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Indígenas e a República

Ao longo da era republicana, a aproximação dos governantes com os índios expressa, de certo modo, uma formulação de Estado. Durante o Estado Novo (1937-1945), Getúlio Vargas mobilizou o país em uma campanha de integração nacional, a Marcha para o Oeste, em que se procurava dar ao índio um papel de destaque na construção do sentimento de brasilidade e identidade cultural. A Fundação Brasil Central (1942-1967) e as expedições Roncador-Xingu (1943) e Xingu-Tapajós (1948) forneceram as bases para esse projeto criando redes de infraestrutura para a colonização e desenvolvimento do “sertão remoto”. Os irmãos Claudio, Leonardo e Orlando Villas-Boas participaram dessas iniciativas em que os índios, ao se interporem aos projetos do governo, poderiam pôr em risco o êxito da campanha getulista.

A atração dos Xavante do rio das Mortes no Mato Grosso em 1946, liderada por Francisco Meireles, foi sucedida por uma série de outras expedições que colocaram os irmãos Villas-Boas em contato com diferentes etnias, como os Kalapalo, Kuikuro, Juruna, e com o risco de dizimação desses povos por surtos epidêmicos e doenças. As ameaças à existência dessas culturas ensejaram a formulação dos conceitos e termos para a criação do Parque Indígena do Xingu, obra de Darcy Ribeiro, Orlando Villas-Boas, Eduardo Galvão e Rondon. Apresentado primeiramente ao vice-presidente Café Filho e concretizado, em 1961, durante o governo Jânio Quadros, o parque constituiu-se num novo modelo para a demarcação de terras indígenas, ao considerar a intrínseca relação dos índios com os ambientes naturais que habitavam, em uma concepção simbiótica da necessidade de preservar uma extensa área de natureza como forma de garantir a sobrevivências desses povos e a perpetuação de suas culturas.

Em meio a denúncias de assassinato de índios, improbidade e desmantelamento administrativo, o Serviço de Proteção aos Índios é extinto em 1967 e cria-se, em pleno regime militar, a Fundação Nacional do Índio (Funai), que passa a empreender uma política fortemente integracionista, levando à proposição de projeto de emancipação dos índios da tutela do Estado. Em resposta, o cenário público vê surgir lideranças indígenas que dão início ao processo de autoafirmação de uma nova consciência indígena.

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