América colonial através de suas idéias, repercutindo, sediciosamente, contra a ordem metropolitana e, ao mesmo tempo, balizando o desenvolvimento técnico e científico do mundo ibero-americano. 

    Memória, Razão e Imaginação são as faculdades que presidem o sistema de conhecimento, correspondendo à História, à Filosofia e às Belas-Artes. Enunciado no Discurso Preliminar que abre a obra, de autoria de d'Alembert, o sistema é um tributo a Francis Bacon, ao pensamento seiscentista inglês. Se a Encyclopédie deveria "expor, tanto quanto possível, a ordem e o encadeamento dos conhecimentos humanos", o Dictionnaire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers deveria atender, em cada ciência e em cada arte, aos "princípios gerais em que se baseia e os detalhes mais essenciais que formam seu corpo e sua substância". Assim, desde o início, foi prevista pelos editores a edição dos desenhos, distribuídos em onze volumes. Realizadas com grande qualidade técnica, por desenhistas e gravadores, as pranchas pretendiam revelar a arte dos ofícios, em um elogio da técnica, compondo, ao mesmo tempo, cenas de ateliês, óperas, oficinas, laboratórios e cultivo, nas quais podemos perceber a perspectiva humanista. 

    Devemos percorrer a Encyclopédie como uma exposição, sugere Roland Barthes, considerando que se a descrição dos objetos obedece a uma intenção tecnológica, mais do que isso, ela assume uma iconografia autônoma do objeto, cujo poder hoje saboreamos, já que não mais olhamos essas ilustrações com puros fins de saber. Com seu pressuposto de universalidade, a obra dos enciclopedistas, entre os quais destaca-se Denis Diderot, é, ainda, essencialmente francesa, o lugar onde é radicalizado o sentido das Luzes. Revisitar as pranchas da Encyclopédie, mais de duzentos e cinqüenta anos após o seu surgimento, é uma oportunidade de olharmos para o tempo futuro que a sua própria elaboração já comportava.

    Claudia Beatriz Heynemann
    Curadora

  • Galerias

    • A arte de escrever
    • O enciclopedismo na época moderna
    • Fábrica de papel
    • Tipografia
    • A arte de escrever

      Arte de escrever - posição dos corpos e manuseio da pena

      A prancha trata da posição dos corpos para escrever e do manuseio da pena: "esses dois objetos são importantes; um consiste na atitude graciosa do corpo, e o outro na facilidade de sua execução". Indicando haver uma posição conveniente a cada sexo, o verbete concentra-se na descrição da exata postura das jovens.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 3.

    • O enciclopedismo na época moderna

      Uma das imagens mais recorrentes na história do livro é, certamente, a da biblioteca de Alexandria. Na cidade fundada por Alexandre Magno, em 331 a.C., a biblioteca, no sentido grego de depósito de livros, destinava-se à acumulação de todos os escritos da Terra. Seu incêndio simbolizaria, desde então, o sentimento trágico do desaparecimento das civilizações. Assim, a Encyclopédie deveria, nas palavras de Denis Diderot, suprir essa imensa lacuna, tornando-se "um santuário, onde os conhecimentos dos homens estejam ao abrigo dos tempos e das revoluções". Concluía sua exortação afirmando que, "se os antigos tivessem elaborado uma enciclopédia, como elaboraram tantas coisas, e se esse manuscrito tivesse escapado, sozinho, da famosa biblioteca de Alexandria, ele teria sido capaz de nos consolar da perda dos outros".

      No século XVIII o livro alcança cada vez mais espaço, a escrita é hegemônica, não há pensamento e batalha de idéias sem o livro. A ciência, o conhecimento, tornam-se mais e mais acessíveis e a Enciclopédia é parte desse movimento de divulgação. Resumos, breviários, compêndios, bibliotecas, dicionários, sistemas, métodos de aprendizagem. O saber prático do mundo sensível se expressaria com grande sucesso na Cyclopaedia ou Universal Dictionary of Arts and Sciences, de Ephraïm Chambers, publicado em 1728. Em 1745, o livreiro impressor Le Breton adquire o privilégio para tradução do livro. Mas o projeto se transforma, nas mãos de Diderot, em uma obra eminentemente francesa, um novo empreendimento. A primeira edição, formato in-fólio, de Paris, é composta de dezessete volumes de texto, publicados entre 1751 e 1765, sendo que os dez últimos saíram ao mesmo tempo nesse último ano, sob o termo falso de impressão de Neuchâtel, um dos expedientes empregados para salvar a Enciclopédia da revogação do privilégio de publicação em 1759. Os onze volumes de pranchas são publicados entre 1762 e 1772. O Suplemento, com quatro volumes de texto e um de ilustrações, é publicado em Paris e Amsterdã, em 1776 e 1777. A obra foi concluída com a Table analytique, em dois volumes, em 1780. A Enciclopédia, enkuklios paideia em grego, significando, literalmente, o círculo da educação, foi a tarefa da época moderna.

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 2.

    • Fábrica de papel

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 12.

    • Tipografia

      Depois da invenção do alfabeto, a imprensa é, para os homens das Luzes, a segunda ruptura fundamental na produção e difusão do conhecimento. Para Condorcet, a imprensa é o suporte indispensável da língua universal, necessária ao progresso do espírito humano. A invenção, que multiplica indefinidamente os exemplares de uma mesma obra, podia disseminar, assim, "a instrução que cada homem pode receber através de seus livros no silêncio e na solidão".

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 6/7, Pl. 1.

    • A arte de escrever
    • O enciclopedismo na época moderna
    • Fábrica de papel
    • Tipografia
    • Desenho, anatomia
    • Escola de desenho
    • Escultura em terra e em gesso
    • Modelo feminino
    • Perspectiva
    • Câmara obscura
    • Figura acadêmica
    • Manequim
    • Anatomia muscular humana
    • Desenho, anatomia

      Desenho

      Estudo de expressão corporal 

      Na segunda metade do século XVIII o desenho conhecerá importantes transformações, em seu ensino, técnicas e, sobretudo, em seu status. Passando a ser reconhecido em todos os domínios da arte, arquitetura, pintura, escultura e artes aplicadas, deixa de ser apenas um esboço ou a base para uma pintura, para se tornar, ele mesmo, uma obra de arte. Ensinado nas escolas, o desenho é considerado um dos conhecimentos fundamentais na educação de um jovem: aprende-se os rudimentos da perspectiva e do desenho paisagístico, o uso da pena e das cores.

      O ensino artístico se dá nas escolas de desenho e academias, como a Academia Real de Pintura e Escultura de Paris, com acesso restrito aos que já possuem prática: além do estudo do cenário natural, dedicam-se às antigüidades célebres, o que será criticado por Diderot, que privilegiava a inspiração do artista em detrimento do culto aos antigos e da ênfase na técnica. A obra mais célebre nesse período é a Nouvelle méthode pour apprendre à dessiner sans maître, de Jombert, editada em 1740 e que serve de modelo ao capítulo Desenho, da Encyclopédie.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 31

    • Escola de desenho

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 1.

    • Escultura em terra e em gesso

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 7/8, Pl. 1.

    • Modelo feminino

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 20.

    • Perspectiva

      No século XV é constituída a doutrina da perspectiva linear, consistindo na simulação da profundidade de um espaço tridimensional em um plano bidimensional. Teorizado por Leon Battista Alberti e desenvolvido entre pintores e artistas como Brunelleschi e Da Vinci, esse sistema viria instaurar uma nova concepção do espaço, criando a ilusão de uma representação objetiva e realista do mundo que vigorou até o século XIX. Presente nessa mesma prancha e praticada desde o século XVI, a anamorfose foi assim denominada no século XVII: configura uma distorção na representação de figuras no plano dimensional devido à mudança da perspectiva de sua visualização.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 2.

    • Câmara obscura

      Conhecida desde a Antigüidade recebeu essa denominação latina na Idade Média. Produz um fenômeno ótico através de uma câmara escura com um orifício pelo qual os raios luminosos projetam, no fundo da câmara, a imagem da realidade que se encontra diante dela. A partir do Renascimento a camara obscura foi utilizada, juntamente com outros instrumentos como o vidro de Da Vinci, na construção da perspectiva. Seu princípio arquitetônico é a base das câmeras fotográficas, cinematográficas e videográficas.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 4.

    • Figura acadêmica

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 17.

    • Manequim

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 6.

    • Anatomia muscular humana

      A figura foi copiada, com algumas variações, da gravura de Jan Wandelaar, pertencente à obra do médico anatomista Bernhard Siegfried Albinus, de origem alemã, intitulada Tabulae anatomicae musculorum hominis, publicada em 1747. Foi executada, segundo seu autor, a partir da natureza.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 4.

    • Desenho, anatomia
    • Escola de desenho
    • Escultura em terra e em gesso
    • Modelo feminino
    • Perspectiva
    • Câmara obscura
    • Figura acadêmica
    • Manequim
    • Anatomia muscular humana
    • Esqueleto humano
    • Frontispício da cirurgia
    • Cirurgia
    • Sistema circulatório
    • Relojoaria
    • Mecânica
    • Geometria
    • Astronomia
    • Esqueleto humano

      Anatomia

      Publicada em 1555, a obra do médico André Vesale será uma referência na medicina durante muitos séculos. Nascido em Bruxelas, professor da Universidade de Pádua, na Itália, ficou conhecido como o reformador da anatomia, dissecando com as próprias mãos, utilizando o corpo humano para demonstrações, valendo-se de modelos vivos, animais, desenhos e esqueletos. As pranchas referentes à osteologia serão reproduzidas em todas as enciclopédias. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 2.

    • Frontispício da cirurgia

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. s/n.

    • Cirurgia

      Cadeira para exame 

      Denis Diderot foi um dos tradutores do Dictionnaire universel de mèdecine, de chirurgie, d'anatomie, de chyimie, de pharmacie, de botanique, d'histoire naturelle, &c., de Robert James. Dessa obra saem diversos textos e desenhos utilizados na Encyclopédie.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 12.

    • Sistema circulatório

      A estrutura geral do coração era em parte conhecida, desde Galeno, nos séculos iniciais da era cristã e confirmada por muitos renascentistas como Leonardo Da Vinci. Mas foi em 1628, com a obra de William Harvey, intitulada Uma dissertação anatômica sobre o movimento do coração e do sangue em animais que toda a concepção do organismo humano foi transformada, com a descrição do sistema circulatório.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 8.

    • Relojoaria

      O crescente número de maquinismos, surgidos em diversos lugares do mundo, levou a uma transformação do pensamento moderno: o interesse pelo modo de seu funcionamento traçava um paralelo com os processos da natureza. A invenção do relógio mecânico, no final do século XIII, dá origem à metáfora da ordem e da regularidade do mundo, na qual Deus seria o relojoeiro. A idéia é extensiva, também, à perfeição da monarquia absoluta. No século XVI, sugeriu-se, causando grande impacto, que os corpos celestes poderiam ser similares às peças de um relógio, desenvolvendo-se, então, na filosofia mecânica, a analogia do mundo natural com o maquinismo.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 3, Pl. 1.

    • Mecânica

      Ao final do século XVI a filosofia mecânica viria marcar, definitivamente, a revolução científica. Todos os fenômenos deveriam ser explicados a partir de conceitos empregados na disciplina matemática da mecânica: forma, tamanho, quantidade e movimento. Em 1687, Isaac Newton publica Principia mathematica e em 1704, a Óptica. Em 1713, o cientista inglês escreveria na segunda edição do Principia que a partir da indução dos fenômenos podia-se afirmar que "a gravidade realmente existe e atua de acordo com as leis que explicamos". Sua obra é uma síntese das idéias e descobertas de Giordano Bruno, Copérnico, Kepler, Galileu, Gassendi, Descartes e outros, e passou a dominar, desde então, o programa científico e a visão de mundo, sendo o modelo dos filósofos setecentistas. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 3.

    • Geometria

      Reduzindo o real ao geométrico, Galileu proclamará que "a filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuadamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles nós vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto".

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 5

    • Astronomia

      Planisfério 

      Substituindo a cosmologia de Aristóteles e a astronomia de Ptlomeu, Nicolau Copérnico propôs, em 1543, um novo sistema astronômico, no qual o Sol substituía a Terra como corpo central a cuja volta os planetas, incluindo a Terra, giravam. E depois dele, o século XVII, de Kepler, Galileu e Descartes. No século das Luzes, o fato essencial que caracteriza a astronomia é a constituição da mecânica celeste analítica, indicando, claramente, como o desenvolvimento desse ramo da astronomia é indissociável da análise matemática. A conseqüência mais imediata dessa relação será a vitória das concepções newtonianas sobre o sistema cartesiano.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 2.

    • Esqueleto humano
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    • Instrumentos musicais, teatro
    • Instrumentos musicais antigos e modernos
    • Teatro
    • Máquinas de teatro
    • Instrumentos musicais, teatro

      Oficina de instrumentos de corda

      As transformações musicais estão relacionadas ao progresso dos instrumentos, uma verdadeira revolução técnica que passa pela harpa e flautas da Antigüidade seguida pela generalização do órgão e o aparecimento do cravo, do violino e do piano. A música instrumental sobrepõe-se à música vocal: o concerto, a música de câmara, da corte, é a expressão profana dessa arte, contrapondo-se, no século XVI, à música de Igreja. No século XVIII impõe-se a sinfonia, a grande música de orquestra, música de massa, com maior número de instrumentos e de ouvintes. Os verbetes da Encyclopédie sobre música e ópera são assinados por Jean-Jacques Rousseau.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 18.

    • Instrumentos musicais antigos e modernos

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. 

      Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 2.

    • Teatro

      Salas de espetáculo, edifício da nova Ópera de Stuttgart 

      O teatro era capaz, no século XVIII, de reunir grandes platéias, fazendo Diderot evocar as encenações da Antigüidade, com suas monumentais concentrações de público, e sonhar com um espetáculo que fixasse "a atenção de uma nação inteira nos seus dias mais solenes". Além dos novos textos e da crise dos padrões literários, as transformações são sensíveis também na cenografia, na decoração das salas e mesmo na arquitetura exterior do edifício, em sua inserção urbanística. Mas, se o século das Luzes é uma época de ouro do teatro, com autores como Diderot, Voltaire, Lessing ou Schiller, o teatro público ainda é raro nas cidades européias, imperando a sala de espetáculos da corte, em que o teatro é parte das festas da aristocracia. A ópera também sofrerá transformações, tanto em sua dimensão dramática quanto musical, passando pela ópera ‘séria', pela ópera buffa, italiana, francesa. No momento em que os enciclopedistas escrevem, predomina, no tumultuado cenário do Antigo Regime, o pluralismo dos gêneros: quadro histórico, comédia, drama.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 10, Pl. 1

    • Máquinas de teatro

      Máquina de Netuno. Detalhe das máquinas de teatro da Ópera de Paris.

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. 
      Encyclopédie... Vol. 10, Pl. 22.

    • Instrumentos musicais, teatro
    • Instrumentos musicais antigos e modernos
    • Teatro
    • Máquinas de teatro
    • Antiguidades, arquitetura
    • Arquitetura
    • Prefeitura de Rouen - Fachada
    • A arte do mármore
    • Antiguidades, arquitetura

      Antiguidades

      Anfiteatro de Vespasiano e suas ruínas 

      As ruínas irão ocupar, progressivamente, um lugar próprio na pintura e no desenho. Funcionando, até então, como elemento de temporalidade no espaço da tela, agora são um tema em si, exibindo a sua perenidade. As idéias que as ruínas despertam em mim são grandes, diz Diderot: "tudo se aniquila, tudo perece, tudo passa. Somente o mundo permanece. Somente o tempo dura. Como o mundo é velho! Caminho entre duas eternidades...".

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 2.

    • Arquitetura

      Modelo de frontões

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 12.

    • Prefeitura de Rouen - Fachada

      No Discurso preliminar, D'Alembert dirá que até então a arquitetura moderna não era mais do que "a máscara embelezada de uma das nossas maiores necessidades", expressando, assim, o desejo de ruptura com o passado imediato. Desde a década de 1720, países como a Inglaterra e a França, distanciam-se, progressivamente, da retórica romana e da hegemonia da arte italiana, que se afirmara desde o Renascimento. Opõem-se aos mestres barrocos, buscando uma arte liberada de normas acadêmicas e com recursos ornamentais. A arquitetura civil e religiosa rococó simboliza, assim, uma nova expressão dos Tempos modernos. A circulação de obras de arte, a crescente importância do desenho, da gravura, do livro, com a abertura de novas coleções, de academias e de escolas de arte ou de engenharia, alargam, consideravelmente, a escolha e o uso dos modelos. Valoriza-se a ligeireza, a graça, a mobilidade, a clareza: a arte burguesa que se exterioriza na cidade através de uma arquitetura doméstica refinada, reflete a ascensão da ‘boa sociedade'. Mas, mesmo em meio à Rocalha e ao Rococó, os arquitetos franceses permanecem fiéis, na arte monumental religiosa ou civil, ao classicismo monárquico.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 22.

    • A arte do mármore

      Plano do pavimento compreendido sob a cúpula do monumento dos Invalides

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 4, Pl. 11.

    • Antiguidades, arquitetura
    • Arquitetura
    • Prefeitura de Rouen - Fachada
    • A arte do mármore
    • Agricultura, economia rural
    • Horticultura
    • Economia rural
    • Cultura do algodão
    • Preparação do índigo e mandioca
    • O bicho da seda
    • Agricultura, economia rural

      Agricultura e jardinagem

      Plano de um jardim 

      No século XVIII surge, como uma nova profissão, o jardineiro e paisagista, acompanhando o crescimento do cultivo de flores, caracterizando uma verdadeira revolução na jardinagem: à botânica medicinal e ao plantio de ervas e verduras, soma-se a jardinagem voltada para o luxo. Convivem também dois estilos de jardins: a ordem soberana e majestosa de Versalhes, do final do século XVII, com a sua racionalidade introduzida pelo classicismo, apresenta formas geométricas simples, freqüentemente simétricas, organizando o espaço em grandes perspectivas a partir do palácio.

      Opõe-se ao jardim romântico, de estilo inglês, desenvolvido a partir de 1776, segundo os princípios ditados pelo arquiteto J.M. Morel, para quem os jardins deveriam, em sua paisagem, imitar a natureza, com aléias sombrias, sinuosas, obedecendo ao olhar de quem o percorre. Fundamental na época das Luzes é o jardim botânico, originário das experiências herboristas do Renascimento e que irá se alimentar das diversas espécies exóticas que chegam das colônias, através das experiências de aclimatação. Na França, o Jardin du roi, fundado em 1635 como Jardim Real de Plantas Medicinais será dirigido, a partir de 1740, pelo naturalista francês Buffon, uma referência obrigatória para os enciclopedistas.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 5.

    • Horticultura

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 1.

    • Economia rural

      Moinho de vento 

      O século XVIII assiste, na Europa, a uma transformação em grande escala. Além do melhoramento das técnicas, já iniciado no século anterior, os enclosures, cercamento dos campos ingleses, irão favorecer o aumento da produtividade. Diminuem, também, as crises de subsistência que acometiam a população. A pesquisa agrícola se acelera a partir de meados do século, em compasso com a corrente hegemônica no pensamento econômico do período, a fisiocracia, que identifica na agricultura a única atividade realmente produtiva na economia, em oposição às idéias mercantilistas.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 1.

    • Cultura do algodão

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. s/n.

    • Preparação do índigo e mandioca

      Em contraste com a paisagem dos campos europeus impõe-se o mundo colonial e o comércio de produtos exóticos. O contato com essas sociedades gera, entre os ilustrados, toda uma reflexão acerca do clima, das formas de exploração do trabalho, da índole e dos hábitos de seus habitantes, em contraste com a ‘civilização'.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. s/n.

    • O bicho da seda

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. s/n.

    • Agricultura, economia rural
    • Horticultura
    • Economia rural
    • Cultura do algodão
    • Preparação do índigo e mandioca
    • O bicho da seda
     
     
    • História natural, química
    • A pulga vista ao microscópio
    • Pássaros
    • Química
    • Quina e cássia
    • Princípios de botânica
    • Mineralogia
    • Metalurgia
    • Erupção do Vesúvio em 1754
    • História natural, química

      História natural

      O elefante e o rinoceronte 

      A maior parte das pranchas sobre quadrúpedes foi tirada da História natural de Buffon, intendente do Jardin du Roi e a grande referência nesse tema para os enciclopedistas, apesar de não colaborar diretamente com a obra. Buffon, defendendo uma descrição exaustiva do mundo natural, opõe-se radicalmente ao sistema de classificação do naturalista sueco Lineu e marca um dos grandes debates do século. Apesar da forte oposição que sofre, sobretudo entre os philosophes, a taxionomia e a nomenclatura de Lineu serão rapidamente difundidas e adotadas. No século XVIII, as obras dedicadas à história natural no estilo de Buffon, com suas vastas descrições, sua vocação literária e ilustrações coloridas, irá fascinar todo um público de amadores e curiosos.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. 1.

    • A pulga vista ao microscópio

      Essa prancha foi diretamente inspirada na obra de Robert Hooke, a Micrographia, de 1665. Hooke, mais do que um sistema de investigação mostrava, pela primeira vez, todos os recursos visuais obtidos graças ao uso do microscópio no domínio da história natural, especialmente no que concernia aos insetos. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. 85.

    • Pássaros

      Pássaros de Madagascar, Caiena e o Tangará Cardinal do Brasil

      A ornitologia ocupou um lugar de destaque na história natural, seguindo uma tradição do século XVI, em que figuram as obras de Conrad Gesner e Pierre Belon. São inúmeros os tratados de ornitologia, incluindo a Histoire des oiseaux, de Buffon, assim como constituem-se coleções nos gabinetes de história natural de pássaros empalhados e transportam-se diversas aves para os jardins e viveiros na Europa, obtidos nas viagens às colônias. De acordo com a Enciclopédia, o Tangará representado, chamado Cardinal, encontra-se no Brasil e em Caiena: "sua coloração é vermelha cor de fogo, com exceção das plumas das asas e da cauda que são negros".
      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. 32.

    • Química

      Laboratório químico e tabela de afinidades 

      O artigo "química", da Encyclopédie, caracteriza o químico como um artista, que domina seu ofício ao preço de uma longa experiência e de manipulações repetidas. O aspecto manual e mais ou menos artesanal das práticas químicas, obstáculo a sua promoção acadêmica, é aqui habilmente transformado em originalidade e nobreza. Reconhecida como ciência, a química permanece uma arte, tem em seu corpo "a dupla língua, popular e científica". É a partir dos anos 1760 que a química conhecerá uma revolução própria, constituindo um novo campo de investigação e logrando distanciar-se da história natural. Desde 1782 trabalhando em uma nova nomenclatura, em 1789 Lavoisier publica o Tratado elementar de química, considerado a primeira obra moderna de química. Ainda que não tenha fundado a química moderna, ele contribuiu para mudar o seu estatuto no século XVIII.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. s/n.

    • Quina e cássia

      Um dos primeiros campos de aplicação da botânica foi a medicina. No século XVIII a quina, planta de virtude febrífuga, era um dos produtos naturais mais procurados na América. Sua adoção, no século anterior, na Faculdade de Medicina de Paris, correspondeu a uma grande modernização. Também a cássia tinha aplicação medicinal.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. 102.

    • Princípios de botânica

      Sistema de Lineu 

      "Fui eu o primeiro a inventar a utilização de características naturais para classificar os gêneros", proclama Lineu em seu Systema naturae, de 1735. Herdeiro da tradição aristotélica e renascentista, continuando a classificação de Tournefort, Lineu estabelece o seu sistema sexual a partir do exame dos estames e pistilos das flores, começando com a botânica e atingindo, enfim, os três reinos da natureza, uma divisão também proposta por ele. Classe, ordem, gênero, espécie e variedade são as cinco unidades coletivas superpostas e universalmente válidas em seu sistema.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. 104.

    • Mineralogia

      Conchas fósseis: corpos estranhos ao reino mineral que se encontram sob a terra

      Desde a primeira metade do século XVIII as especulações de cunho geológico eram discutidas nas sociedades e academias científicas, girando em torno da origem e da idade da Terra. Em 1749, Buffon publica a sua Histoire et théorie de la Terre, considerada ponto de partida de uma geologia moderna. Às diversas teorias que admitiam o dilúvio, fixando mesmo a sua data em 18 de novembro de 2349 a.C., Buffon responde que a Terra havia estado sob as águas do mar: essa era a explicação para a presença das conchas fósseis em montanhas e outros lugares. Além de terem sido objeto dessa discussão, as conchas, de todos os tipos, despertaram grande interesse entre os colecionadores, curiosos ou cientistas.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. 1.

    • Metalurgia

      Fonte de bismuto

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. s/n.

    • Erupção do Vesúvio em 1754

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 5, Pl. [ilegível].

    • História natural, química
    • A pulga vista ao microscópio
    • Pássaros
    • Química
    • Quina e cássia
    • Princípios de botânica
    • Mineralogia
    • Metalurgia
    • Erupção do Vesúvio em 1754
    • Marinha, arte militar, caça
    • Evoluções navais
    • Esgrima
    • Arte militar
    • Caça
    • Arte de ensinar os cavalos
    • Marinha, arte militar, caça

      Marinha

      Desenho de uma galera a remo denominada Real

      Belin, engenheiro da Marinha francesa, é o autor dos artigos e das pranchas sobre o tema, recorrendo ao rico acervo do departamento de Marinha para sua pesquisa. Explica, nesse verbete, que uma vez que as galeras formaram na França um corpo separado da Marinha, a primeira e principal delas recebeu a denominação de Real. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 6/7, Pl. 2.

    • Evoluções navais

      No século XVIII, civis e militares procuram transformar a arte da guerra em uma ciência, calculando os movimentos, posições, tempo e espaço. A guerra custa caro, deve-se diminuir sua duração. A batalha moderna, que não é mais a arte da guerra, consiste em concentrar sobre um ponto o máximo de forças, obtendo assim a vantagem numérica. As duas figuras superiores da prancha mostram a armada marchando em três colunas para a batalha e as duas inferiores representam a ordem de uma armada que aguarda passagem. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 6/7, Pl. 6.

    • Esgrima

      Segundo o verbete dedicado à prancha, desde que os godos introduziram o costume dos combates individuais, tornou-se uma necessidade indispensável saber manejar as armas. A esgrima é uma arte submetida a regras, e é nas academias que se instrui a juventude sobre a maneira de atacar e de se defender. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 3, Pl. 15.

    • Arte militar

      Exercícios

      O progresso da artilharia e a invenção do fuzil mudam o cenário da guerra. O canhão e o fuzil têm uma cadência de tiro muito maior, dois a três tiros por minuto, formando um muro de fogo que detém o adversário. Essa prancha foi extraída, quase sem retoques, da obra Exercice de l'infanterie françoise, de 1757, desenhada por Silvain-Raphaël de Baudouin, artista amador, oficial da guarda francesa, regimento de infantaria que pertencia à Casa Real. Representa soldados de infantaria em exercício de manejo do fuzil.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 3.

    • Caça

      A pista do cervo. 

      Em sua origem, a palavra floresta designa uma reserva de caça, uma das principais motivações para a preservação das florestas, garantindo beleza e dignidade ao cenário. Um esporte da aristocracia européia, a caça será, como a guerra, o que Jean Starobinski classifica como festa-ritual no conjunto da festa aristocrática, a contínua renovação do prazer enquanto o tédio espreita.

       Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 1.

    • Arte de ensinar os cavalos

      Voltas e piruetas à esquerda

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 6/7, Pl. 8.

    • Marinha, arte militar, caça
    • Evoluções navais
    • Esgrima
    • Arte militar
    • Caça
    • Arte de ensinar os cavalos
    • Antigo Regime
    • Casa
    • Ourivesaria rústica
    • Tapeceiro
    • Pastelaria
    • Matadouro
    • Padaria
    • Confeitaria
    • Alfaiataria
    • Modelos de peruca
    • Roupas da moda
    • Cabeleireiro e barbeiro
    • Ateliê de plumas e penachos
    • Confecção de bolsas
    • Esmaltador
    • Confecção de leques
    • Antigo Regime

      Berline

      Coche de quatro assentos

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 9, Pl. 5.

    • Casa

      Sala de jogos decorada com motivos jônicos, encontrada no Palácio Bourbon

      A casa é também um capital, uma mercadoria, uma opção de investimento, a encarnação de valores representativos e fatores de distinção. Rende e custa, e vê o seu destino modificado pela sorte das famílias, pelos movimentos da mais-valia imobiliária, pelo congelamento dos terrenos pela Igreja ou pelas ricas residências aristocráticas. Enfim, é com maior ou menor liberdade, comodidade e fausto, o lugar de encontro entre a vida privada e o espaço coletivo ou público, entre casas e ruas, entre imóveis e vias. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 31.

    • Ourivesaria rústica

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 7/8, Pl. 2.

    • Tapeceiro

      A prancha mostra o interior de uma oficina, contendo móveis de todas as espécies, tapeçarias, almofadas, diversas formas de espelhos ou vidros para a decoração dos cômodos, armações de cadeiras sem guarnição, artesãos e mestre tapeceiro executando diversos trabalhos.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 9, Pl. 1.

    • Pastelaria

      O açúcar é um produto de distinção cuja voga anima os pasteleiros e confeiteiros dos gourmands da Corte e da cidade. Bolos, compotas, geléias, abrem-lhe a porta da arte das sobremesas e garante o sucesso dos sorvetes. Implica a multiplicação e especialização dos utensílios de cozinha, de cobre ou de folha, de vidro ou de porcelana; da forma de confeiteiro ao açucareiro doméstico, conquista os interiores parisienses.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 7/8, Pl. 1.

    • Matadouro

      Na Idade Média, os assados nobres consistiam essencialmente em aves domésticas e caças, enquanto as carnes de açougue só eram utilizadas para caldo, sendo tais pratos de demorada cocção. Os cozinheiros aristocráticos davam pouca atenção às características dos diferentes cortes de carne de açougue e só excepcionalmente os mencionavam. Mas, do século XV ao XVIII empregaram-nos cada vez mais em assados e caldos, sopas e carnes de panela, e distinguiam um número cada vez maior de peças. 

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 1.

    • Padaria

      Paris tem o privilégio de comer quase constantemente pão branco, seja pela cidade beneficiar-se de vantagens econômica, como a reserva de mercado, seja por considerar inatingível o seu direito a comer o trigo. No século XVIII, os especialistas em cereais estão de acordo quanto às qualidades alimentares do trigo que dá ao corpo tudo o que ele necessita, em quantidade e em qualidade, pois a sua farinha leveda melhor e alimenta melhor do que a de qualquer outro cereal. "Este refinamento delicado" de que fala Voltaire traduz-se pela rejeição dos produtos de substituição e pelos protestos do povo de Paris em caso de falha.
      O pão branco é um critério de gosto e um sinônimo de um certo refinamento, afinal, quanto mais branca for a farinha menos consumidores se alimentam com uma mesma quantidade de grão.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 1ª. parte, Pl. única.

    • Confeitaria

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 4.

    • Alfaiataria

      Utensílios

      O ateliê do alfaiate é uma sala grande e bem arejada, muito clara também. Uma janela ampla, aberta para a rua, nos lembra a importância da luz e da luminosidade na confecção de roupas, arte do olho, indústria da visão. O espaço é, ao mesmo tempo, bem povoado; vemos os trabalhadores ocupados passando roupa, cortando o molde e tirando as medidas de um cliente. O ilustrador não teatralizou a cena, mas a ressaltou através de um cenário animado por alguns objetos (tesoura sobre a mesa, pedaços de tecidos, roupas sendo confeccionadas), organizado pelo gestual e posicionamento dos envolvidos na imagem, e pela apresentação das quatro etapas do processo de confecção: tirar as medidas, cortar, costurar, apresentar a roupa. A cena ilustra a harmonia do trabalho e das relações com uma clientela visivelmente aristocrática.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 9, Pl. 1.

    • Modelos de peruca

      As perucas atingiram seu apogeu nos séculos XVII e XVIII. As de cabelos longos, usadas pelos homens, com cachos caindo na altura dos ombros, surgiram na Corte de Luís XIV e se popularizaram em todos os lugares que estavam sob influência da moda francesa. Estas perucas simbolizavam autoridade e dignidade.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 7/8, Pl. 7.

    • Roupas da moda

      As guarnições vestimentárias que o Antigo Regime consagrara conferiam ao corpo uma função estética. Os culotes, os casacos, os casacões apertados na cintura e a peruca envolviam o corpo de modo a revelá-lo, a valorizá-lo. Com a revolução, o sem-culotismo vai renegar ostensivamente todos estes elementos, anulando o papel lisonjeiro até então reservado às roupas.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 9, Pl. 5.

    • Cabeleireiro e barbeiro

      A prancha exibe um ateliê onde vários jovens estão ocupados com atividades como barbear, arrumar, trançar e montar uma peruca.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 7/8, Pl. 1.

    • Ateliê de plumas e penachos

      Os verbetes sobre as roupas presentes na Encyclopédie constituem uma verdadeira viagem que permite ao leitor ir dos ateliês de confecção às manufaturas que produzem as matérias-primas; da França aos países longínquos ou à própria natureza.

      Sobre a mulher elegante que se vê nas pranchas se percebe as plumas de avestruz vindas da África, os couros perfumados da Espanha, as flores artificiais da Itália, os algodões importados da índia, as musselines transportadas em longas caravanas da Pérsia, as rendas da Holanda, as barbatanas de baleias pescadas nas águas geladas do Ártico, as roupas brancas tecidas nos ateliês de províncias distantes, as sedas preciosas e os bordados das fábricas de Lyon. Esta mulher é, assim, uma espécie de monumento elevado à glória do trabalho humano e de sua apropriação do mundo.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 7/8, Pl. 1.

    • Confecção de bolsas

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 2.

    • Esmaltador

      Pérolas falsas

      Desde a Antigüidade, as pérolas são sinônimo de riqueza. Utilizadas nas jóias, na ornamentação das roupas e dos sapatos, seu preço varia muito, de acordo com a cor, tom, forma e tamanho. A imagem exibe um ateliê de esmaltador de pérolas falsas.

       

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 3, Pl. 3.

    • Confecção de leques

      Denis Diderot; Jean-Baptiste Lerond d'Alembert. Encyclopédie... Vol. 3, Pl. 3.

    • Antigo Regime
    • Casa
    • Ourivesaria rústica
    • Tapeceiro
    • Pastelaria
    • Matadouro
    • Padaria
    • Confeitaria
    • Alfaiataria
    • Modelos de peruca
    • Roupas da moda
    • Cabeleireiro e barbeiro
    • Ateliê de plumas e penachos
    • Confecção de bolsas
    • Esmaltador
    • Confecção de leques
  • Sobre as imagens

    Todas as imagens da exposição Razão, memória e imaginação: 250 anos da Encyclopédie receberam tratamento digital de forma a garantir o conforto visual do visitante e foram igualmente editadas para compor a narrativa da exposição. Assim, as reproduções aqui exibidas foram cortadas, tiveram detalhes realçados e não correspondem aos tamanhos originais dos documentos.

    As imagens que compõem a exposição Razão, memória e imaginação: 250 anos da Encyclopédie foram pesquisadas na série completa dos volumes de pranchas e textos da Encyclopédie, a qual integra o acervo de obras raras do Arquivo Nacional com a notação OR1896.

    A arte de escrever
    Arte de escrever 1 - Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 3
    Arte de escrever 2 - Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 2
    Fábrica de papel - Vol. 4, Pl. 12
    Tipografia - Vol. 6/7, Pl. 1


    Desenho, anatomia

    Desenho - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 31
    Escola de desenho - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 1
    Escultura - Vol. 7/8, Pl. 1
    Modelo feminino - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 20
    Perspectiva - Vol. 4, Pl. 2
    Câmara obscura - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 4
    Figura acadêmica - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 17
    Manequim - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 6
    Anatomia - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 4


    Anatomia, cirurgia, astronomia

    Esqueleto humano - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 2
    Frontispício da cirurgia - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. s/n
    Cirurgia - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 12
    Sistema circulatório - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 8
    Relojoaria - Vol. 3, Pl. 1
    Mecânica - Vol. 4, Pl. 3
    Geometria - Vol. 4, Pl. 5
    Astronomia - Vol. 4, Pl. 2


    Instrumentos musicais, teatro

    Oficina - Vol. 4, Pl. 18
    Instrumentos musicais - Vol. 4, Pl. 2
    Teatro - Vol. 10, Pl. 1
    Máquinas de teatro - Vol. 10, Pl. 22


    Antiguidades, arquitetura
    Antiguidades - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 2
    Arquitetura - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 12
    Prefeitura de Rouen - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 22
    A arte do mármore - Vol. 4, Pl. 11


    Agricultura, economia rural

    Agricultura e jardinagem - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 5
    Horticultura - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 1
    Economia rural - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 1
    Cultura do algodão - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. s/n
    Preparação do índigo e mandioca - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. s/n
    O bicho da seda - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. s/n


    História Natural, química

    História natural - Vol. 5, Pl. 1
    A pulga vista ao microscópio - Vol. 5, Pl. 85
    Pássaros - Vol. 5, Pl. 32
    Química - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. s/n
    Quina e cássia - Vol. 5, Pl. 102
    Princípios de botânica - Vol. 5, Pl. 104
    Mineralogia - Vol. 5, Pl. 1
    Metalurgia - Vol. 5, Pl. s/n
    Erupção do Vesúvio em 1754 - Vol. 5, Pl. [ilegível]


    Marinha, arte militar, caça

    Marinha - Vol. 6/7, Pl. 2
    Evoluções navais - Vol. 6/7, Pl. 6
    Esgrima - Vol. 3, Pl. 15
    Arte militar - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 3
    Caça - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 1
    Arte de ensinar os cavalos - Vol. 6/7, Pl. 8


    Antigo Regime

    Berline - Vol. 9, Pl. 5
    Casa - Vol. 1, 2ª. parte, Pl. 31
    Ourivesaria rústica - Vol. 7/8, Pl. 2
    Tapeceiro - Vol. 9, Pl. 1
    Pastelaria - Vol. 7/8, Pl. 1
    Matadouro - Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 1
    Padaria - Vol. 1, 1ª. parte, Pl. única
    Confeitaria - Vol. 2, 2ª. parte, Pl. 4
    Alfaiataria - Vol. 9, Pl. 1
    Roupas da moda - Vol. 9, Pl. 5
    Modelos de perucas - Vol. 7/8, Pl. 7
    Cabeleireiro e barbeiro - Vol. 7/8, Pl. 1
    Ateliê de plumas e penachos - Vol. 7/8, Pl. 1
    Confecção de bolsas - Vol. 1, 1ª. parte, Pl. 2
    Esmaltador - Vol. 3, Pl. 3
    Confecção de leques - Vol. 3, Pl. 3

  • Ficha Técnica

    Exposição:  Razão, Memória e Imaginação: 250 anos da Encyclopédie

    Local: Espaço Cultural dos Correios

    Período: 26 de setembro a 04 de novembro de 2001

  • Créditos

    Presidente da República
    Fernando Henrique Cardoso

    Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República
    Pedro Pullen Parente

    Diretor-Geral do Arquivo Nacional
    Jaime Antunes da Silva

    Coordenadora-Geral de Divulgação e Acesso à Informação
    Mary Del Priore

    Equipe Técnica
    Coordenação de Pesquisa e Difusão Cultural

    Curadoria
    Claudia Beatriz Heynemann
    Maria do Carmo Teixeira Rainho

    Pesquisa de Imagens, Legendas e Textos
    Claudia Beatriz Heynemann
    Maria do Carmo Teixeira Rainho

    Assistentes de Pesquisa
    Fabiano Vilaça dos Santos
    Flávia Maria de Carvalho
    Nívia Pombo Cirne dos Santos

    Programação Visual
    Sueli Araújo

    Revisão de Textos
    Alba Gisele Gouget
    José Cláudio da Silveira Mattar

    Projeto Gráfico
    Spasso Quattro Design

    Restauração e Encadernação
    Coordenação de Preservação do Acervo

    Sonorização
    Coordenação de Documentos Audiovisuais e Cartográficos

    Reproduções Fotográficas
    Studio Oficina

    Ampliações
    Studio Alfa

    Ambientação
    Arnaldo Danemberg

    Molduras
    Vidraçaria Torre de Belém

    Iluminação
    Leysa Vidal
    Renato Machado

    Realização
    Arquivo Nacional
    Correios
    Governo Federal

    Apoio
    Espaço Cultural dos Correios
    Sul América
    Empório Beraldin

    Tratamento e manipulação de imagens para a montagem virtual
    Luis Marcello da Costa Camargo

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