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Exposições

Nas águas do mesmo Lago

 

  • Apresentação

    ÁGUAS DO MESMO LAGO 

    Abriu o baú. Entre papéis e fotografias, identificou cenas de teatro e cinema, rostos conhecidos da televisão, momentos em família, manuscritos de livros, roteiros de teatro e novela, cartas, poemas, canções e até prontuários policiais. Tudo contaria um pouco da história de um homem só. Mas o homem nunca aparecia sozinho nas fotografias, nem seu nome figurava solitário nos documentos. Acompanhavam-no outros rostos, outros nomes, siglas e carimbos de vários tempos. Confundiam-se as vidas, entrelaçavam-se os roteiros, e a história a ser contada extrapolava os limites do indivíduo.

    Através dos documentos, podia-se acompanhar os rumos da dramaturgia brasileira, desde os tempos do teatro de revista, na década de 1930. Revivia-se também os anos áureos do rádio quando os ouvintes aguardavam ansiosamente as radionovelas. Com a mesma expectativa, os telespectadores do futuro esperariam o capítulo seguinte da telenovela diária. Entre os papéis, havia ainda conhecidas letras de músicas que embalaram muitas gerações de foliões.

    Mas se o acervo era repleto de registros da cultura e das artes brasileiras no século XX, também nos recordava momentos duros da história política do país. O artista cuja vida confundia-se com a de nosso teatro, de nossa música, de nosso rádio era também um eterno insatisfeito com a realidade. Passou noventa anos brigando pela mudança que sonhava ver no mundo. As posições políticas lhe custaram algumas demissões e tantas outras prisões.

    Era preciso organizar o baú. As categorias eram necessárias, embora arriscadas. O pai de família, o militante político, o ator e autor de teatro, o radialista, o artista de televisão e cinema, o compositor, o escritor: múltiplas facetas de um mesmo homem. Mas estariam divididas nele como gavetas em um armário?

    O autor de teatro de revista, dos anos 1930, adepto da sátira política, e décadas mais tarde, já no governo militar, censurado pela peça Foru Quatro Tiradentes, não era parte também do Mário militante?

    O marido de Zeli não era ainda o poeta que lhe dedicou versos pela vida afora? A esposa e mãe dos filhos, além de musa inspiradora, não fora também a companheira que conheceu em um comício em 1948?

    Não fora a popularidade do Mário compositor que ajudara o Mário militante em várias de suas prisões?

    Quanto do ator de teatro havia no radialista? O filho do maestro Lago e pai de Mariozinho não foi o compositor de mais de uma centena de músicas incluindo parcerias com ambos? Junto ao ator do filme São Bernardo que em viagem encanta-se com a figura do trovador Chico Nunes não estava também o escritor preocupado em registrar a cultura oral em vias de se perder?

    As "gavetas" foram arrumadas buscando facilitar a compreensão de quem chega desavisado. Afinal, é quase um século de vida bem vivida. Estão abertas esperando serem bagunçadas.

    Mariana Lambert Passos Rocha
    Curadora

  • Galerias

    • Eu, Lago sou
    • Mário Lago bebê
    • Avós maternos
    • Família Croccia
    • Chiquinha para os íntimos
    • Pai de Mário Lago
    • Aos três anos de idade
    • Mário Lago e sua mãe
    • Colégio Santo Alberto
    • Maestro Antônio Lago
    • Dedicatória da mãe para Mário Lago
    • Maestro Lago na orquestra do Teatro Municipal
    • Mário e Zeli Lago
    • Presente de Natal para Zeli
    • Mário Lago, esposa e filhos
    • Família completa
    • Mário Lago e Mário Lago Filho
    • Programa Sílvio Santos
    • Mário e Zeli
    • Livro Segredos de Família
    • Mário Lago com seu neto
    • Eu, Lago sou

      Mário. Neto de duas Marias. E dois Josés, ambos músicos.

      O italiano, Giuseppe Croccia, nascido em uma aldeia na Lucânia, percorrera o mundo tocando na orquestra de um navio para finalmente desembarcar nos portos de São Paulo, onde conheceria a imigrante italiana Maria, da mesma região da Itália. Da família italiana, formada em terras brasileiras, nasceria Francisca Vicência Croccia, a mãe.

      O brasileiro José Lago, descendente da aristocracia fundiária paulista (em franca decadência com o fim da escravidão), não precisaria deixar a cidade natal, Piracicaba, para encontrar sua Maria. Antônio Lago, filho do casal, torna-se músico como o pai e sai de casa, aos 19 anos, para tocar bumbo no circo, grande que era a paixão pela contorcionista.

      Francisca e Antônio, paulistas, encontrar-se-iam nas ruelas boêmias da Lapa carioca. Nasceria assim, à fórceps (é bom que se diga), o primeiro e único filho do casal, em 26 de novembro de 1911. Os lares sucederam-se, rua do Resende, Senado, Dídimo, Relação, sem que os limites do bairro de Santo Antônio fossem desrespeitados. À exceção de uma temporada em Curitiba, Paraná.

      Cresceu o menino Mário nas vizinhanças da Lapa, com seus cabarés e bordéis, imerso na cultura carioca da malandragem, do samba, que então dava seus primeiros passos. Em casa, o convívio estreito com a música erudita, uma vez que seu pai era maestro de teatro lírico.

      Assistiu às transformações da cidade, o asfalto derramando-se sobre os paralelepípedos, avenidas rasgando ruas, a derrubada de sobrados e casarões. Nas andanças pela cidade-canteiro, tinha por companheiro o avô italiano. Giuseppe Croccia exercera forte influência na formação do neto. Integrante das tropas de Garibaldi pela Unificação Italiana, anarquista e férvido defensor da modernização do Rio de Janeiro. Acompanhariam juntos a construção da Cinelândia e a derrubada do Morro do Castelo iniciada em 1920, pelo prefeito Carlos Sampaio.

      Frequentou as cadeiras do Colégio Pedro II e, mais tarde, as da Faculdade Nacional de Direito. Entre uma aula e outra, eram os cafés da cidade os espaços de sua preferência. Leiteria Loanda, Acadêmico, Café Nice, onde nasciam os planos revolucionários e as parcerias musicais.

      Em um comício do Partido Comunista, no Largo da Carioca, conheceu a companheira de toda vida, Zeli Cordeiro. Casaram no mesmo ano, 1947. E a estreia como pai ocorreu já no ano seguinte com Antônio Henrique. Em seguida, viriam Vanda, Graça, Luiz Carlos e, por fim, o caçula, Mariozinho. Depois foram os netos, seguindo a maré de Lagos dos versos que escrevera:

       

      Um Lago fez outro Lago, 

       

      o segundo fez mais três... 

       

      No fim não tinha mais chão vago, 

       

      Tanto de Lago que se fez

    • Mário Lago bebê

      Nascido a 26 de novembro de 1911, no bairro de Santo Antônio, Rio de Janeiro. [Rio de Janeiro, 1912]. Foto Musso

      "...tive o cuidado de nascer sem causar transtornos muito grandes naquele domingo distante, dando tempo a que os de casa saboreassem o almoço como Deus manda. Afinal, um almoço domingueiro, principalmente se tratando de família italiana, é coisa de merecer respeito."

    • Avós maternos

      Maria Croccia e Giuseppe Croccia, avós maternos de Mário Lago. s.l., s.d.

      "Matriarca chegada com atraso à tribo que deveria prestar-lhe obediência, exagerava o mando na rudeza da voz e agressividade de maneiras, como se, com isso pudesse recuperar o tempo perdido."

      "Já o conheci um sacudido sessentão, ostentando linda e alegórica barba branca, que lhe emprestava um certo ar pirandélico e o matinha preso diante do espelho um mínimo de meia hora por dia, numa chinesíssima operação de ajeitar fio por fio, distribuir camada sobre camada, como se aquilo obedecesse a um ritual dos mais sagrados para salvação da sua alma."

    • Família Croccia

      Francisca Maria Vicência Croccia, mãe de Mário Lago (de pé), com os pais Maria Croccia e Giuseppe Croccia (sentados) e outros familiares, s.l., 11 de fevereiro de 1907

      "Ah, a maravilha das famílias italianas, que não conhecem, quando começam a discutir, a conveniência do ´cá entre nós´, e entre gestos de palmeiras ao vento, esparramam as entranhas de esquina a esquina, com despojos de batalha, oferecidos à vizinhança."

    • Chiquinha para os íntimos

      Francisca Maria Vicência Croccia, mãe de Mário Lago. s.l., s.d.

      "Franscisca Maria Vicência, assim era o nome da mãe. No entanto, mesmo quando a apresentavam a alguma pessoa desconhecida se apressava em dizer `Chiquinha para os íntimos`, ela que não era muito de abrir sua intimidade aos outros. Chamá-la por qualquer dos três nomes de batismo dava em destempero na certa, subia a serra que ninguém a pegava mais."

    • Pai de Mário Lago

      Antônio de Pádua Jovita Correia do Lago (2º), pai de Mário Lago, com amigos em uma rua no centro do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, s.d.

      "Tinha a placidez bonachona dos gordos, aos quais arroubo e pressa no falar dificultam o respiro. Nunca lhe surpreendi gesto brusco ou irritação que assustasse, embora não pudesse conter a vaidade de exibir a força capaz de levantar uma máquina de costura com uma só mão, revivendo os dias de jovem praticante de luta romana."

    • Aos três anos de idade

      Mário Lago aos três anos de idade. Paraná, 28 de julho de 1914. Foto Volk

      "Só recordo de um quintal em toda minha infância. Foi quando estivemos morando em Curitiba, pois nas vezes que não mudávamos de casa, mudávamos de terra."

    • Mário Lago e sua mãe

      Francisca Maria Vicência Croccia do Lago (1ª sentada) e, ao fundo, Mário Lago (1º). s.l., s.d.

      "Nunca fui menino dos de bom comportamento, pronto a atender quando me diziam `fique quietinho aí`, mesmo que a obediência representasse a compensação dos mais gostosos doces e mais lindos presentes, possivelmente por tanto ouvir o doutor Pinto Portela, pediatra vitalício da família, dizer a meus pais que eles deviam até ficar satisfeitos de eu ser tão levado, parecendo ter bicho-carpinteiro: "Menino quieto quase sempre é doente. No mínimo, tem lombriga, que enfraquece."

    • Colégio Santo Alberto

      Mário Lago, aos oito anos, com a turma do Colégio Santo Alberto. Rio de Janeiro, Lapa, 1919

      "Mas aos oito anos o casarão do Largo da Lapa me parecia o mais importante de tudo. Pela primeira vez eu estava freqüentando um colégio grande, de dois andares!, com um pátio imenso para o recreio, muitas salas de aula e todas elas espaçosas, um professor para cada matéria e livros em penca a serem levados às costas, como mochila, deveres de casa, provas mensais, exames no fim do ano e certificado quando concluíamos o curso, numa cerimônia onde eram distribuídas medalhas de ouro, prata e bronze aos alunos mais destacados."

    • Maestro Antônio Lago

      Programa interno da opereta "Kelani: a dama da lua", de Micolino Milano e Antônio Lago. Teatro João Caetano. Rio de Janeiro, 1933

      Antônio de Pádua Jovita Correia do Lago, pai de Mário Lago, entre músicos da companhia em que era maestro, durante apresentação em Belo Horizonte (MG). 15 de abril de 1924. Photo Arte. Ateliê fotográfico

    • Dedicatória da mãe para Mário Lago

      Francisca Maria Vicência Croccia do Lago, mãe de Mário Lago, 1930. Dedicatória para o filho escrita em Santa Maria, 14 de setembro de 1930

      "Escrever peças não chegava a lhe dar preocupações. Mal ou bem era atividade de intelectual. Já o negócio de fazer músicas, de vez em quando a deixava de nariz meio torcido. Admiradora incondicional de tudo que eu fizesse estava ali, nisso ninguém lhe levava a palma. Passava o dia inteiro cantando minhas músicas, e bem alto, para a vizinhança aprender."

    • Maestro Lago na orquestra do Teatro Municipal

      Matéria de jornal sobre a admissão do maestro Lago na orquestra do Teatro Municipal. Fotografia de Antônio de Pádua Jovita Correia do Lago, pai de Mário Lago. s.l., 3 de janeiro de 1949

    • Mário e Zeli Lago

      Mário Lago com a esposa, Zeli Cordeiro Lago e o filho recém-nascido, Antônio Henrique Lago. Rio de Janeiro: Campo de Santana, 10 de outubro de 1948

    • Presente de Natal para Zeli

      Poema dedicado à esposa Zeli Cordeiro. [Década de 1970]

    • Mário Lago, esposa e filhos

      Mário Lago com sua esposa Zeli Cordeiro Lago e filhos no apartamento da rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Rio de Janeiro, 1955.

      Identificados, da esquerda para a direita, em primeiro plano, no chão: Graça Maria Lago (1ª), Luís Carlos Lago (2º), Antônio Henrique Lago (3º de costas) e Vanda de Souza Cordeiro (4ª). Em segundo plano: Mário Lago (1º) e Zeli Cordeiro Lago (2ª)

    • Família completa

      Fotografia de Mário Lago com sua esposa Zeli Cordeiro Lago e filhos no apartamento da rua Barata Ribeiro, em Copacabana, Rio de Janeiro, [1955]

      Em primeiro plano, Antônio Henrique Lago. Em segundo plano: Mário Lago (1º), Mário Lago Filho (2º, no colo de Mário Lago). Ao fundo: Graça Maria Lago (1ª), Zeli Cordeiro Lago (2ª), Luís Carlos Lago (3º, com a mão de Zeli sobre seus ombros) e Vanda de Souza Cordeiro (4º)

       

      Bilhete solicitando à "Ivone" carona para três de seus filhos. s.l., s.d.

      "Não nasceu filho meu, e foram quatro, sem que eu não me lembrasse daquela noite de março de 1933. Um filho, afinal não deixa de ser uma peça a ser apresentada ao mundo, com todas as incertezas de uma estréia. Uma peça também é o mesmo que um filho caprichosamente feito e esperado com ansiedade durante muito tempo. Berço e cartaz se confundem em angústia igual ao momento de passarem a ser. Filho e peça foram acompanhados, trecho a trecho, enquanto ganhavam forma e dimensão. Cada pontapé dado pelo feto no ventre materno é como a conclusão de uma cena, porque é prova de vida, a coisa está começando a andar..."

    • Mário Lago e Mário Lago Filho

      s.l., [1989]. Foto Cristina Rufatto

      Postal de São José do Rio Preto enviado por Mário Lago à esposa Zeli Cordeiro. "Amor, beijos. Uma cidade grande como esta precisava ter 3 milhões de habitantes. Só tem 300.000 sobra espaço à beça pra o Mariozinho correr. Está indo tudo bem. Já faltou mais. Beijíssimos gerais." Franca, 4 de junho de 1993.

      Na ocasião o artista viajava pelo Brasil protagonizando o show "Mário Lago - Causos e canções", dirigido pelo filho caçula Mário Lago Filho que aproveitava o tempo livre para manter a forma

       

    • Programa Sílvio Santos

      Graça Maria Lago (1ª, filha de Mário Lago), Vanda de Souza Cordeiro (2ª, filha de Mário Lago) com o filho Vladimir Cordeiro, Sílvio Santos (3º), Beth Carvalho (4ª), Mário Lago (5º) e, ao fundo, Antônio Henrique Lago (entre Beth Carvalho e Mário Lago) no programa Silvio Santos da Rede Globo de Televisão, 1973

    • Mário e Zeli

      Mário Lago com a esposa Zeli Cordeiro Lago, no apartamento da rua Júlio de Castilhos, em Copacabana. Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1991. Foto Elisa Franco, Jornal O Globo

      Cartão de Mário Lago para a esposa Zeli Cordeiro. "O poeta continua apaixonado e não mudou de alfaiate." s.l., s.d.

    • Livro Segredos de Família

      Fotografia para capa do livro Segredos de família. O livro foi escrito por Mário Lago e seus filhos. Identificados, da esquerda para a direita, em primeiro plano, sentados: Graça Maria Lago (1ª), Mário Lago (2º), Zeli Cordeiro Lago (3ª) e Vanda de Souza Cordeiro (4º). Em segundo plano, de pé: Luiz Carlos Lago (1º), Mário Lago Filho (2º) e Antônio Henrique Lago (3º). [1991]. Foto Alaor Filho

    • Mário Lago com seu neto

      recém-nascido, Ricardo Lago, filho de Antônio Henrique Lago. Rio de Janeiro, 12 de novembro de 1981. Foto Carlos Setker, Jornal O Globo. Versos do poema de autoria de Mário, "Eu, Lago sou"

    • Eu, Lago sou
    • Mário Lago bebê
    • Avós maternos
    • Família Croccia
    • Chiquinha para os íntimos
    • Pai de Mário Lago
    • Aos três anos de idade
    • Mário Lago e sua mãe
    • Colégio Santo Alberto
    • Maestro Antônio Lago
    • Dedicatória da mãe para Mário Lago
    • Maestro Lago na orquestra do Teatro Municipal
    • Mário e Zeli Lago
    • Presente de Natal para Zeli
    • Mário Lago, esposa e filhos
    • Família completa
    • Mário Lago e Mário Lago Filho
    • Programa Sílvio Santos
    • Mário e Zeli
    • Livro Segredos de Família
    • Mário Lago com seu neto
    • Teatro, o autor sobre ao palco
    • Flores à Cunha
    • Sambista da Cinelândia
    • O sábio
    • O neto de Deus
    • Pertinho do céu
    • Larga meu homem
    • O beijo no asfalto
    • Laudo da censura
    • Com a pulga atrás da orelha
    • Castelo na Suécia
    • Fuente Ovejuna
    • Amanhã é dia de pecar
    • Imitando Hamlet
    • Teatro, o autor sobre ao palco

      Mário Lago começa a sua carreira escrevendo para o teatro de revista, gênero popular nos anos 30. "Quem não delirava com as mulatas sestrosas e irreverentes da Aracy Cortes! E os malandros criados pelo Oscarito? E tantos outros, hoje escondidos na memória, que lembravam ao público seu cotidiano de sofrimentos, dificuldades." A sátira política, o humor e a música caracterizavam os quadros que eram independentes entre si, variavam tematicamente, tratando de situações do cotidiano, ou dos acontecimentos políticos e sociais.

      Estreia com sucesso a primeira peça, em fevereiro de 1933, Flores à Cunha, parceria com Álvaro Pinto no Teatro Recreio. Como era habitual em algumas revistas, lançava mão da sátira política para fazer críticas ao governo. O presidente Getúlio Vargas era identificado à figura do malandro, buscando levar vantagem em tudo. Sua formatura na Faculdade Nacional de Direito, no mesmo ano, haveria de ser no Teatro João Caetano, no mesmo palco onde horas depois A grande estreia, outra peça de sua autoria, seria representada. A formatura simbolizava o que acontecia em sua vida, a troca da carreira de bacharel pela de autor.

      Até o final da década dedicar-se-ia à revista, como autor e compositor. O teatro de revista era musicado, e, em razão de sua popularidade, costumava atrair os compositores interessados em divulgar suas canções. Mário aproximou-se dos sambistas e tornou-se um deles. Firmou parceria com Custódio Mesquita com quem escreveu Figa de Guiné (1936), Sambista da Cinelândia (1936), Mamãe eu quero (1937), Rumo ao Catete (1937) e Fim do mundo! (1938).

      A convite de Joracy Camargo começa a atuar no teatro, abandonando de vez o cargo de redator-chefe do Departamento de Estatística do Estado do Rio, a contragosto dos pais que consideravam inadmissível que trabalhasse como ator. Entretanto, no dia da estreia de O sábio, em 1942, lá estavam os dois na primeira fila.

      Nas décadas de 1940 e 1950 escreveu diversas comédias com José Wanderley. Em comum tinham a preguiça como obstáculo para colocar as primeiras ideias no papel: "Hoje, o Wanderley estava morrendo de dor de cabeça, incapaz de alinhavar dois pensamentos. Amanhã, era eu que tinha passado a noite da véspera em claro e não me aguentava nos olhos. No terceiro dia, por sorte de nossa preguiça, havia o jogo do Fluminense e nós, tricolores fanáticos, não teríamos serenidade de espírito para enfrentar uma máquina". Apesar da preguiça, algumas de suas peças alcançaram sucesso de bilheteria e outras, adaptadas para o cinema, foram premiadas.

      Como ator participou de algumas montagens do Teatro dos Sete, grupo dissidente do Teatro Brasileiro de Comédia, formado por Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sergio Britto, Ítalo Rossi e Gianni Rato, como O beijo no asfalto, em 1961, de Nelson Rodrigues, quando interpretou o personagem Aprígio.

      O dramaturgo Mário Lago teve de enfrentar a censura em diversas ocasiões. Durante o Estado Novo, quando escrevia para o teatro de revista, se esforçava para driblar os censores, o que nem sempre era possível. Sua última peça escrita em 1974 em plena ditadura militar, Foru Quatro Tiradentes na Conjuração Baiana, foi censurada. A censora alegava que o "uso do rádio na peça atualizava a questão da revolta popular", tornando-a "inadequada para o momento político" do país.

    • Flores à Cunha

      Libreto da peça Flores à Cunha escrita por Mário Lago e Álvaro Pinto, em cartaz no Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, a partir de fevereiro de 1933. V. J. Martins - Rio editor

      "A estreia de Flores à Cunha foi de encher as medidas de qualquer autor, quanto mais as de um principiante."

    • Sambista da Cinelândia

      Folheto de divulgação da peça Sambista da Cinelândia, ambientada numa estação de rádio, autoria de Mário Lago e Custódio Mesquita. Casa do Caboclo, Rio de Janeiro, 1936

    • O sábio

      Estreia de Mário Lago como ator de teatro na peça O sábio, de Joracy Camargo. Identificados da esquerda para a direita; sentados: Modesto de Souza e Aimée; de pé: Joracy Camargo, Mário Lago e Ramos Júnior. Teatro Regina, Cinelândia, Rio de Janeiro, 1942

       

      "- Mário, você gostaria de ser o galã de minha companhia?

       

      Era como se o Joracy tivesse perguntado se eu gostaria que me desabasse em cima um prédio de cinquenta andares. Entrar num palco para representar? Aí estava uma ideia nunca antes passada pela minha cabeça. As vezes que entrara em cena, nos finais das estreias de minhas peças, eram rotina profissionalmente estimulada pelos Baúzas da vida. Os autores são sempre chamados à cena, mesmo quando a peça não agrada sequer a ele mesmo e aos parentes mais próximos. Pisar as tábuas de um palco para falar, no entanto, movimentar-me de um lado para o outro, responder ao que me diziam - e responder no tempo certo para o espetáculo não perder o ritmo -, que me valessem Nossa Senhora e similares!, era de pedir que me deixassem o resto da vida pensando a resposta, porque ficava bem mais fino."

    • O neto de Deus

      Mário Lago interpretando o médico na peça O neto de Deus, de autoria de Joracy Camargo. Rio de Janeiro, 1942. Foto Sioma (Revista Amiga)

    • Pertinho do céu

      Cartaz de divulgação da peça Pertinho do céu (1942), coautoria de Mário Lago e José Wanderley, montada pela Associação Teatral Itajubense. Itajubá (MG), 28 de novembro de 1980

      Sobre Pertinho do céu

      "Foi em 1942. Delorges Caminha estava procurando uma peça para estrear sua temporada. Nós tínhamos dois atos prontos. Clementino Dotti, secretário da Companhia, leu esses dois atos e achou que a peça era ideal para estreia, pois tinha papéis para todo elenco. Os dois atos entraram em ensaios imediatamente, foi lançada a propaganda marcando data para o início da temporada, e nada de nos dispormos a concluir a peça. Assistíamos a todos os ensaios, contávamos para todo mundo o que iria acontecer, reproduzindo até diálogos. Mas hoje o Wanderley estava morrendo de dor de cabeça, amanhã era eu que tinha passado a noite da véspera em claro etc. etc.

       

      Uma noite - faltando dez dias para a estreia, a censura exigindo o terceiro ato para poder liberar o espetáculo -, quando entramos no camarim do Delorges com uma desculpa qualquer. Depois de estarmos lá dentro pediu que esperássemos um instante, alegando providências a serem tomadas quanto ao cenário e saiu. No que nos demos conta, a porta estava sendo fechada a chave, enquanto ele berrava às gargalhadas: - Só abro a porta depois que vocês acabarem o terceiro ato. Nem que seja amanhã de manhã. Em cima da banqueta vocês têm máquina, papel, cigarros e garrafa térmica. Divirtam-se. O terceiro ato foi de um agrado além de qualquer expectativa, e a partir desse dia, havia mais um elemento para justificar nossa preguiça: escrever em cima da hora dava sorte. "

       

    • Larga meu homem

      Fotografia da peça Larga meu homem da companhia Eva e seus Artistas, de autoria de José Wanderley e Mário Lago. Rio de Janeiro, [1953]. Foto Vieira

    • O beijo no asfalto

      Mário Lago como o personagem Aprígio em foto de divulgação da peça O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues, com direção de Fernando Torres. No elenco, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sergio Britto, Oswaldo Loureiro, Zilka Salaberry, Thelma Reston, Mário Lago, Francisco Cuoco, Suely Franco. Teatro Ginástico, Rio de Janeiro, 1961. Foto Instituto Nacional de Artes Cênicas (INACEM)

    • Laudo da censura

      de Foru Quatro Tiradentes na Conjuração Baiana, peça de autoria de Mário Lago. A censora observa que o uso do rádio na peça, que trata da Conjuração Baiana, atualiza a temática da revolta. Considerada "politicamente inoportuna para o momento", a peça é vetada. Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1977. Serviço de Censura de Diversões Públicas, parecer nº 2392

    • Com a pulga atrás da orelha

      Mário Lago, Francisco Cuoco e Oswaldo Loureiro em cena da peça Com a pulga atrás da orelha, do dramaturgo francês Georges Feydeau, em montagem no Teatro dos Sete. Teatro Ginástico, Rio de Janeiro, 1960

      O Teatro dos Sete é fundado em 1959 por dissidentes do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Sergio Britto e Ítalo Rossi associam-se ao diretor Gianni Ratto e fundam a nova Companhia Teatral no Rio de Janeiro. Correio da Manhã

    • Castelo na Suécia

      Margarida Rey e Mário Lago em cena da peça Castelo na Suécia, da escritora francesa Françoise Sagan. Direção de Adolfo Celi. s.l., 15 de maio de 1972. Correio da Manhã

    • Fuente Ovejuna

       

      Folheto da peça Fuente Ovejuna, do dramaturgo espanhol Lope de Vega (1562-1635), tradução de Mário Lago. Montagem do grupo teatral do Clube Ginástico Português, dirigido por Osvaldo Loureiro, apresentada no II Festival de Teatro Amador. Rio de Janeiro, 1966

      Laudo da censura federal da peça Fuente Ovejuna, do dramaturgo espanhol Lope de Vega (1562-1635), traduzida por Mário Lago. Liberada com restrição etária de 14 anos e corte do trecho "Ao povo unido até os reis têm que curvar a cabeça" que a censora atribui a Mário Lago. Rio de Janeiro, 3 de maio de 1976. Serviço de Censura e Diversões Públicas, parecer nº 722/76

    • Amanhã é dia de pecar

      Certificados da censura federal da peça Amanhã é dia de pecar, de Mário Lago e José Wanderley, emitidos pela Divisão de Censura de Diversões Públicas. O da esquerda, de 19 de outubro de 1987, classificava-a como imprópria para menores de 14 anos. Justifica a improbidade pelas "situações de adultério e linguajar malicioso" apresentadas. O certificado à direita, datado de 28 de outubro de 1978, considera a peça imprópria para menores de 18 anos. Serviço de Censura de Diversões Públicas

    • Imitando Hamlet

      Mário Lago durante brincadeira em que imita o personagem Hamlet, de Shakespeare. Jornal Folha de São Paulo - sucursal Rio. Rio de Janeiro, s.d. Foto M. Pires

    • Teatro, o autor sobre ao palco
    • Flores à Cunha
    • Sambista da Cinelândia
    • O sábio
    • O neto de Deus
    • Pertinho do céu
    • Larga meu homem
    • O beijo no asfalto
    • Laudo da censura
    • Com a pulga atrás da orelha
    • Castelo na Suécia
    • Fuente Ovejuna
    • Amanhã é dia de pecar
    • Imitando Hamlet
    • Do rádio à televisão – dramaturgia também à distância
    • Estúdio da Rádio Nacional
    • Radionovela
    • Presídio de mulheres
    • Mário Lago sentado nas escadas da Rádio Nacional
    • Declarações à polícia
    • Declaracao
    • Carta aberta aos congressistas
    • Requerimento de retorno às funções
    • Dramaturgia também à distância - do teleteatro à telenovela
    • Pierrot Le Fou
    • Desejo
    • Mário Lago com atrizes de teleteatro
    • Teatro Moinho de Ouro
    • Mário Lago em cena de teleteatro
    • Mário Lago e Wellington Botelho
    • Cena de teleteatro
    • Mário Lago e Daysi Lucidi
    • Ensaio para O velho, o rapaz e o mar
    • O velho, o rapaz e o mar
    • Mário Lago como o velho Santiago
    • Teleteatro
    • O homem proibido
    • Assim na terra como no céu
    • Selva de pedra
    • Mário Lago como beato Sebastião
    • Do rádio à televisão – dramaturgia também à distância

      A era do rádio

      Foi no Teatro Rival que Mário Lago recebeu o convite que o afastaria dos palcos. O ano era 1944, Oduvaldo Vianna fundava uma nova estação em São Paulo, a Rádio Panamericana, e o queria no elenco. Também ator de teatro, Vianna assistira à atuação de Mário na peça Esta noite mato minha mulher e gostara da sua voz. Em uma semana deixava o Rio com a difícil tarefa de adaptar a dramaturgia do teatro ao novo meio de comunicação.

      Estávamos na era do Rádio, e o radioteatro se destacava como uma das grandes atrações do novo veículo, desafiando os atores egressos dos palcos. A voz devia ser impostada de outra forma, o corpo, antes instrumento dramático, tornara-se dispensável, e, pior, não podia afastar-se muito dos pesados microfones. O público que acompanhava os atores com olhares atentos e os aplaudia no fechar das cortinas, torna-se virtual.

      O contrato com a Panamericana era de um ano, mas a história de Mário com o rádio estava apenas começando. Em 1945, já de volta ao Rio de Janeiro, foi contratado pela Rádio Nacional, então líder de audiência, e rádio oficial do governo. A versatilidade de Lago, autor e ator de teatro de revista e a essa altura compositor consagrado, o habilitava a se aventurar por toda a programação. Além de atuar, escreveu, dirigiu e narrou produções que iam das novelas aos musicais, passando por programas humorísticos e de auditório, gêneros que muitas vezes se misturavam. Idealizou outros de cunho educativo como As mais belas páginas do romance brasileiro (1946), adaptando contos de grandes nomes da literatura nacional, e Lendas do mundo, narrando lendas indígenas brasileiras e de outros países. Os últimos encontraram menos receptividade dos ouvintes.

      Entretanto, em razão de suas concepções ideológicas, e da sua militância, Mário Lago enfrentaria alguns percalços em sua carreira de radialista. Afastado da Rádio Nacional em 1948, ingressou na Rádio Mayrink Veiga, onde já no ano seguinte teria divergências políticas. A convite de Dias Gomes ingressa na Rádio Bandeirantes, em 1949, e mais uma vez por questões políticas...

      Em 1950 voltou à Rádio Nacional. O espaço dedicado ao radioteatro e à radionovela crescia na programação da emissora. As favoritas eram mesmo as radionovelas. Presídio de mulheres, em princípio adaptação de uma novela cubana por Mário Lago, ganha novos capítulos por suas mãos, e fica no ar durante cinco anos ininterruptos, de 1951 a 1955.

      Após anos trabalhando na Nacional - apelidada de sua "amante" pela esposa Zeli Cordeiro, em razão da extrema dedicação do artista ao trabalho -, Mário Lago e outros trinta e cinco colegas são demitidos da emissora, em seguida ao golpe militar de 1964 que instaurou uma ditadura que se manteria por vinte anos no país.

      Afastado involuntariamente do rádio, encontra na televisão uma alternativa. A despeito de todo o sucesso que fazia na telinha, em 26 de novembro 1979, data de seu aniversário, solicita ao governo o retorno às suas funções na Rádio Nacional, baseado na lei de anistia promulgada em agosto daquele ano. Em 6 de julho de 1980, passados dezesseis anos, seis colegas falecidos, outros caminhos tomados, os demitidos são finalmente anistiados.

    • Estúdio da Rádio Nacional

      Rio de Janeiro, 5 de junho de 1971. Correio da Manhã

    • Radionovela

      Mário Lago, Álvaro Aguiar e outros durante transmissão de radionovela nos estúdios da Rádio Nacional. Rio de Janeiro, [1951-1960]

    • Presídio de mulheres

      Mário Lago diante de máquina de escrever. s.l., [1941-1950]

       

      Cartaz da radionovela Presídio de mulheres, escrita por Mário na Rádio Nacional

    • Mário Lago sentado nas escadas da Rádio Nacional

    • Declarações à polícia

      Termo de declarações prestadas por Mário Lago à Polícia em 1964. Declara trabalhar na Rádio Nacional há 19 anos como radioator, produtor e ensaiador de radioteatro, e nega ter desenvolvido atividade política quer na Nacional ou em outros setores. Relata que foi preso em 2 de abril do mesmo ano, enviado à Ilha das Flores e, em seguida, ao presídio Fernandes Viana. Rio de Janeiro, 30 de maio de 1964

    • Declaracao

    • Carta aberta aos congressistas

      "Carta aberta dos demitidos da Rádio Nacional aos senhores congressistas". Escrito em agosto de 1979, dias antes da promulgação da lei de anistia, o documento reclamava à extensão dos benefícios da futura lei aos trinta e seis funcionários da Rádio Nacional, atingidos pelo Ato Institucional nº 1, em abril de 1964

    • Requerimento de retorno às funções

      Requerimento de Mário Lago ao ministro da Secretaria da Comunicação Social solicitando o retorno às suas funções na Rádio Nacional, da qual fora demitido em 24 de julho de 1964, com base no artigo 7º do Ato Institucional n° 1. Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1979

    • Dramaturgia também à distância - do teleteatro à telenovela

      Tão logo a televisão aparece no Brasil, lá está Mário Lago acompanhando-lhe os primeiros passos. Não demorou muito para que as câmeras ocupassem as plateias de teatro e as peças fossem transmitidas ao vivo. Era o início da teledramaturgia brasileira, com o teleteatro. O formato inspirava-se no live drama norte-americano.

      Mário estreou no programa Câmera um, da TV Tupi, em 1954. A série contava histórias baseadas em tragédias gregas e representava uma inovação: a câmera, antes fixa, passa a acompanhar o movimento dos atores, que ganham mais liberdade. No ano seguinte, seria a vez de atuar no Teatro Moinho de Ouro, da TV Rio, líder de audiência. No Moinho de Ouro, encena uma adaptação do romance O velho e o mar, do escritor Ernest Hemingway. Mais tarde, participa do Grande Teatro Tupi, formado por intérpretes já consagrados do teatro brasileiro.

      Época de invenção, experimentação, descoberta. Muitos atores vinham do rádio e, habituados a utilizar somente a voz, não sabiam como se colocar diante das câmeras. Além disso, o rádio não lhes exigia que decorassem os textos. Mário Lago, ator de palco e microfone, habituado ao improviso e à impostação da voz, encontraria mais facilidade para adaptar-se ao novo veículo.

      Mas, na década de 1950, Mário era ainda um homem do rádio. Assim permaneceu até 1964, quando o governo militar demite uma série de funcionários da Rádio Nacional e a televisão se impõe como alternativa de emprego. Rende-se definitivamente às telas.

      Na segunda metade da década de 1960, com a introdução do videoteipe, as emissoras profissionalizam-se e passam a investir na telenovela diária. O formato garantia que o telespectador ligasse a TV diariamente para acompanhar a trama.

      Mário Lago estreia na TV Globo, em 1966, na novela O sheik de Agadir, e logo aparecem as diferenças ideológicas. A autora cubana Glória Magadan não via com bons olhos um comunista no elenco. Acabou dobrada pelo diretor da novela, Henrique Martins, e por Walter Clark, diretor da emissora, que saíram em defesa do artista. Mário mantém-se no elenco de suas novelas nos três anos seguintes. A saída da autora cubana representaria uma mudança no estilo de fazer novela da emissora, cujas tramas passam a tematizar o Brasil e seu povo.

      Como autor de telenovelas, só se arriscou duas vezes. Em 1968, quando adapta para a TV Tupi de São Paulo Presídio de mulheres, uma novela de sua autoria na Rádio Nacional, e, mais tarde, em 1975, com uma adaptação do texto O noviço, de Martins Pena, para a TV Globo.

      Já como ator seriam muitos os papéis. Foi crente, banqueiro, fazendeiro, industrial, dono de botequim e juiz. Foi Padre Lara, Dr. Molina, Alberico e Sebastião. Atuou por quatro décadas, ininterruptamente, consagrando-se como presença diária nas casas do Brasil.

    • Pierrot Le Fou

      Mário Lago em cena de teleteatro como o personagem Pierrot Le Fou. s.l., [1945-1955]

    • Desejo

      Mário Lago e Fernanda Montenegro na peça Desejo, do escritor Eugene O' Neill no teleteatro da TV Tupi. s.l., [1951-1960]

    • Mário Lago com atrizes de teleteatro

      Da esquerda para a direita, em primeiro plano: Camila Amado (1ª) e Mário Lago (2º). Em segundo plano: Heloísa Mafalda (1ª) e Elza Gomes (3ª). Rio de Janeiro, [1951-1960]

    • Teatro Moinho de Ouro

      Mário Lago no Teatro Moinho de Ouro, da TV Rio, produção de Vitor Berbara. 

      O personagem de Mário Lago era denominado detetive Mark McPherson. Rio de Janeiro, [1951-1960]

    • Mário Lago em cena de teleteatro

      s.l., [1951-1960]

    • Mário Lago e Wellington Botelho

      no Teatro Moinho de Ouro, da TV Rio. Rio de Janeiro, [1951-1964]

    • Cena de teleteatro

      Adriano Reys, André Villon, Mário Lago (sentado) e Glauce Rocha em uma cena de teleteatro. s.l., [1940-1950]

    • Mário Lago e Daysi Lucidi

      Mário Lago contracenando com Daisy Lucidi em cena de teleteatro. s.l.,16 de novembro de 1958. Correio da Manhã

    • Ensaio para O velho, o rapaz e o mar

      Ensaiando para a peça O velho, o rapaz e o mar, de Teixeira Filho, baseada no romance O velho e o mar, de Ernest Hemingway, exibida no programa Teatro de Variedades da TV Rio. Rio de Janeiro, 1958

    • O velho, o rapaz e o mar

      Mário Lago (2º) no teleteatro O velho, o rapaz e o mar, exibido no programa Teatro de Variedades da TV Rio. Rio de Janeiro, 1958. Foto Maurício Coelho

    • Mário Lago como o velho Santiago

      no teleteatro O velho, o rapaz e o mar, de Teixeira Filho, exibido no Teatro de Variedades da TV Rio. Rio de Janeiro, 15 de abril de 1958

    • Teleteatro

      Mário Lago caracterizado como um de seus personagens de teleteatro. Teatro Moinho de Ouro, da TV Rio. Rio de Janeiro, s.d

    • O homem proibido

      José Augusto Branco (Teddy Wilson), Mário Lago (Ali-Abur) e Rubens de Falco (Capitão Anderson) em cena da telenovela O homem proibido, popularmente conhecida como Demian, o justiceiro. Adaptação da obra de Nelson Rodrigues por Glória Magadan, da Rede Globo de Televisão, exibida entre os anos de 1967 e 1968. Rio de Janeiro. Foto Adilson Paulo

    • Assim na terra como no céu

      Mário Lago (Oliveira Ramos), Paulo José e Susy Arruda na telenovela Assim na terra como no céu, de Dias Gomes, da Rede Globo de Televisão. Rio de Janeiro, 1970-1971

    • Selva de pedra

      Mário Lago, como beato Sebastião, e Heloísa Helena durante gravação da telenovela Selva de pedra, de Janete Clair, da Rede Globo de Televisão. Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1972. Foto Sérgio de Souza

    • Mário Lago como beato Sebastião

      Mário Lago (beato Sebastião) durante gravação da telenovela Selva de pedra, de Janete Clair, da Rede Globo de Televisão, transmitida entre 1972 e 1973. Rio de Janeiro

    • Do rádio à televisão – dramaturgia também à distância
    • Estúdio da Rádio Nacional
    • Radionovela
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    • Tela grande
    • A sombra da outra
    • Balada dos infiéis
    • O padre e a moça
    • Diploma pelo filme O Golpe
    • Mensagem para a família
    • Os herdeiros
    • Caçador de esmeraldas
    • Tela grande

      Homem de múltiplas facetas, Mário Lago estreia no cinema como roteirista, aos 28 anos, escrevendo a comédia musical Banana da terra (1939), em parceria com João de Barro. O filme ficou célebre por ter lançado Carmen Miranda como baiana, cantando O que é que a baiana tem? Entretanto, foi na frente das câmeras que Mário atravessou as diversas fases do cinema brasileiro, da chanchada ao Cinema Novo. Entre comédias, dramas, policiais e adaptações literárias, atuou em mais de trinta filmes interpretando variados tipos.

      O primeiro filme como ator, em 1948, foi Asas do Brasil, longa metragem do diretor Moacyr Fenelon, quando pela primeira vez usou-se a técnica de mixagem de som no cinema brasileiro, permitindo a montagem simultânea de diálogos, música e ruídos. No mesmo ano, filmaria o drama A sombra da outra de Watson Macedo.

      Também contribuiria para a sétima arte no papel de compositor. A marcha Aurora (1941), notabilizada nos carnavais do Rio de Janeiro, ganhou versão em inglês e entrou para a trilha sonora do filme norte-americano Segure o fantasma, de Arthur Lubin. Outra canção de sua autoria Rua sem sol, foi o motivo principal do filme que leva o mesmo nome, clássico do cinema independente da década de 1950, dirigido por Alex Viany em 1954.

      Algumas de suas peças teatrais foram adaptadas para o cinema. O golpe, por exemplo, escrita em parceria com José Wanderley, virou filme dirigido por Carlos Manga em 1955, e rende a Mário Lago o prêmio de melhor argumento no III Festival Cinematográfico do Distrito Federal. A comédia em três atos Papai fanfarrão, da mesma dupla, também acaba nas telas sob a direção de Manga em 1957. No longa metragem Essa gatinha é minha, dirigido por Jece Valadão, em 1966, concilia suas duas vocações: escreve o roteiro e atua no filme.

      Apesar das dezenas de atuações, trabalhar com cinema não estava entre as predileções de Mário Lago, que considerava a produção extremamente demorada e exaustiva. Entretanto, na década de 1960 atua em mais de quinze filmes, entre eles o clássico Assalto ao trem pagador (1962), de Roberto Farias.

      Simpático ao Cinema Novo, movimento ao qual tinha afinidades ideológicas, atuou em Terra em transe (1967) de Glauber Rocha, um dos marcos do Cinema Novo, O bravo guerreiro (1968) de Gustavo Dahl, Os herdeiros(1969) de Carlos Diegues e São Bernardo (1973), de Leon Hirszman. Em O padre e a moça (1966), primeiro filme dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, interpretou um dos personagens centrais da trama, o antagonista Honorato.

      Na década de 1970, embora se dedicando mais à televisão, participa ainda de Pedro Diabo (1970), de Miguel Faria Jr., Balada dos infiéis (1971), de Geraldo Santos Pereira, e Café na cama (1973) de Alberto Peralise. O artista despede-se da tela grande em 1983, no filme Idolatrada de Paulo Leite Soares. Consagrado nos palcos, no rádio e na telinha, Mário Lago deu significativa contribuição à cinematografia brasileira.

    • A sombra da outra

      Mário Lago e Anselmo Duarte em cena do filme A sombra da outra, de Watson Macedo, 1948. Produzido pela Atlântida Cinematográfica e lançado em 1950

    • Balada dos infiéis

      Cartão-postal de Mário Lago para a família durante as gravações do filme Balada dos infiéis, de Geraldo Santos Pereira, relatando atraso nas filmagens. Vista aérea da avenida Antônio Carlos, Araxá (MG), 1970

    • O padre e a moça

      Filmagens de O padre e a moça, de Joaquim Pedro de Andrade. Mário Lago interpreta Honorato. Cena do velório com a participação de moradores do local. São Gonçalo do Rio das Pedras (MG), [1965]

    • Diploma pelo filme O Golpe

      Diploma conferido a Mário Lago pelo III Festival Cinematográfico do Distrito Federal de melhor argumento pelo filme O golpe. Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1955

    • Mensagem para a família

      Foto tirada durante as filmagens de O padre e a moça, de Joaquim Pedro de Andrade. No verso, mensagem de Mário Lago para a família explicando tratar-se da casa onde a equipe do filme está morando e contando ter que tomar banho de lata como nos tempos em que esteve preso no presídio Fernandes Viana. São Gonçalo do Rio das Pedras (MG), [1965]

    • Os herdeiros

      Mário Lago (Almeida) e Isabel Ribeiro (Rachel) em cena do filme Os herdeiros, de Carlos Diegues (1969). Vencedor do Troféu Coruja de Ouro (1970) com melhor roteiro, fotografia e figurino. s.l., s.d. Correio da Manhã

    • Caçador de esmeraldas

      Mário Lago e Enio Santos em cena do filme Caçador de esmeraldas. s.l., s.d. Correio da Manhã

    • Tela grande
    • A sombra da outra
    • Balada dos infiéis
    • O padre e a moça
    • Diploma pelo filme O Golpe
    • Mensagem para a família
    • Os herdeiros
    • Caçador de esmeraldas
    • O compositor
    • Desfile do Cordão da Bola Preta
    • Nada além
    • Aurora
    • Ai que saudades da Amélia
    • Se a vida fosse sempre assim
    • Eu sou feio e moro longe
    • Canções de Mário Lago
    • Mário Lago com Nelson Sargento
    • Mário Lago, Braguinha e Jamelão
    • Comemoração dos 85 anos
    • Cantando
    • Centenário do Bloco Sôdade do Cordão
    • Desfile do Sôdade do Cordão
    • O compositor

      O garoto Mário, filho e neto de músicos, familiarizou-se com as óperas desde pequeno. Boa parte do tempo passava no Teatro Lírico, onde seu pai era segundo maestro. Agraciado com uma boa voz, o menino costumava impressionar as visitas cantando árias. Aos sete anos já estudava piano com Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Heitor Villa-Lobos. Mas bastou assistir a um concerto de Arthur Rubinstein para desistir da carreira de pianista, convencido de que esta lhe exigiria muita disciplina.

      Nascido e criado nas cercanias da Lapa, era de se esperar que tivesse outras influências musicais. Acompanhava com a família as disputas entre os clubes carnavalescos Fenianos versus Democráticos. As marchas e os sambas, os gêneros que mais compôs, faziam parte da cultura musical da cidade em que crescia. Em 1932, entra para o Cordão da Bola Preta, e compõe, em parceria com Nelson Barbosa, o hino Braço é braço.

      Mas a década de 1930 seria dedicada ao teatro de revista. Autor de revistas, desde 1933, Mário conheceu muitos sambistas que encontravam nas revistas um meio de divulgação de suas músicas. Começou ele próprio a compor para os quadros que escrevia. A primeira composição, Menina eu sei de uma coisa (1935), em parceria com Custódio Mesquita, passou em branca nuvem. Embora a canção não tenha emplacado, a parceria que ela inaugurava seria próspera. O primeiro grande sucesso da dupla foi o fox Nada além, na voz de Orlando Silva. A música havia sido composta para a revista Rumo ao Catete, que estreou em 1937, no Teatro Recreio.

      Viver de direitos autorais naquele tempo era difícil, daí o grande sonho dos compositores de emplacar um samba no carnaval. Sonho que se realizou para Mário em 1941, quando Aurora tomou as ruas da cidade. A marcha que começara a ser composta no carnaval anterior, em parceria com Roberto Roberti, entrou no repertório de Carmen Miranda, e acabou fazendo sucesso nos Estados Unidos. Gravada dezessete vezes, e traduzida para o inglês, a música chegou a ser incluída no filme Segure o fantasma, da dupla Abbot & Costello.

      No ano seguinte, uma nova mulher marcaria sua carreira: Amélia. O samba surgiu de uma brincadeira do irmão de Aracy de Almeida, e a misteriosa Amélia seria uma lavadeira que trabalhava na casa da família. Ninguém quis gravá-lo. Moreira da Silva chegou a dizer que parecia uma marcha fúnebre. Ataulfo Alves, parceiro no samba, teve de fazê-lo, e com a ajuda dos dois disc jockeys mais famosos da cidade dedicaram um domingo à divulgação da música no rádio. O sucesso de Ai que saudades da Amélia foi tamanho, que o termo "Amélia" virou expressão popular e acabou entrando para o dicionário Aurélio.

      Em seu vasto repertório, mais de 140 músicas gravadas, nota-se a variedade de gêneros: compôs valsas, fox-trot, baião, toada, embora o samba e as marchas figurem com ampla vantagem.

      Entre os muitos parceiros, grandes nomes da música popular brasileira, como Custódio Mesquita, Roberto Martins, Ataulfo Alves, Benedito Lacerda, Lúcio Alves, Chocolate e Roberto Roberti. Em 1951, um parceiro inédito, seu pai, no samba Não tenha pena morena, gravada por Jorge Goulart.

      Emprestaram suas vozes às músicas de Lago, Aurora Miranda, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Nelson Gonçalves, Lúcio Alves, Linda Batista, Elizeth Cardoso, entre outros.

      Presença obrigatória na história da música popular brasileira, enquanto houver carnaval, e não há previsão de seu fim, Mário Lago estará nas ruas e bailes, e na boca do povo.

    • Desfile do Cordão da Bola Preta

      Rio de Janeiro, s.d. Correio da Manhã

      "Braço é braço"

      Braço é braço... Que turma infernal!

      Escola... Calar baioneta,

      Pois a farra será colossal

      Na Bola... Na Bola Preta.

      A Bola já tem tradição,

      É grito geral... Oba!

      Na rua faz evolução

      E dá lições de Carnaval.

      Tem samba com muita cadência,

      Não, não pode falhar.

      Escola, bater continência...

      A Bola Preta vai passar.

      Hino do Bola Preta composto por Mário Lago aos 26 anos.

    • Nada além

      Mário Lago, Orlando Silva e Custódio Mesquita na capa do disco Nada além, de 1938. Disco Nada alémfox-trot de Mário Lago e Custódio Mesquita, interpretado por Orlando Silva e orquestra, gravado pela RCA VICTOR. Fundo Humberto Franceschi

      A canção Nada além foi o primeiro sucesso musical de Mário Lago, composta para um quadro de Rumo ao Catete, peça de teatro de revista. Contava a estória de um mendigo que olhava vitrines quando é convidado pelos vendedores a entrar na loja. Enquanto esses lhe oferecem mercadorias ele se põe a cantar "Nada além, nada além de uma ilusão..."

      Clique aqui para ouvir a música

    • Aurora

      Reportagem do jornal Correio da Noite na qual Mário Lago e Roberto Roberti justificam a não inscrição da marcha Aurora no Grande Concurso Toddy. Rio de Janeiro, s.d.

      "A marcha Aurora, em 1941, foi um sucesso daqueles de se aguentar desde o período pré-carnavalesco até os quatro dias finais. Não havia biboca onde não a tocassem, cantada por gago e mudo. No entanto, findo o carnaval, não chegou a render vinte cruzeiros para cada um de nós."


      Clique aqui para ouvir a música

    • Ai que saudades da Amélia

      Letra do samba Ai que saudades da Amélia, composto em 1942, em parceria com Ataulfo Alves. Contém assinatura de Mário Lago. Rio de Janeiro, s.d.

      Clique aqui para ouvir a música

    • Se a vida fosse sempre assim

      Partitura da valsa Se a vida fosse sempre assim, de Newton Teixeira e Mário Lago. s.l., 1946

    • Eu sou feio e moro longe

      Listagem manuscrita das canções de autoria de Mário Lago na década de 1950.

       

      Disco com a canção Eu sou feio e moro longe, gravada em 1952 pela RCA VICTOR

    • Canções de Mário Lago

      Listagem manuscrita identificando os gêneros musicais, os intérpretes e parceiros das canções de Mário Lago. s.l., s.d.

    • Mário Lago com Nelson Sargento

      no apartamento da rua Júlio de Castilhos em Copacabana. Rio de Janeiro, [1991-2000]

    • Mário Lago, Braguinha e Jamelão

      parceiros do espetáculo Geração oitenta, idealizado e dirigido por Mário Lago Filho no Teatro Carlos Gomes, Rio de Janeiro,[1995]

    • Comemoração dos 85 anos

      Mário Lago no palco do Teatro Rival comemorando seus 85 anos. Identificados, da esquerda para a direita, em primeiro plano: Vânia Carvalho (1ª), Paulo Márquez (2º) e Mário Lago (3º). Em segundo plano: Alexandre Maionese (1º, flautista), Paulão Sete Cordas (violão) e Jaime Vignoli (3º, cavaquinho). Cinelândia, Rio de Janeiro, 1996

    • Cantando

      Mário Lago cantando em um espetáculo musical. Identificados, da esquerda para a direita: Elias Chamon Filho (1º), Paulo Márquez (2º), Tânia Machado (3ª), Monarco (4º) e Mário Lago (5º). s.l., [1991-2000]. Foto Erno Schneider

    • Centenário do Bloco Sôdade do Cordão

      Mário Lago durante desfile do bloco de carnaval Sôdade do Cordão, reconstituído, no ano de 1987, em homenagem ao centenário de seu idealizador Heitor Villa-Lobos, no Centro do Rio de Janeiro

      "Teimei em ficar na rua ainda algum tempo, para poder contar aos netos que tinha testemunhado o grande êxodo. Que tinha visto o povo ser pouco a pouco transformado em figurante de um espetáculo onde antes era ator, mas agora montado para alegria de turistas, com hora marcada para começo e fim, sem sequer espaço para ver a escola de samba da sua paixão, pois tem visão proibida pelas arquibancadas feitas pra quem pode pagar ou chegar de fora, nada entendendo o que vê."

    • Desfile do Sôdade do Cordão

      Graça Lago, vestida de Clóvis, e Mário Lago durante desfile do bloco de carnaval Sôdade do Cordão, reconstituído, no ano de 1987, em homenagem ao centenário de seu idealizador Heitor Villa-Lobos, no Centro do Rio de Janeiro

    • O compositor
    • Desfile do Cordão da Bola Preta
    • Nada além
    • Aurora
    • Ai que saudades da Amélia
    • Se a vida fosse sempre assim
    • Eu sou feio e moro longe
    • Canções de Mário Lago
    • Mário Lago com Nelson Sargento
    • Mário Lago, Braguinha e Jamelão
    • Comemoração dos 85 anos
    • Cantando
    • Centenário do Bloco Sôdade do Cordão
    • Desfile do Sôdade do Cordão
    • Não era o mundo o que eu queria
    • Formatura na Faculdade Nacional de Direito
    • Prontuário policial
    • Declarações à polícia
    • Mário Lago preso em 1941
    • Mário Lago preso em 1949
    • Preso em 1964
    • Bilhete escrito na prisão
    • Henfil do alto da caatinga
    • Chegada de Henrique João Cordeiro
    • Redação do jornal Avante
    • Cartão de Luís Carlos Prestes
    • Frase do repentista Chico Nunes
    • Não era o mundo o que eu queria

      Só uma vaidade aceito: dar certo medo à polícia

      Era ainda aluno do Colégio Pedro II quando ensaiou sua primeira manifestação política: "a revolta das canecas". O movimento era contra a obrigatoriedade do uso de canecas determinada pelo chefe da disciplina. "Já tínhamos tantos livros a carregar, e ainda aquela obrigação da caneca, bolas. (...). Os mais velhos decidiram que aquilo só se podia resolver com uma greve. Eu não entendia bem o sentido da palavra, mas me dispus a ser um dos porta-vozes do movimento em minha turma."

      Não imaginava que aquele evento inauguraria um sem número de protestos vida afora. Apesar da família católica e dos primeiros estudos no Colégio Santo Alberto, o jovem inclinava-se cada vez mais ao marxismo. Talvez pesasse a influência do avô anarquista e de alguns professores do Pedro II. Talvez fosse a experiência de ter, aos doze anos, testemunhado o assassinato do engenheiro Conrado Niemeyer, opositor ao governo de Arthur Bernardes, no prédio da Polícia Central, em frente à sua casa.

      O fato é que crescia num mundo que assistira a Revolução Russa de 1917, quando se acreditou colocar em prática as ideias que lia nos livros de Marx e Engels. Onde os tão sonhados projetos coletivos de mudança pareciam tornar-se reais.

      Em 1930, entra para a Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, dividindo-se entre as aulas e o Acadêmico, café onde os estudantes se reuniam para, entre outras coisas, discutir política. Nas mesas do Acadêmico teriam surgido a Federação Vermelha de Estudantes, com a bandeira de democratizar o acesso à universidade, e o Círculo Vermelho de Estudantes Ateus, um grupo de estudos.

      Nos tempos da faculdade, Mário ingressa no Socorro Vermelho, grupo de auxílio aos presos políticos e seus familiares. Em seguida, participa da Juventude Comunista e começa a militar no Partido Comunista Brasileiro. Era o batismo do companheiro Pádua. Em 1932, veio a primeira prisão, quando saía de um comício em uma fábrica de tecidos em comemoração a semana dos três Ls: Lênin, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.

      Naquele mesmo ano enfrentaria a cadeia novamente, ao ser pego pichando muros com outros estudantes em Honório Gurgel. A polícia o largou na fronteira do Brasil com o Uruguai, como costumava fazer com os presos políticos, e o companheiro Pádua teve de ficar dois meses no país vizinho.

      As suas prisões atravessaram quatro décadas da história do Brasil: 1932, 1941, 1949, 1964, 1968 e 1969. Alternavam-se os governos (alguns insistiam em manter-se no poder), e Mário sempre às voltas com a polícia política e a censura, fosse como artista ou como militante comunista. Inevitavelmente, a militância lhe rendia problemas profissionais.

      Depois da prisão em 1949, foi afastado da Rádio Mayrink Veiga. No ano seguinte, já na Rádio Bandeirantes, em São Paulo, é demitido pelo diretor João Saad que diz tê-lo visto em um comício eleitoral chamando o Ademar de Barros, dono da emissora, de calhorda. À época, Mário era candidato a deputado estadual por São Paulo na chapa do Partido Social Trabalhista (PST), já que o PCB estava na ilegalidade. Era o "candidato de Prestes", e o eixo de sua campanha era a luta contra a proliferação das armas nucleares.

      Em 1964, no dia seguinte ao golpe que instaurou uma ditadura militar no país, Mário foi preso em casa, em Copacabana, levado ao DOPS, em seguida transferido para a Ilha das Flores, e, por fim, para o presídio Fernandes Vianna, na Frei Caneca,"onde as noites eram sempre incertas para quem ali se encontrava preso". Na cela 29, galeria C, completaria os primeiros 58 dias de detenção no novo regime. Seria preso ainda mais três vezes durante o governo militar.

      As inúmeras prisões não o intimidaram, pois continuou até o fim da vida defendendo as causas nas quais acreditava. Participou de shows, comícios e manifestos combatendo a censura e a carestia, exigindo a libertação de presos políticos, lutando pela anistia e pelas diretas já. Ajudou a fundar o Centro do Brasil Democrático (CEBRADE), e por fim, presidiu a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura Militar.

      Quando o autor da Ópera dos três vinténs (traduzida por Mário Lago) escreveu que entre os homens há os que lutam por um dia, os que lutam por um ano, e assim por diante, parecia estar se referindo a Mário quando lembra dos que lutam por toda a vida: os imprescindíveis.

    • Formatura na Faculdade Nacional de Direito

      Mário Lago em sua formatura na Faculdade Nacional de Direito, no Teatro João Caetano. Rio de Janeiro, 1933

      Versos do poema “Eu, Lago sou”, de autoria de Mário Lago

      “Comecei minha militância política em 1930, num grupo do Socorro Vermelho que havia na Faculdade de Direito. O Socorro era uma organização do Partido Comunista, destinado a fazer finanças para ajudar as famílias dos presos políticos e também visitar os companheiros que estavam na cadeia, levando-lhes o jornal do Partido, colocando-os a par dos acontecimentos, das posições partidárias.”

    • Prontuário policial

      Capa de prontuário policial de Mário Lago, referente à primeira prisão, em 1932. Quarta Delegacia Auxiliar da Polícia do Distrito Federal, Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1932

       

      "E no dia 21 de janeiro de 1932, quando me prenderam pela primeira vez, aceitaram correr um risco só compreensível em quem pensa igual. A batida em nossa casa foi realizada à noite, e não houve parlamentação nem ameaça que convencesse minha mãe a deixar a polícia entrar para uma revista, plantando-se na porta como casamata inexpugnável. Gorki deve tê-la pressentido quando escreveu A mãe. Em voz bem alta, para toda vizinhança tomar conhecimento do que estava acontecendo, invocava e reinvocava a Constituição, que, no artigo tal, parágrafo qual, garantia a inviolabilidade do lar depois das seis horas. Enquanto isso, no fundo do quintal, meu pai reduzia a cinzas os papéis que pudessem comprometer-me."

    • Declarações à polícia

      Cópia do Termo de declarações prestadas por Mário Lago à Polícia do Distrito Federal, proclamando-se membro da Juventude Comunista e afirmando ter participado de comícios em fábricas nos bairros da Gávea e Caju em comemoração a semana dos três Ls: Lênin, Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 1932

    • Mário Lago preso em 1941

      aos vinte e nove anos, quando era funcionário público do Departamento de Estatísticas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 28 de abril de 1941

    • Mário Lago preso em 1949

      aos trinta e sete anos, quando era radialista da Rádio Mayrink Veiga. Após sair da cadeia foi afastado da emissora. Rio de Janeiro, Divisão de Polícia Política e Social (DPS), 13 de março de 1949

      A prisão em 1949 foi na redação do jornal do Partido Comunista do Brasil, A classe operária. Mário Lago pretendia entregar uma carta remetida pelo seu sogro, Henrique Cordeiro, dirigente comunista, ao diretor do periódico, Rui Facó. Na ocasião, reconhecido pelo carcereiro - que também gostava de compor - Mário Lago teve de passar a madrugada ouvindo os sofríveis sambas de autoria do guarda.

    • Preso em 1964

      Preso no dia seguinte ao golpe militar de 1964, aos cinquenta e dois anos de idade, em casa, no bairro de Copacabana, enquanto escrevia sua novela para Rádio Nacional. Mário Lago foi enviado ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em seguida à Ilha das Flores, de onde foi transferido para o presídio Fernandes Viana, na Frei Caneca. Foram 58 dias de detenção.

      Carta da esposa Zeli Cordeiro para Mário Lago durante o período de sua prisão em 1964. Rio de Janeiro, 1964

    • Bilhete escrito na prisão

      Mário Lago preso em 1964, após o golpe militar. No mesmo ano foi demitido da Rádio Nacional com outros trinta e cinco colegas, através do Ato Institucional nº 1. Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), 1964

      Bilhete escrito na prisão enviando beijos à esposa e filhos. [Rio de Janeiro, abril, maio de 1964]

      "Aos delegados, detetives, informantes, a todos enfim que contribuíram para ficar registrado nos arquivos do Dops que eu lutei pela Paz, em defesa dos Direitos Humanos, pela Interdição das Armas Nucleares, por Democracia e Liberdade, gritei que "O Petróleo é Nosso" e contra as ditaduras, contra a escravização econômica e política do Brasil ao capital estrangeiro. Embora a ironia e até mesmo um certo deboche na análise de alguns documentos, foi muita a emoção que senti lendo aqueles boletins, pedidos de busca, ofícios e referências, pois eles me deram uma alegre certeza: não foi vida jogada fora a que vivi."

    • Henfil do alto da caatinga

      Tira de autoria do cartunista Henfil dedicada a Mário Lago. Intitulada Henfil do alto da Caatinga, trata do retorno dos exilados políticos após a lei de anistia de 1979. Rio de Janeiro, 1979

    • Chegada de Henrique João Cordeiro

      cunhado de Mário Lago, do exílio no México, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Da esquerda para a direita: em primeiro plano, agachados: Mário Lago (1º), Pedro Lago Carneiro (4º, criança no colo de Graça) e Graça Maria Lago (5ª). Em segundo plano, de pé: Zeli Cordeiro Lago (1ª), Henrique João Cordeiro (ao centro de barba), José Cordeiro (de óculos com criança no colo) e Vanda de Souza Cordeiro (última à direita, ao lado de José Cordeiro). Rio de Janeiro, 1979

    • Redação do jornal Avante

      Mário Lago na redação do jornal Avante do Partido Comunista Português, em Lisboa. Lisboa, [1980]

    • Cartão de Luís Carlos Prestes

      Cartão endereçado a Mário Lago pelo líder comunista Luís Carlos Prestes solicitando que atenda às solicitações do "camarada Martinho". Rio de Janeiro, 4 de novembro de 1980

      Cartão de boas festas enviado por Prestes ao artista e militante Mário Lago. s.d., s.l.

    • Frase do repentista Chico Nunes

      Fotografia de Mário Lago com frase do repentista Chico Nunes ao fundo. s.l, s.d.

    • Não era o mundo o que eu queria
    • Formatura na Faculdade Nacional de Direito
    • Prontuário policial
    • Declarações à polícia
    • Mário Lago preso em 1941
    • Mário Lago preso em 1949
    • Preso em 1964
    • Bilhete escrito na prisão
    • Henfil do alto da caatinga
    • Chegada de Henrique João Cordeiro
    • Redação do jornal Avante
    • Cartão de Luís Carlos Prestes
    • Frase do repentista Chico Nunes
     
     
    • Palavra puxa palavra
    • Máquina de escrever
    • Capa do livro Chico Nunes das Alagoas
    • Manuscrito original Chico Nunes das Alagoas
    • Originais do livro Chico Nunes das Alagoas
    • Mário Lago e Dias Gomes
    • Dedicatória aos netos
    • Carta de elogio
    • Mário Lago e João Saldanha
    • Bilhete de Otto Lara Resende
    • Cartão de Carlos Drummond de Andrade
    • Lançamento de 16 linhas cravadas
    • Em 16 linhas datilografadas
    • Palavra puxa palavra

      Não bastasse o ator de teatro, cinema e televisão, o radialista, o compositor de Aurora e Nada além, Mário Lago se destaca também por seus escritos. Além dos inúmeros poemas, roteiros de peças e novelas, contos e crônicas publicou também mais de uma dezena de livros. Começou em 1948 com uma coletânea de poemas políticos intitulada O povo escreve a história nas paredes. Os versos falavam da questão agrária, da defesa do petróleo brasileiro, das lutas dos trabalhadores; expressavam a opção ideológica de Mário que desde os tempos da Faculdade de Direito era militante comunista.

      A política permaneceria como interesse por toda a vida, e as prisões se sucederiam como os governos. Uma delas, após o fatídico 1º de abril de 1964, lhe serviria de inspiração para o livro seguinte: 1º de abril (estórias para a História). Neste Mário trata do período que passou no presídio da Ilha das Flores e no Fernandes Viana, na Frei Caneca. A publicação seria revista e ampliada em 1979 sob o título Reminiscências do sol quadrado (Editora Agir).

      Ainda na década de 1970, lança o primeiro de seus livros de memórias, Na rolança do tempo (Civilização Brasileira). Inventado por Mário Lago, o neologismo rolança foi incorporado por Antônio Houaiss ao seu Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. Ele explica a etiologia da palavra: uma resposta de sua mãe à pergunta "- Como estão as coisas?": "- Rolando sem ser pipa." O filho contribuiu com o sufixo ança (ato de), e estava criada a rolança. As memórias transbordariam os limites do livro e Mário prosseguiria com suas lembranças em Bagaço de beira de estrada (1977).

      Durante as filmagens de São Bernardo, de Leon Hirszman, em Viçosa (AL), encanta-se com uma figura local. Trata-se do repentista Francisco Nunes Brasil, o Chico Nunes. Decide escrever sobre o poeta e registrar seus repentes. De volta ao Rio de Janeiro, prossegue a pesquisa, trocando vasta correspondência com ilustres alagoanos em busca de relatos sobre o trovador. Em 1975, lançaria o livro Chico Nunes das Alagoas.

      Na década de 1980, sua Meia porção de sarapatel (Ed. Rebento, 1986) reuniria casos, poesias, frases e historietas saboreadas com gosto pelo poeta Drummond. Data desta época sua contribuição à literatura infantil através de O monstrinho medonhento (Editora Moderna, 1984). Medonhento lhe rendeu uma série de fãs mirins que lhe escreviam cartas recheadas de elogios e perguntas.

      Reunindo a esposa Zeli e toda a prole, Segredos de família, (Ed. Civilização Brasileira) escrito a quatorze mãos, comemorava os oitenta anos do patriarca, em prosa, verso e fotografia, no ano de 1991. Em 16 linhas cravadas (Ed. Cosac Naify, 1998), a intenção era escrever curtas historietas, que coubessem em exatas 16 linhas datilografadas. Na publicação, encontra-se o poema épico As figueiríadas, uma sátira política ao futuro presidente, o general João Figueiredo, publicada em O Pasquim em setembro de 1978.

    • Máquina de escrever

      Mário Lago diante de máquina de escrever, no apartamento da rua Bolívar, em Copacabana (RJ). s.d.

    • Capa do livro Chico Nunes das Alagoas

      de autoria de Mário Lago. Publicado pela Editora Civilização Brasileira, em 1975. [Rio de Janeiro, 1970-1975]

    • Manuscrito original Chico Nunes das Alagoas

      Folha de rosto original do livro Chico Nunes das Alagoas.

       

      Manuscrito original do índice do livro Chico Nunes das Alagoas. [Rio de Janeiro, 1970-1975]

    • Originais do livro Chico Nunes das Alagoas

      Índice e agradecimentos. [Rio de Janeiro, 1970-1975]

    • Mário Lago e Dias Gomes

      Mário Lago com o dramaturgo Dias Gomes em lançamento de um dos seus livros. s.l., s.d.

    • Dedicatória aos netos

      Originais do livro infanto-juvenil O monstrinho medonhento. Folha de rosto e dedicatória aos netos. Rio de Janeiro, [1984]

    • Carta de elogio

      Carta do menino Júnior a Mário Lago elogiando seus livros, em especial O monstrinho medonhento. s.l., 30 de setembro de 1988. 

       Original do livro O monstrinho medonhento com anotações à caneta de Mário Lago.

    • Mário Lago e João Saldanha

      Mário Lago autografando livro para o jornalista esportivo João Saldanha, 1973

    • Bilhete de Otto Lara Resende

      Bilhete do escritor Otto Lara Resende a Mário Lago elogiando livro de sua autoria e incentivando-o a prosseguir escrevendo. Rio de Janeiro, 7 de julho de 1975

    • Cartão de Carlos Drummond de Andrade

      Cartão do poeta Carlos Drummond de Andrade a Mário Lago, contando ter gostado muito do livro Meia porção de sarapatel e agradecendo sua menção na obra. Rio de Janeiro, 8 de abril de 1987

    • Lançamento de 16 linhas cravadas

      Mário Lago ao lado do filho caçula, Mário Lago Filho, no lançamento do livro 16 linhas cravadas, na Lapa. Rio de Janeiro, dezembro de 1998

    • Em 16 linhas datilografadas

      Folha de rosto e texto intitulado "Em 16 linhas datilografadas", publicado posteriormente no livro 16 linhas cravadas. [Rio de Janeiro, 1998]

    • Palavra puxa palavra
    • Máquina de escrever
    • Capa do livro Chico Nunes das Alagoas
    • Manuscrito original Chico Nunes das Alagoas
    • Originais do livro Chico Nunes das Alagoas
    • Mário Lago e Dias Gomes
    • Dedicatória aos netos
    • Carta de elogio
    • Mário Lago e João Saldanha
    • Bilhete de Otto Lara Resende
    • Cartão de Carlos Drummond de Andrade
    • Lançamento de 16 linhas cravadas
    • Em 16 linhas datilografadas
  • Sobre as imagens

    Todas as imagens da exposição Nas águas no mesmo Lago receberam tratamento digital de forma a garantir o conforto visual do visitante e foram igualmente editadas para compor a narrativa da exposição. Assim, as reproduções aqui exibidas foram mescladas, cortadas, tiveram cor alterada ou detalhes realçados e não correspondem aos tamanhos originais dos documentos.

    As imagens que integram a exposição Mário Lago pertencem aos Fundos Mário Lago, Correio da Manhã, Humberto Franceschi e Serviço de Censura de Diversões Públicas depositados no Arquivo Nacional.
    As citações de Mário Lago ao longo dos módulos foram retiradas do livro Na Rolança do Tempo (Civilização Brasileira, 4ª edição).


    Eu, Lago sou

    Mário Lago bebê: ML.0.DPE.FOT.3
    Avós maternos: ML.0.DPE.FOT.1.1
    Família Croccia: ML.0.FAM.FOT.2
    Chiquinha para os íntimos: ML.0.DPE.FOT.2.2
    Pai de Mário Lago: ML.0.DPE.FOT.1.78
    Aos três anos de idade: ML.0.DPE.FOT.5
    Mário Lago e sua mãe: ML.0.DPE.FOT.2.16
    Colégio Santo Alberto: ML.0.DPE.FOT.6
    Maestro Antônio Lago: ML.0.FAM.FOT.4
    Programa interno da opereta "Kelani: a dama da lua": ML.0.FAM.TXT.1.5
    Dedicatória da mãe para Mário Lago: ML.0.DPE.FOT.2.40
    Foto de Vicência: ML.0.DPE.FOT.2.38
    Maestro Lago na orquestra do Teatro Municipal: ML.0.DPE.FOT.4.4
    Foto 3x4 do Maestro Lago: ML.0.DPE.FOT.2
    Mário e Zeli Lago: ML.0.FAM.FOT.5
    Presente de Natal para Zeli: ML.0.COR.TXT.2.2
    Mário Lago, esposa e filhos: ML.0.FAM.FOT.6.1
    Família completa: ML.0.FAM.FOT.6.2
    Bilhete da Ivone: ML.0.COR.TXT.10.1
    Mário Lago e Mário Lago Filho: ML.0.FAM.FOT.11.2
    Postal de São José do Rio Preto enviado por Mário Lago à esposa Zeli Cordeiro: ML.COR.CAP.8.3
    Programa Sílvio Santos: ML.0.DPE.FOT.2.10
    Mário e Zeli: ML.0.FAM.FOT.13
    Cartão O poeta continua apaixonado: ML.0.COR.TXT.2.7
    Livro Segredos de família: ML.0.FAM.FOT.14
    Mário Lago com seu neto: ML.0.FAM.FOT.9


    Teatro, o autor sobe ao palco

    Flores à Cunha: ML.0.DPE.TXT.2 (p.19)
    Sambista da Cinelândia: ML.0.DPE.TXT.2 (p.23)
    O sábio: ML.0.APR.FOT.3.1
    O neto de Deus: ML.0.APR.FOT.4
    Pertinho do céu: ML.0.COR.TXT.10.7 (p.3)
    Larga meu homem: ML.0.APR.FOT.15
    O beijo no asfalto: ML.0.APR.FOT.18
    Laudo da censura: TN.CPR.PTE.1963.fs136 e 138
    Com a pulga atrás da orelha: PH.FOT.15179.8
    Castelo na Suécia: PH.FOT.15179.9
    Fuente Ovejuna: ML.PIN.TXT. 28.2 ( p.1)
    Fuente Ovejuna (Laudo da censura federal): TN.CPR.PTE.1973_f138
    Amanhã é dia de pecar: TN.CPR.PTE.100.f.66(1987) e TN.CPR.PTE.99.f.77 (1978)
    Imitando Hamlet: ML.0.DPE.FOT.1.43

     

    Rádio

    Estúdio da Rádio Nacional: PH.FOT.5735.6
    Radionovela: ML.0.APR.FOT.11
    Presídio de mulheres: ML.0.DPE.FOT.2.14
    Mário Lago nas escadas da Rádio Nacional: ML.DPE.FOT.1.81
    Declarações à polícia: ML.APT.TXT.12.1
    Carta aberta aos congressistas: ML.0.APT.TXT.2
    Requerimento de retorno às funções: ML.COR.TXT.9.3


    Teleteatro

    Pierrot Le Fou: ML.0.DPE.FOT.8.71
    Desejo: ML.0.APR.FOT.8
    Mário Lago com atrizes de teleteatro: ML.0.APR.FOT.7
    Teatro Moinho de Ouro: ML.0.APR.FOT.10
    Cena de teleteatro: ML.0.APR.FOT.13
    Mário Lago e Wellington Botelho: ML.0.APR.FOT.14
    Cena de teleteatro: ML.0.DPE.FOT.8.40
    Mário Lago e Daysi Lucidi: PH.FOT.15179.002
    Ensaio para O velho, o rapaz e o mar: PH.FOT.15179.3
    O velho, o rapaz e o mar: ML.0.DPE.FOT.2.1
    Mário Lago como o velho Santiago: ML.0.DPE.FOT.8.55
    Teleteatro: ML.0.DPE.FOT.2.72

     

    Telenovela

    O homem proibido: ML.0.APR.FOT.22
    Assim na terra como no céu: ML.0.DPE.FOT.4.61
    Selva de pedra: ML.0.DPE.FOT.8.49
    Mário Lago como beato Sebastião: ML.0.DPE.FOT.2.8
    Mário Lago na Igreja Santa Margarida Maria: ML.0.APR.FOT.1.35
    Cavalo de aço: ML.0.APR.FOT.28
    Gravação de Cavalo de aço: ML.0.DPE.FOT.8.2
    O espigão: ML.0.DPE.FOT.8.67
    O noviço: ML.0.PIN.TXT.37
    O casarão: ML.0.APR.FOT.33
    Brilhante: ML.0.DPE.FOT.2.68
    Tenda dos milagres: ML.0.APR.FOT.44.2
    Atores da TV Globo: ML.0.APR.FOT.29
    O tempo e o vento: ML.0.DPE.FOT.1.24
    Gravação de O Tempo e o vento: ML.0.DPE.FOT.8.3
    Mário Lago e Tarcísio Meira: ML.0.APR.FOT.43
    Roque Santeiro: ML.0.PIN.TXT.38
    Pecado Capital: ML.0.APR.FOT.78.2
    Barriga de aluguel: ML.0.APR.FOT.51

     

    Tela Grande

    A sombra da outra: ML.0.APR.FOT.6
    Balada dos infiéis: ML.0.COR.CAP.3.1
    O padre e a moça: ML.0.APR.FOT.21.5
    Diploma pelo filme O Golpe: ML.0.APR.TXT.1
    Mensagem para a família: ML.0.APR.FOT.21.2
    Os herdeiros: PH.FOT.15179.10
    Caçador de esmeraldas: PH.FOT.15179.4

     

    Compositor

    Desfile do Cordão da Bola Preta: PH.FOT.4191.26
    Nada além: ML.0.APR.FOT.2
    Aurora: ML.0.DPE.FOT.1.53
    Ai que saudades da Amélia: ML.0.PIN.TXT.43 ( p.10)
    Se a vida fosse sempre assim: ML.PIN.TXT.18.2 (p.1)
    Eu sou feio e moro longe: ML.0.PIN.TXT.1.1 (p.13)
    Canções de Mário Lago: ML.0.PIN.TXT.1.1 (p.22 e 23)
    Mário Lago e Nelson Sargento: ML.0.APR.FOT.56
    Mário Lago, Braguinha e Jamelão: ML.0.APR.FOT.70
    Comemoração dos 85 anos: ML.0.APR.FOT.71
    Cantando: ML.0.APR.FOT.65
    Centenário do Bloco Sôdade do Cordão: ML.0.DPE.FOT.2.30
    Desfile do Sôdade do Cordão: ML.0.DPE.FOT.1.33

     

    Não era a vida o que eu queria

    Formatura na Faculdade Nacional de Direito: ML.0.DPE.FOT.7
    Prontuário policial: ML.0.APT.FOT.1.1
    Declarações à polícia: ML.0.APT.TXT.5.1 (p.1)
    Preso em 1941: ML.0.APT.FOT.1.3
    Preso em 1949: ML.0.APT.FOT.1.4
    Preso em 1964: ML.0.APT.FOT.1.5
    Bilhete escrito na prisão: ML.COR.TXT.1.16
    Henfil do alto da caatinga: ML.0.APT.DES.1
    Chegada de Henrique João Cordeiro: ML.0.FAM.FOT.8
    Redação do jornal Avante: ML.0.APT.FOT.2
    Cartão de Luís Carlos Prestes: ML.0.COR.TXT.10.6 e ML.0.COR.TXT.10.4
    Frase do repentista Chico Nunes: ML.0.DPE.FOT.8.59


    Palavra puxa palavra

    Máquina de escrever: ML.0.DPE.FOT.8.7
    Capa de Chico Nunes das Alagoas: ML.0.PIN.TXT.30.1 (p.1)
    Manuscrito original Chico Nunes das Alagoas: ML.0.PIN.TXT.30.21 (p.1) e ML.0.PIN.TXT.30.16 (p.2)
    Originais de Chico Nunes das Alagoas: ML.0.PIN.TXT.30.5 (p.3 e 22)
    Mário Lago e Dias Gomes: ML.0.APR.FOT.61
    Dedicatória aos netos: ML.0.PIN.TXT.41.1 (p.1 e2) e ML.0.COR.TXT.41.1 (p.30)
    Carta de elogio: ML.0.COR.TXT.18.5 (p.3)
    Mário Lago e João Saldanha: ML.0.DPE.FOT.2.11
    Bilhete de Otto Lara Resende: ML.0.COR.TXT.6.1
    Cartão de Carlos Drummond de Andrade: ML.0.COR.TXT.17.2
    Lançamento de 16 linhas cravadas: ML.0.APR.FOT.76
    Em 16 linhas datilografadas: ML.0.PIN.TXT.44.1

  • Ficha Técnica

    A exposição virtual Mário Lago foi concebida pelo Arquivo Nacional, no segundo semestre de 2011, integrando as comemorações do centenário do artista, em 26 de novembro de 2011.

  • Créditos

    Presidente da República
    Dilma Rousseff

    Ministro de Estado da Justiça
    José Eduardo Cardozo

    Diretor-Geral do Arquivo Nacional
    Jaime Antunes da Silva

    Coordenador-Geral de Acesso e Difusão Documental
    Maria Aparecida Silveira Torres

    Coordenadora de Pesquisa e Difusão do Acervo
    Maria Elizabeth Brêa Monteiro

    EQUIPE TÉCNICA

    Curadoria/ Pesquisa de imagens/ Textos e legendas
    Mariana Lambert Passos Rocha

    Revisão de textos
    José Claudio Mattar e Renata Ferreira

    Programação visual
    Suely Araújo e Marcelo Camargo

    Digitalização de imagens
    Coordenação de Preservação do Acervo / Laboratório de Fotografia 
    Flávio Lopes
    Rodrigo Rangel

    Tratamento de imagens
    AJB - Comunicação Social

    Remasterização de discos
    Marcelo Jorge Cahet - Coordenação de Documentos Audiovisuais e Cartográficos

    Agradecimentos
    Alex Pereira de Holanda - Coordenação de Preservação de Acervo
    Beatriz Moreira Monteiro - Coordenação de Documentos Escritos - Documentos Privados
    Denise de Morais Bastos - Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo - Pesquisa
    Renata Santos do Vale - Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo - Pesquisa
    Roberto Montero - Coordenação de Preservação de Acervo 
    Assessoria de Comunicação Social

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