Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Rio de Janeiro, a capital francesa

A vasta iconografia existente sobre a paisagem monumental da cidade do Rio de Janeiro contou com decisiva contribuição do olhar francês. A missão artística que aqui desembarcou em 1816 trouxe o pintor Jean Baptiste Debret, que viria a tornar-se um dos principais cronistas da cidade, fixando em mais de 150 pranchas suas vistas panorâmicas, tipos humanos e relações sociais.

Dentre as imagens da cidade mais frequentemente reproduzidas ao longo do século XIX destaca-se a baía de Guanabara, retratada sempre em visão distanciada, ora em perspectiva cenográfica, ora à vol-d'oiseau, tema e enquadramentos que continuarão sendo priorizados pela fotografia. Marc Ferrez, fotógrafo e filho do escultor Zéphirin Ferrez, que também integrou a missão artística francesa, dá continuidade à fusão de paisagem natural e construída na iconografia sobre a cidade e, como um novo Debret, difunde vistas do Rio de Janeiro e de suas grandes transformações urbanísticas.

Já a partir do início do século XIX, a cidade aumenta suas dimensões territoriais, adensa população e consolida-se como centro político, comercial e cultural. Os problemas crônicos de saneamento, circulação, moradia, abastecimento de água, epidemias, aliados aos múltiplos papéis concentrados primeiramente pela sede da metrópole portuguesa e depois capital do Império e da República, requerem melhoramentos urbanos.

A influência francesa apresenta-se mais uma vez nas intervenções urbanísticas ocorridas no início do século XX. Francisco Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro entre 1903 e 1906, estudou em Paris na década de 1850, e acompanhou as ações empreendidas por Eugène Haussmann. Tomando-as como modelo, Pereira Passos conduziu a reforma popularmente conhecida como "bota-abaixo", que buscou romper com o passado colonial português e sintonizar o Rio com o ideal vigente de modernidade. A região central da cidade, principal espaço de trabalho e de consumo, foi transformada num cartão postal. A avenida Central, síntese da modernidade do país, e suas imediações passaram a concentrar grandes magazines, restaurantes, hotéis e jornais. Às transformações na paisagem urbana somam-se outras - vestuário, lazer, comércio - que visavam moldar hábitos e gostos aos padrões de elegância da época: os padrões franceses.

Fim do conteúdo da página