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O Kasato Maru e o encontro com a nova terra

Nos primeiros debates acerca da contratação de imigrantes orientais para o Brasil, em fins do século XIX, prevaleciam as opiniões contrárias à vinda, principalmente de chineses e japoneses, ancoradas em preconceitos e no desconhecimento do outro. Quase sempre o argumento usado, sobretudo por políticos, para reprovar a imigração de orientais ao Brasil baseava-se na idéia de que eram inassimiláveis, não aceitavam a cultura do país que os recebia, não se misturavam, mantinham-se em colônias fechadas e não aprendiam a língua, sem contar os hábitos alimentares e a religião, completamente desconhecidos. Os opositores ainda sugeriam que, como pouco se sabia sobre eles, poderiam não ser tão bons trabalhadores quanto os já conhecidos italianos, espanhóis, entre outros, além de não contribuírem para o processo de "branqueamento" da população que se pretendia trazendo imigrantes europeus como substitutos para a mão-de-obra negra escrava, que havia conseguido sua liberdade em 1888, ainda durante o Segundo Reinado.

O Japão, nesta época, era uma nação que começava a se mostrar ao mundo, buscava se modernizar, industrializar e travar relações diplomáticas com os países do ocidente, cuidando para que fossem respeitosas por ambas as partes. Os japoneses procuravam evitar o que já acontecera anteriormente, quando tratados de comércio desiguais e desvantajosos foram assinados com Estados Unidos, Rússia e França, por exemplo, que não consideravam o Japão um país civilizado. Isto explica a cautela do governo japonês ao assinar tratados de amizade e cooperação com outros países.

O Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão, depois de anos de negociações, foi firmado em 5 de novembro de 1895, e considerado igualmente satisfatório para ambos. Iniciavam-se, então, não somente relações diplomáticas entre as duas nações, mas as negociações para um dos maiores e mais significativos fluxos imigratórios que o Brasil recebeu no século XX, um encontro inusitado entre duas culturas tão diferentes, que muito aprenderam uma com a outra ao longo destes cem anos de convivência.

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