Ir direto para menu de acessibilidade.
Início do conteúdo da página

Exílio

Escrito por Viviane Gouvêa

Milhares de brasileiros - políticos, militantes de movimentos sociais, religiosos, intelectuais, artistas, estudantes - deixaram o Brasil durante o último período de exceção. Alguns se refugiaram em um exílio auto imposto pelo medo, pela desesperança, pela falta de alternativas e oportunidades. Outros, com seus direitos políticos cassados, pediam asilo oficial em diferentes países. Muitos partiram em uma verdadeira peregrinação, em certos casos, em trágicas trajetórias que percorriam países da América do Sul que pouco a pouco sucumbiam à onda de golpes - Chile, Uruguai, Argentina. Outros foram para terras mais distantes: França, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, onde continuavam a se envolver, de alguma forma, com os acontecimentos em seu país de origem.

A maioria se sentiu segura para voltar apenas em 1979, quando a lei de Anistia para todos, "ampla, geral e irrestrita," propôs-se a passar uma borracha nas acusações que antes lhes tinham sido imputadas.

O exílio de João Goulart

Deposto, João Goulart parte para o exílio no Uruguai, onde chega em 4 de abril de 1964. Dono de fazendas e frigoríficos no país, Jango continua a acompanhar de perto a evolução dos acontecimentos no Brasil. Processado sem direito efetivo de defesa e a sua revelia, adoece e passa por ciclos de intensa depressão. Recupera-se, entretanto, e tenta articular, com JK e seu velho inimigo Carlos Lacerda, uma Frente Ampla em prol do retorno à democracia.

A Frente não só fracassa como o regime se torna cada vez mais autoritário, e cresce o número de cassados e exilados. Depois do AI-5, a lista de desaparecidos cresce assustadoramente.

João Goulart jamais deixou de ser alvo de preocupação intensa dos governos militares. No Uruguai ou na Argentina, onde passou a residir em 1973, o presidente deposto era constantemente vigiado por pessoas que o cercavam, como demonstra documentação disponibilizada ao público no Arquivo Nacional, fundo SNI. Sua morte, em dezembro de 1976, desperta suspeitas até hoje: embora não tenha sido realizada uma necropsia, a versão oficial apontava para um enfarto, e de fato, Jango há anos era atormentado por problemas cardíacos. Contudo, em 2014 seus restos mortais foram enviados para laboratórios especializados na esperança de que um laudo conclusivo venha esclarecer se sua morte teve causas naturais ou se o ex-presidente foi mais uma vítima da Operação Condor.

Fim do conteúdo da página