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Ano 1000 d.C.: a floresta habitada, a arte da cerâmica tapajó

A Amazônia, banhada pela maior rede hidrográfica da terra, de paisagens vegetais majestosas, de exuberante diversidade de fauna e flora, possui também comprovada antiguidade de ocupação humana, podendo remontar há mais de dez mil anos. No ano 1000 d.C., a Amazônia era uma região densamente habitada (com estimativa de mais de 3 milhões de pessoas) por diversas sociedades indígenas que falavam línguas completamente distintas.

A região do baixo rio Tapajós, no estado do Pará, com águas claras e quentes, foi o local onde o povo indígena Tapajó desenvolveu sua cultura. No início do século XX, a erosão nas ruas da cidade de Santarém fez emergir material arqueológico, e logo pesquisadores e colecionadores começaram a organizar sítios para coletar os vasos e fragmentos de cerâmica. Os achados arqueológicos (resquícios de produção cerâmica) permitiram ampliar os estudos sobre a história dos povos originários da região. Os pesquisadores perceberam que nesse local floresceu a chamada cultura Santarém, que produziu uma das mais antigas cerâmicas da América do Sul, datadas a partir do século XI. Os Tapajó, assim, notabilizaram-se pela produção de uma cerâmica de estilo próprio, marcado pelo emprego de técnicas de modelagem com composições elaboradas. Segundo estudos do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP), a dispersão dos achados arqueológicos indica que os Tapajó devem ter ocupado cerca de três quilômetros de beira do rio.

Todavia, em face da ausência de legislação que protegesse esse importante patrimônio, grande parte dos objetos encontrados foi destinada a museus europeus e americanos. Uma dessas coleções pertencia ao casal norte-americano Robert e Rose Brown, que havia realizado escavações em Santarém, no local onde provavelmente havia existido a grande aldeia dos Tapajó no século XI. Essa valiosa coleção foi posteriormente comprada pela Fundação Brasil Central, em maio de 1945.

Em 24 de janeiro 1955, o Museu Nacional no Rio de Janeiro recebeu “seis caixotes com cerâmica indígena, contendo todas as peças em pedaços, além de 42 já restauradas ou semirrestauradas”. Assim, essas coleções cerâmicas foram disponibilizadas aos pesquisadores, que produziram diversos estudos descritivos sobre os seus traços formais e estéticos, ressaltando-se a riqueza das esculturas de homens e mulheres, e de animais da floresta tropical, esculpidas de maneira naturalista nos mais variados objetos.

O inestimável acervo do Museu Nacional, composto também por objetos e coleções zoológicas, paleontológicas, antropológicas, com destaque para o crânio mais antigo encontrado no Brasil (Luzia), com cerca de 13 mil anos, foi quase completamente destruído por um incêndio em 2 de setembro de 2018.

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