Regiões italianas'
Em 1680, José de Souza Pereira, do Conselho do rei de Portugal, ofereceu seu Política dos príncipes da Itáliaao monarca português por julgá-lo instrutivo a estadistas. Com propósitos semelhantes aos do Príncipe de Maquiavel, o livro analisa as disputas entre os dez grandes estados em que então se dividia a Península Itálica. Ao longo do século seguinte, o território que hoje conhecemos como Itália teve suas fronteiras redesenhadas inúmeras vezes ao sabor dos conflitos europeus, quando as casas de Habsburgo da Áustria e a dos Bourbon da Espanha submeteriam boa parte dos Estados italianos. Entre essas dinastias, apenas a Casa de Savoia resiste à dominação estrangeira, passando de ducado a reino em 1713, ampliando suas fronteiras ao norte e anexando a ilha de Sardenha.
Os ventos revolucionários da França seriam determinantes na reconfiguração geopolítica da Itália. Em sua campanha expansionista, Bonaparte instaura sobre boa parte do território a "República Italiana" (1802), transformada em reino em 1805, quando o imperador francês proclama-se o primeiro rei da Itália. Sob iminente perigo de invasão pelo exército francês, a monarquia portuguesa reconhece o novo Estado como "nação amiga", permitindo a entrada de suas embarcações nos portos de sua colônia americana. Uma vez instalado no Brasil, o príncipe regente de Portugal reafirma os laços de amizade e solidariedade com o rei de Savoia, ambos com territórios ocupados pela França.
A derrota de Napoleão, entretanto, reconduziu parte da Itália ao domínio austríaco e espanhol, nos termos do Congresso de Viena, em 1815. Apenas o Reino do Piemonte-Sardenha, sob a Casa de Savoia, manter-se-ia autônomo, exercendo uma liderança no movimento das diversas regiões italianas pela independência, vitorioso com a unificação da Itália em 1861.