Ideias políticas no início do século XX
Em 1900, cerca de 90% da ainda reduzida força de trabalho industrial de São Paulo era composta de estrangeiros. No setor têxtil, por exemplo, aproximadamente 60% dos trabalhadores nasceram na Itália. Dentre estes imigrantes, que vieram não apenas para a cidade de São Paulo, mas também para outras cidades do Brasil e para as áreas rurais, havia militantes anarquistas e, em menor número, socialistas, cujo êxodo havia sido de certa forma encorajado pelos governos dos seus países de origem, incomodados com estes indivíduos, especialmente após sua participação em algumas insurreições e atentados.
Durante as primeiras duas décadas do século XX, o nascente movimento sindical brasileiro sofreu uma influência marcadamente anarquista, a ponto de ter impedido a criação de um partido do proletariado, proposta defendida pelos socialistas no Congresso Operário Brasileiro, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1906.
Vários jornais começaram a circular, principalmente no Rio e em São Paulo, muitos deles dirigidos e redigidos por imigrantes italianos defendendo suas ideias, consideradas muito radicais para a época. Exemplos destes periódicos são o La Battaglia e o Avanti. Sua atuação logo chamou a atenção da polícia e de políticos, preocupados com um movimento grevista que, de forma intermitente, em vários momentos do início do século XX, desafiou a ordem legal que considerava o movimento um crime. Um dos maiores inimigos do movimento operário foi Adolfo Gordo, senador paulista que apresentou uma lei ao Congresso Nacional, aprovada em 1907, que permitia a expulsão de imigrantes envolvidos em atividades que poderiam ‘comprometer a segurança nacional ou a tranquilidade pública'.
No outro extremo do espectro político, o fascismo italiano. Suas opções pelo corporativismo, pelo culto personalista e pela defesa da aliança entre capital e trabalho em prol da unidade nacional influenciaram o movimento integralista brasileiro liderado por Plínio Salgado nos anos 1930. E foi mais além, tendo conseguido espaço dentro do governo Vargas, incluindo o próprio presidente, que partilhava com os fascistas o desprezo pelas instituições liberais, pois as considerava um fracasso, e o amor ao culto à personalidade.